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Comida latina, para um espaço global

Um dos pratos mais solicitados no JN Espaços é a arepa, feita com farinha de milho com água e sal e recheio a gosto

Enquanto a ditadura existente na Venezuela expulsa seus melhores profissionais, eles fogem para o Brasil, muitos para Manaus, e aqui conseguem exercer suas profissões e, em alguns casos, mostrar o que o país vizinho tem de melhor, como por exemplo, a gastronomia.

Nohemi Morillo se formou em coquetelaria há oito anos, na Academia Cocktail, a mais conceituada escola de bartenders do país. Depois de exercer a profissão na Itália e Holanda, há três anos ela veio para Manaus onde, além de promover cursos onde ensina a preparar coquetéis, em novembro, abriu o restaurante JN Espaços, de comidas venezuelanas mas, de olho em clientes latinos, Nohemi e seu sócio, também venezuelano, o garçom e empreendedor Juan Rincones, preparam pratos peruanos, colombianos, mexicanos, brasileiros e até italianos.

“A gastronomia venezuelana é muito rica. Lá se usa muito o feijão preto, o arroz, e as bananas cozidas quase sempre acompanhados de carne bovina e suína, de frango e frutos do mar. Preparamos, aqui no JN Espaços, uns doze pratos, um dos mais solicitados é a arepa, feita com farinha de milho com água e sal, e recheio de frango, carne desfiada, feijão preto, ovo, salsicha, queijo coalho Llanero (da região de Llanos), molho especial, alho, cheiro verde e o que mais a imaginação permitir”, informou.

Na Venezuela diz-se que a arepa aguenta de tudo (como recheio). Quando os invasores espanhóis chegaram à América, os indígenas já comiam arepa, milho branco moído, com formato redondo, assado em pratos de barro.

Um prato inusitado que tem agradado aos manauaras é a sopa venezuelana, servida aos domingos, com carne ou frango, legumes, queijo de milho e nata.

Pratos latinos

Outro prato sul-americano que faz sucesso no JN Espaços é o patacon. Não se sabe a origem do patacon pois, além da Venezuela, é bastante consumido na Colômbia, Equador, e vários países da América Central, onde também é conhecido como tostones.

O patacon é feito com banana pacovã verde amassada, e Nohemi o enriquece com recheio de carne desfiada, frango, alface, tomate, molho especial e salada típica com cenoura e repolho, decorando tudo com queijo coalho Llanero.

O nome patacon deriva das primeiras moedas cunhadas na América Latina, já que a iguaria é redonda e amarela, parecida a uma grande moeda.

“À medida que fomos recebendo clientes de outros países latinos, desenvolvemos seus pratos típicos, para poder fidelizá-los, então do Peru fazemos o ceviche, da Colômbia a arepa, do México os tacos e as tortilhas, da Itália a macarronada com quatro queijos, e do Brasil temos carne de sol, vatapá e feijoada”, listou.

O ceviche é o prato mais famoso do Peru, consumido inicialmente pelo povo Mochica, há cerca de 2.000 anos a.C. Na época, o peixe hoje marinado no limão, era na cocoba, o nosso conhecido cubiu. Os tacos mexicanos têm sua origem com os astecas, uma espécie de cascalho feito com farinha de milho, e que recebe recheio a gosto. Já as tortilhas são uma variação dos tacos e sua criação é recente, da década de 1940, em Los Angeles, mas estão relacionadas à culinária mexicana. Apesar de ter sido criada, como conhecemos hoje, em Jerusalém, há alguns séculos, foi na Itália que a macarronada ganhou fama. Além do característico molho de tomate, Nohemi ainda acrescenta queijos na sua macarronada italiana.

Variadas bebidas

No Brasil servimos peru, no Natal. Na Venezuela é a hallaca, um prato típico da ceia natalina venezuelana, encontrado dos lares mais humildes aos mais ricos, mas que Nohemi mantém permanentemente no cardápio do seu restaurante, pois caiu no gosto dos manauaras. Trata-se de um guisado de carne suína, ou de frango, mais verduras, passas, alcaparras, rapadura, cheiro verde, cebola, pimenta, cominho, entre outros, envoltos em uma massa de milho empacotada em folhas de bananeira, parecida à nossa pamonha. Os recheios são livres, de acordo com o gosto de quem os consome. Conta a história que os indígenas escravizados pelos espanhóis pegavam as sobras das comidas de seus algozes e as envolviam na massa de milho, naquela época, de trigo. Não se sabe como o prato se tornou típico do Natal.

Além das comidas, não podem faltar as bebidas típicas, como o papelón com limão que, apesar de muito consumida na Venezuela, tem origem na Colômbia.

“É água gelada, rapadura e limão, ideal para um dia de calor. Também servimos o pisco peruano, uma espécie de aguardente; a pina colada, o coquetel mais famoso de Porto Rico; o ponche crema, licor venezuelano; o mojito, drink cubano, a caipirinha deles; também cubano temos o daiquiri e a Cuba Libre, esta, acredita-se, tenha sido criada pelos americanos que ajudaram Cuba em sua independência, em 1898”, informou.

Além de chef e bartender, em Manaus Nohemi se tornou professora de gastronomia. Todos os sábados ela dá cursos de coquetelaria e aulas personalizadas de culinária.

O JN Espaços está localizado na av. Constantino Nery, 568, Centro, próximo ao Terminal 1. Funciona de terça-feira a domingo, das 10h à meia-noite. Informações: 9 8491-2563.

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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