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Comércio na espera de novo decreto de toque de recolher

Os comerciantes do Amazonas torcem pelo melhor, mas não deixam de cogitar o pior, diante do anúncio de que o governador Wilson Lima vai se reunir com o comitê de crise nesta sexta (5) para definir o status do atual toque de recolher. A mais recente atualização no Decreto nº 43.340 ampliou a restrição de circulação de pessoas para 24 horas diárias e prorrogou o prazo das medidas – que incluiu ainda alterações para os setores econômicos – até 7 de fevereiro.

Atual decreto restringe circulação de pessoas para 24 horas diárias
Foto: Divulgação

Uma indicação positiva pode vir da redução na taxa de transmissão da covid-19 apresentada em balanço epidemiológico da FVS-AM (Fundação de Vigilância em Saúde) desta quinta (4). Divulgado em live do governo estadual, o levantamento aponta tendência de estabilidade a partir da intensificação das medidas de prevenção e controle da pandemia, por meio dos decretos deste ano. A média móvel de casos também caiu – 19% em Manaus e 8% no interior –, assim como as mortes pela doença, mas o Estado ainda perde uma média de 80 para a pandemia, a cada dia.

Uma sinalização negativa, contudo, pode vir do fato de que, até o fechamento desta edição, nenhuma entidade empresarial havia recebido convite para participar da reunião do comitê de crise marcada para hoje, ainda que de forma remota. O tema levou a uma reunião de emergência entre as lideranças classistas do comércio e da indústria, nesta quinta (4). Procuradas pela reportagem do Jornal do Commercio, a maior parte dos dirigentes preferiu não se pronunciar a respeito da questão alegando que era melhor aguardar a decisão de hoje. 

Responsabilidade e realidade

De acordo com o presidente em exercício da Fecomercio-AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas), Aderson Frota, os empresários não sabem se serão convocados para serem ouvidos ou, se terão de se informar apenas no ato da publicação do novo decreto, aguardado para até o próximo domingo (7). O dirigente acrescenta que todas as entidades presentes no encontro virtual de ontem se posicionaram que o governo não está conseguindo medir o real impacto econômico das medidas de restrição, especialmente no que se refere ao desemprego e à capacidade de as empresas honrarem compromissos pela falta de capital de giro.

“Hoje, chegamos a uma situação inédita em que muitas empresas não conseguirão pagar os salários de seus trabalhadores por falta de caixa. Nas últimas semanas, recebi telefonemas de pelo menos 18 empresários me relatando que não têm dinheiro para a folha salarial. Ao mesmo tempo, o MPT [Ministério Público do Trabalho] aponta que as empresas são obrigadas pela lei a pagar seus funcionários, mesmo sem poderem abrir. Mas há uma diferença muito grande entre responsabilidade legal e realidade factual”, desabafou.

O presidente da Fecomercio-AM reforça que o comércio não é o causador da segunda onda e conta que, durante a reunião empresarial de ontem, pediu que as entidades deem algum encaminhamento de solicitação aos órgãos de saúde e demais autoridades judiciais de um estudo do real impacto do setor. “A situação é facilmente controlável nos shoppings e o Centro da cidade é praticamente uma gaiola. Pelo menos 95% dos estabelecimentos não gera aglomerações”, argumentou. 

Aderson Frota reforça que a atividade está praticamente parada há duas semanas e com as portas fechadas ao atendimento presencial há um mês, mas as estatísticas de contaminações, internações e mortes por covid-19 no Estado não declinam da forma esperada. Mesmo assim, o dirigente ressalta que o setor não deve pressionar o Executivo estadual e se diz até otimista em relação à reunião do comitê de crise e às decisões que o governador tomará a partir dela.

“Tenho recebido sugestões de que façamos algum tipo de protesto, como carreatas. Mas, argumento que fazer pressão não será a solução. Temos que entender que o governador já está pressionado pela Justiça. Se o comitê tiver a sensibilidade de olhar não apenas para os números de leitos, mas prestar atenção também para os efeitos sociais do fechamento do comércio, podemos esperar alguma flexibilização”, asseverou.  

Atendimento clandestino

O presidente da ACA (Associação Comercial do Estado do Amazonas), Jorge de Souza Lima, também se diz um otimista cauteloso. “Estava torcendo para que deem uma flexibilizada, mas os índices de contaminação permanecem altos. Já estou achando que essa situação pode prosseguir até o dia 15, ou talvez até o fim do mês. Quem sabe as coisas mudam, se os dados derem uma baixada”, ponderou. 

O dirigente também concorda que, embora sejam justamente as áreas com os estabelecimentos mais visados e vigiados pelas autoridades, Centro e shopping são locais que possibilitam um controle maior dos comerciantes para garantia da implementação dos protocolos anti-covid. O mesmo não se dá, conforme o presidente da ACA, em locais mais remotos da capital amazonense.

“Sempre que passo pelas ruas da zona Leste, vejo muito congestionamento por lá. Acredito que algumas lojas devem continuar atendendo, mesmo de portas fechadas, de forma clandestina. Pela minha experiência, sei que quando há muito trânsito, também tem muito movimento comercial”, afiançou, acrescentando que a entidade não recebeu nenhuma informação oficial do gênero.

Fake news

Em live transmitida no início da tarde desta quinta (4), o governador Wilson Lima enfatizou que é fundamental a população continuar obedecendo ao decreto com as restrições para fazer os números de contaminações e óbitos baixarem no Estado. “Nós esperávamos que os números caíssem mais rápido, mas a tendência que possa melhorar aos poucos. Vai depender do esforço de cada um de nós. Quanto mais pudermos respeitar as orientações da área de saúde, mais rápido sair dessa situação”, frisou.

Na mesma oportunidade, o chefe do Executivo amazonense acrescentou anda que são fake news as postagens nas redes sociais indicando que o governo estadual já decidiu pela prorrogação das restrições. “Amanhã, no final da tarde, vou anunciar as medidas a seguir”, encerrou o governador.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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