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Comércio vê novo fantasma com ‘anúncio’ de terceira onda da Covid-19

O comércio do Amazonas já convive com o fantasma de um maior aperto nas restrições das atividades econômicas com a possibilidade de uma terceira onda de Covid-19 que deverá acontecer a partir de março, segundo estimativas do professor Lucas Ferrante, doutorando do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia).

O pesquisador defende a adoção de um lockdown em Manaus nos próximos dias para frear o avanço do novo coronavírus que virá ainda mais agressivo, cujo poder de  letalidade e transmissibilidade supera as duas variantes detectadas no ano passado e em janeiro deste ano, alertou o pesquisador, que é biólogo.

Na terça-feira (09), Lucas Ferrante participou de uma sessão na Aleam (Assembleia Legislativa do Amazonas), onde declarou que o risco de um novo ciclo de contágio é real. O especialista alertou que as autoridades sanitárias das duas esferas de governo devem tomar medidas mais severas para impedir a disseminação de um novo vírus mutante e evitar mais mortes.

Até quinta-feira, a FVS-AM (Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas) apontava que mais de 9 mil pessoas já morreram vítimas da Covid-19 no Estado, com o número de casos da doença chegando à casa dos 270 mil, isso sem incluir as novas ocorrências notificadas e que ainda estão sob investigação para diagnósticos definitivos.

Lucas Ferrante disse que suas previsões têm como base um estudo científico elaborado por um grupo multidisciplinar, formado por pesquisadores de várias áreas da ciência e instituições de pesquisa.

“Sabemos que quem teve contato com a primeira linhagem do novo coronavírus não tem resistência à P1 (nova variante) e os casos de reinfecção serão extremamente grandes”, disse o pesquisador.

Ele foi taxativo sobre a necessidade imediata de se aumentar a cobertura vacinal e também tornar ainda mais rigorosas as medidas restritivas. “Prevemos que deve ocorrer uma terceira onda da pandemia a partir de março e tudo vai depender do isolamento social no Amazonas. Recomendamos um lockdown extensivo de 20 dias a um mês, com a restrição de circulação de 90% da população, concomitante com a vacinação massiva de 70% da população de Manaus”, acrescentou o cientista.

Segundo Ferrante, os avisos de seus grupos de estudo têm sido ignorados pelas autoridades de saúde, numa referência direta ao prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), e ao governador do Amazonas, Wilson Lima (PSL), tal qual como ocorreu no ano passado por ocasião da primeira onda de Covid-19, que deveria vir mais severa em um novo ciclo com o relaxamento das restrições durante as festas de Natal e Ano Novo na região.

“Nossos alertas têm sido negligenciados. Avisamos que essa segunda onda surgiria por uma negligência e negacionismo dos tomadores de decisão do Amazonas”, acusou.

O prefeito David Almeida, descartou, porém, um lockdown como prevenção a uma terceira onda na pandemia de Covid-19, como alerta Lucas Ferrante. Segundo ele, a população manauara não aguenta mais o isolamento social.

Almeida argumenta que os estudos apresentados pelo biólogo ainda não têm muita credibilidade nos meios científicos. “As pesquisas foram realizadas só com cinco pessoas e ainda não chegaram a ser publicadas em lugar algum”, contestou o prefeito.

Desespero

Na realidade, a classe empresarial do Amazonas, tanto da indústria como o comércio, está muito preocupada com um possível arrocho das medidas. A paralisação dos segmentos não essenciais tem causado muito desemprego, levando a situações de desespero, principalmente nas famílias de baixa renda, impedidas de trabalhar, sem poder buscar o seu sustento diário.

Na segunda-feira (08), um grupo de empresários fez uma manifestação em frente à sede da Abravel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) no Amazonas para homologar demissões em massa de seus estabelecimentos. Uma tentativa de cobrar um posicionamento mais imediato do governador Wilson Lima  sobre a situação em que vive a categoria.

Segundo a entidade, o segmento comercial foi o mais penalizado com as ações para frear a Covid-19. Em seis meses, pelo menos 30 mil trabalhadores perderam o emprego. Só em janeiro deste ano, foram demitidas 10 mil pessoas.

A situação de extrema penúria do comércio em geral do Amazonas encontrou eco na CMM (Câmara Municipal de Manaus), que deu início ao ano legislativo nesta semana. Vários vereadores se manifestaram a favor dos trabalhadores e das empresas.

Ao ocupar pela primeira vez a tribuna da Câmara Municipal, o vereador William Alemão (Cidadania) diz que o trabalhador precisa recuperar sua dignidade. “Os auxílios emergenciais não vão tirar a população que enfrenta uma das maiores crises econômicas. Precisamos gerar empregos e renda. Concomitante à Covid-19, ocorre uma pandemia financeira”, criticou ele.

O vereador Rodrigo Guedes (PSC) disse que o poder público não oferece a contrapartida necessária para a sobrevivência da população nesses dias difíceis. E que nem todas as pessoas podem ficar em casa sem trabalhar.

Guedes sugeriu uma audiência pública na Câmara com representantes do setor comercial para avaliar a crise. “É no comércio que a maioria das pessoas encontra a sua sobrevivência no dia a dia. Ficando em casa, elas podem não morrer de coronavírus, mas com certeza morrerão de fome se continuarem ficando sem trabalhar”, argumentou o parlamentar.

Tanto o prefeito David Almeida e o governador Wilson Lima baixaram decretos para conceder auxílios financeiros às pessoas que vivem em extrema pobreza. “Vamos dar suporte para que essa população se mantenha durante a pandemia”, disse o prefeito de Manaus.

Wilson Lima já pôs em prática a ajuda de R$ 600 reais, divididas em três parcelas de R$ 200, que contempla famílias necessitadas em Manaus e nos municípios do interior do Estado. “O governo se faz presente numa época em que todos sofrem os impactos dessa pandemia. Mas a situação vai melhorar a partir do momento que conseguirmos uma maior cobertura vacinal”, disse o governador.

Foto destaque: Fred Novaes

Marcelo Peres

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