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Comércio propõe reajuste abaixo da inflação para os trabalhadores

Os empresários do comércio do Amazonas estão oferecendo aos trabalhadores vinculados ao Sindecvargam (Sindicato dos Empregados no Comércio Varejista, Atacadista e Representantes de Gêneros Alimentícios de Manaus) e ao Sindicargas-AM (Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes de Cargas do Estado do Amazonas) os mesmos termos do acordo fechado recentemente com o Sindicato dos Empregados no Comércio de Manaus – e também oferecido ao Sindcomam (Sindicato dos Empregados no Comércio de Manacapuru e Região).

Assembleia realizada entre os representantes dos sindicatos patronais aprovou, nesta quarta (18), uma contraproposta para manter o mesmo teor da convenção atual vigente até o fim deste mês, ajustando apenas as “cláusulas econômicas” – que incluem o piso salarial e os salários dos trabalhadores que já ganham acima disso – em 4,76%. A data base das categorias é em 1º de setembro, mas a inflação do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), do IBGE, já contabilizou uma inflação anualizada de 9,85%, em julho.

Assim como ocorrido nas negociações com os comerciários da capital e do interior, as entidades patronais reiteraram aos trabalhadores do atacado e do transporte de cargas que as fragilidades financeiras das empresas, decorrentes de seis meses de fechamento impostos por duas ondas intercaladas da pandemia suas consequentes medidas de isolamento social, não permitem correção salarial pela inflação ou negociações que vão além das chamadas cláusulas econômicas. 

“A assembleia aprovou contraproposta para manter o mesmo teor da convenção vigente, ajustando apenas as cláusulas econômicas, tanto para os laborais de gêneros alimentícios, quanto para os motoristas. Agora, os sindicatos patronais vão se reunir brevemente com os laborais para tentar chegar a um acordo final que resulte na nova convenção a vigir a partir de 1º de setembro. Acredito que até sábado fiquem prontas as duas atas da assembleia”, reforçou o presidente do Sindivarejista (Sindicato do Comércio Varejista no Estado do Amazonas), Teófilo Gomes da Silva Neto.

Cláusulas sociais

Os obstáculos para o entendimento nas duas negociações são os mesmos da percebidos na convenção coletiva dos comerciários alocados nos municípios do interior do Amazonas. Os trabalhadores que atuam no transporte de cargas e nos segmentos de atacado, supermercado e hipermercado também usam a pandemia como argumento para rejeitar reajustes abaixo do INPC, além de reivindicar cláusulas sociais que as empresas não querem discutir, como planos de saúde cestas básicas e outras cláusulas sociais.

Já prevendo um INPC maior, e também já escaldado por uma negociação frustrada no ano anterior, o Sindecvargam está pedindo uma correção salarial geral de 11,06%, mais 5% de ganho real. O sindicato laboral também apresentou outras propostas consideradas “controversas” pelos representantes das empresas do varejo e do atacada do Amazonas, a exemplo de plano de saúde e odontológico, empréstimo consignado, acordo coletivo de compensações e três pisos para a categoria, conforme porte da empresa (R$ 1.296, R$ 1.307 e R$ 1.319). 

Em sua proposta inicial, o Sindicargas-AM pediu um reajuste geral de 12% para todas as categorias amparadas pelo sindicato, que vão de ajudantes de entregas, de motorista e de cargas/descargas – que teriam seus vencimentos corrigidos de R$ 1.157 para R$ 1.296,62 – a motoristas carreteiros – que veriam seus vencimentos aumentarem dos atuais R$ 2.281,42 para R$ 2.555,19. Além do índice de reajuste, os pontos que foram considerados “sensíveis” pelo patronato – e que também foram rejeitados na assembleia desta quarta (18) – são a previsão de concessão de cesta básicas e assistência médica/odontológica, entre outros quesitos. 

“Primeira sentada”

O presidente do Sindivarejista informa que as contrapropostas serão enviadas tão logo as atas da assembleia patronal sejam concluídas. Ato contínuo, será sugerida uma data para a “primeira sentada” entre patrões e empregados de ambas as categorias, possivelmente entre as próximas terça (24) e quinta (26), com um dia sendo dedicado ao Sindecvargam e o outro ao Sindicargas-AM. A ideia é tentar promover ambas as reuniões na sede da Fecomercio-AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas), no período vespertino, a partir das 15h.

Teófilo Gomes da Silva Neto reitera que as empresas estão “descapitalizadas” por terem passado os meses da primeira e da segunda onda com os custos fixos praticamente inalterados, ao mesmo tempo em que se viam sem o contraponto do faturamento, em razão do fechamento imposto aos segmentos do comércio e serviços do Amazonas considerados não essenciais. Indagado sobre seu prognostico de como se darão, nos próximos dias, dado o quadro atual, o dirigente assinalou que é “difícil prever, no momento”. 

“As negociações são sempre delicadas, e raramente são conclusivas no primeiro encontro. Possivelmente, os laborais terão de realizar uma nova assembleia com seus associados, para analisar a contraproposta do patronal. Sinceramente não posso fazer um prognóstico neste momento. Espero, contudo, chegar a uma conclusão até meados de setembro, para que o RH possa incluir, na folha de pagamento, o novo piso e o novo reajuste salarial dos respectivos empregados”, encerrou. 

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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