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Comércio exterior do Amazonas volta a crescer em outubro

A corrente de comércio exterior do Amazonas voltou a crescer, entre setembro e outubro, após a desaceleração anterior. Em sintonia com a aproximação do Natal e o período do boom sazonal da indústria, o incremento acabou sendo carreado apenas pelas importações, que são majoritárias na balança comercial amazonense. As exportações, entretanto, sofreram tombos mensal e anual, em que pese a liderança de concentrados para refrigerantes e motocicletas na pauta. É o que mostram os dados do governo federal, disponibilizados pelo portal Comex Stat, nesta sexta (5).

As vendas externas do Estado totalizaram US$ 79.61 milhões e foram 0,81% mais fracas do que as de setembro de 2021 (US$ 80.26 milhões), além de ficarem 9,02% abaixo do registro de 12 meses atrás (US$ 87.50 milhões). As importações, contudo, totalizaram US$ 1.18 bilhão, correspondendo a um acréscimo de 1,72% ante o mês anterior (US$ 1.16 bilhão) e a uma expansão de 39,67% no confronto com outubro de 2020 (US$ 844.87 milhões). Vale notar que na análise anual, o peso total foi 48,11% menor, no primeiro caso (37,73 mil toneladas), e 27,29% maior, no segundo (204,26 mil toneladas).

Os números do comércio exterior amazonense, por outro lado, seguem positivos no acumulado do ano, tanto nas exportações, quanto nas importações. As vendas externas somaram US$ 788.48 milhões, correspondendo a um aumento de 27,44% sobre o dado do mesmo período do ano passado (US$ 618.70 milhões). Em paralelo, as aquisições do Amazonas no mercado estrangeiro avançaram 37,22%, ao passar de US$ 7.98 bilhões (2020) para US$ 10.95 bilhões (2021), entre janeiro e outubro de 2021. Em termos de volume, as exportações (356,39 mil toneladas) foram 10,17% menores e as importações (2 milhões de toneladas), 6,78% maiores.

As importações do Amazonas foram encabeçadas, como de costume, por insumos para o PIM. Os itens mais adquiridos foram circuitos integrados e microconjuntos eletrônicos (US$ 220.23 milhões), partes e peças para televisores, celulares e decodificadores (US$ 172.60 milhões), celulares (US$ 71.34 milhões), platina (US$ 62.68 milhões) e polímeros de etileno (US$ 55.29 milhões), óleos de petróleo (US$ 51.45 milhões) e partes e acessórios para veículos de duas rodas (US$ 46.79 milhões). Apenas o terceiro e o quarto itens da lista tiveram números piores do que os de outubro de 2020. 

A China (US$ 524.26 milhões) voltou a liderar o ranking de países fornecedores para o Amazonas, no mês passado, com alta de 36,56% ante o nono mês de 2020 (US$ 383.90 milhões). Os Estados Unidos (US$ 108.16 milhões) vieram novamente em uma distante segunda posição, sendo seguidos por Vietnã (US$ 94.49 milhões), Coreia do Sul (US$ 64.09 milhões), Taiwan (US$ 62.47 milhões) e Japão (US$ 46.87 milhões) entre outros. Todos os países citados avançaram na variação anual.

Concentrados e motocicletas

As preparações para elaboração de bebidas/concentados (US$ 17.34 milhões) se mantiveram na liderança do ranking das exportações do Estado, graças a uma alta de 57,06% sobre o mesmo mês de 2020 (US$ 11.04 milhões). Na sequência vieram motocicletas (US$ 13.29 milhões), óleo de soja (US$ 10.01 milhões), extratos de malte (US$ 6.05 milhões), ferro-ligas (US$ 5.73 milhões) e açúcares de cana ou de beterraba e sacarose (US$ 5.15 milhões). Apenas o quarto item da lista experimentou retração anual.

Apesar da liderança de concentrados e motocicletas, os próximos manufaturados do PIM presentes na pauta de vendas externas de setembro só aparecem na sétima, 14ª, 16ª, 18ª e 24ª posições, respecticamente: aparelhos de barbear (US$ 2.75 milhões), máquinas e aparelhos de escritório”, como distribuidores automáticos de papel moeda (US$ 633.719), isqueiros (US$ 466.895), celulares (US$ 441.695) e aparelhos de TV (US$ 339.77).

A Venezuela (US$ 26.57 milhões) renovou a liderança entre os destinos das vendas externas amazonenses, e subiu 1,80% sobre o dado de outubro de 2020 (US$ 26.10 milhões). Colômbia (US$ 8.03 milhões), Bolívia (R$ 7.32 milhões), Argentina (US$ 6.16 milhões), China (US$ 4.84 milhões) e Estados Unidos (US$ 4.67 milhões) e ocuparam as colocações seguintes. Com exceção da Argentina e dos EUA, todos expandiram o volume de compras na comparação com o décimo mês do ano passado. 

Atacadistas e pandemia

Em entrevistas anteriores à reportagem do Jornal do Commercio, o gerente executivo do CIN (Centro Internacional de Negócios) da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Marcelo Lima, lembrou que o destaque da Venezuela nas exportações amazonenses se deve a um acordo com atacadistas locais, que prevê o fornecimento de itens de primeira necessidade escassos no país vizinho, a exemplo de gêneros alimentícios e produtos de higiene e limpeza – nenhum deles produzido em Manaus. É o que explica participação robusta de óleo de soja, extratos de malte e açucares na pauta de vendas externas do Estado.

A despeito do recuo nas exportações, o gerente executivo do CIN/Fieam destaca que os resultados do acumulado apontam para “uma análise mais precisa”. Por isso, ele calcula que as importações devem chegar a dezembro no azul, em função do aquecimento do PIM para o fim de ano. O cenário para as exportações também seria positivo, levando o Estado a encerrar 2021 com US$ 1 bilhão em vendas, em virtude da “desaceleração da pandemia”, da abertura de novos negócios e do próprio “aumento vegetativo” do mercado, mediante a reação da economia mundial e o “avanço das vacinações”. 

“Substituição de importações”

Igualmente em entrevistas anteriormente concedidas à reportagem, o diretor adjunto de Infraestrutura, Transporte e Logística da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas) e professor da Ufam (Universidade Federal do Estado do Amazonas), Augusto Cesar Rocha, observou que variações mensais negativas nas exportações podem ocorrer em função de “algum aspecto sazonal de fechamento de câmbio ou logístico”. O especialista salientou, contudo, que os principais subsetores do PIM seguem aquecidos.

Ao observar que, a despeito da desvalorização do real, a importação “segue forte” no Amazonas, Rocha avaliou que isso pode indicar “alguma substituição de importações” com produção local, o que seria “um bom sinal”. O único “contraponto” apontado pelo diretor adjunto de Infraestrutura, Transporte e Logística da Fieam é que o incremento nas compras do PIM no estrangeiro pode ter se dado também por “um aumento de lotes de importação” para fazer estoque e evitar novas paralisações da produção do Polo, em face dos entraves na logística global trazidos pela pandemia.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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