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Conab aumenta estimativa para a safra de grãos no Amazonas

A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) aumentou suas estimativas para a safra de grãs 2020/2021 do Amazonas. Em sua revisão de março, a estatal corrigiu a sua projeção (43,8 mil toneladas) e cravou que a produção deve chegar a 52,4 mil toneladas, 25,7% a mais do que o colhido na safra 2019/2020 (41,7 mil toneladas). Os dados também incluem uma nova correção para cima na área de plantio total (20,9 mil hectares) – com alta de 11,9% sobre o dado anterior (18,7 mil hecatares) – e na produtividade (2.507 kg/há) – que é 12,4% maior do que a do ano passado (2.230 kg/há).

Em linhas gerais, a correção se deve à permanência de apostas redobradas dos produtores rurais do Sul do Amazonas no arroz e na soja. Mas, duas das quatro culturas da cesta amazonense de grãos ainda aparecem com projeções no vermelho. Com estimativa de 16.200 toneladas, o arroz passou a liderar a lista, com incremento de 200% sobre 2019/2020 (5.400 toneladas), sendo seguido pela soja (+98,1% e 10,5 mil toneladas).

Em contraste, o milho (23,2 mil toneladas) foi confirmado novamente com o pior índice da lista, ao recapitular a retração de 18,3% já esperada nos levantamentos anteriores, ante a produção do ano passado (28,4 mil toneladas). O feijão também segue com os mesmos números (-3,8% e 2.500 toneladas) e, mantidas as atuais condições, deve emendar o segundo ano negativo de produção. 

A maior estimativa de aumento na área de plantio também passou a ser a do arroz (5.800 hectares), com expansão de 141,6% sobre a safra anterior (2.400). A soja (3.500 e +52%) vem em segundo lugar. Em contrapartida, o milho ainda é o produto que sofreu o maior tombo entre uma safra e outra (-20,5%), embora seja o que ainda conta com maior área na mesma comparação (8.900). A projeção do feijão (2.700) segue 3,6% abaixo de 2019/2020 (2.800). 

Em relação à produtividade, nenhuma das quatro culturas listadas pela Conab no Amazonas aparece com desempenho abaixo da registrada no ano passado. Os melhores índices vêm da soja (+30,4% e 3.000 kg/ha) e do arroz (+25,1% e 2.800 kg/ha). Na sequência, estão o milho (+2,8% e 2.607 kg/ha) e o feijão (923 kg/há e +0,2%), com as mesmas estimativas da revisão anterior.

De acordo com a Conab, a produção de milho do Amazonas se concentra principalmente em Manacapuru e Boca do Acre, onde está o maior plantel animal, já que entre 60% e 70% da produção é destinada à ração. A soja vem de Humaitá (a 591 quilômetros de Manaus), na Fazenda Santa Rita. O arroz tem destaque nos municípios do rio Juruá, principalmente Eirunepé e Envira. O feijão, por outro lado, é cultivado na calha do rio Purus – em especial, Lábrea e Boca do Acre.

Valorização e fomento

O presidente da Faea (Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas), Muni Lourenço, comemorou os números da Conab para arroz e soja e salientou que os dados da estatal apontam para uma tendência de aumento na área plantada, na safra e na produtividade, demonstrando que o Estado tem potencial para a produção de culturas agrícolas “tão essenciais”, principalmente no Sul do Estado.

No caso do feijão, Lourenço salienta que a redução deve decorrer do impacto da pandemia na produção de áreas de várzea, que dificultam o plantio e escoamento da produção em agricultura familiar. Arroz e soja, por outro lado, tiveram sua produção fomentada pelo aumento exponencial do valor de mercado dos produtos e pelo impacto do valor do dólar, com efeitos secundários na atratividade de outras culturas.  

“A redução na estimativa para a produção de milho muito provavelmente decorre da opção do produtor pelas culturas de soja e arroz, que vem tendo valorização no mercado. Lembrando que o Amazonas precisa muito ampliar sua produção de milho, que é muito pequena. Isso encarece o custo de rações animais, impactando na competitividade de cadeias produtivas, como avicultura, aquicultura, bovinocultura, etc. E o aumento da oferta passa principalmente por políticas públicas de fomento à cultura”, frisou.

“Crescimento em pandemia”

No entendimento do titular da Sepror (Secretaria de Produção Rural do Amazonas), Petrúcio Magalhães Júnior, os aumentos geométricos aguardados pela Conab para a produção amazonense de arroz e de soja são “uma ótima notícia” e a comprovação de que o setor rural do Amazonas, assim como a política estabelecida pelo governo estadual para o Plano Safra estão no caminho certo e já colhem bons frutos. 

“Apesar da queda na produção de milho, que certamente reverteremos na próxima safra, o balanço geral na produção de grãos no Amazonas é de crescimento, entre 2019/2020 e 2020/2021, na ordem de 25,7%/ Ou seja, estamos passando de 41,7 mil toneladas pra 52,4 mil toneladas, mesmo em tempos de pandemia. Essa é a rota para gerar emprego, melhorar a renda, com a redução da desigualdade social no interior”, comemorou.

“Crédito e assistência”

Na mesma linha, o ex-superintendente da Conab, administrador com especialização no agronegócio e colaborador do Jornal do Commercio, Thomaz Meirelles, assinala que o “ótimo crescimento” identificado pela Conab em ambos os produtos vem acontecendo no Sul do Amazonas, em uma tendência “irreversível”, mas que precisaria ser ampliada na própria região e em outros municípios, com apoio do crédito e da assistência técnica. Segundo o especialista, isso é possível e necessário para o Estado, “sem qualquer agressão ao meio ambiente”. 

“Quanto ao milho, insumo de grande importância aos criadores rurais de aves, peixe, bovino e suínos, é preciso criar uma estratégia de ampliar o plantio no Amazonas. Apesar do preço bom de mercado, o produtor do Sul optou pelo arroz e pela soja, que também estão com boa remuneração. Temos de continuar ampliando a produção, para reduzir a dependência externa, principalmente agora que sabemos que o estoque público de milho da Conab deve acabar até o final do ano. Aí pergunto: como vai ficar o cliente do Programa de Vendas em Balcão, que vende milho para pequenos criadores rurais?”, encerrou.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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