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Comércio do Amazonas emprega mais e perde ritmo na receita, em dez anos

Em uma década, o comércio do Amazonas conseguiu ampliar a quantidade de empregos e de empresas, mas perdeu ritmo no faturamento, quando comparado às unidades federativas vizinhas. De 2010 a 2019, a quantidade de trabalhadores subiu 12,1% – de 77,4 mil para 88,1 mil – e o de empresas cresceu 3,5% – de 8.100 para 8.422. A participação do Amazonas nas receitas geradas pela atividade em toda a Região Norte, por outro lado, caiu de 31,7% para 24,8%, na mesma comparação. É o que revelam os dados da PAC (Pesquisa Anual do Comércio) 2019, divulgada pelo IBGE, nesta quinta (29).

A região Norte ganhou participação na distribuição regional da receita bruta de revenda do comércio, com 4% (2019) contra 3,7% (2010). O rendimento médio mensal dos trabalhadores do comércio do Norte do Brasil (1,8 salário mínimo), contudo, ficou aquém da média nacional (1,9 salário mínimo) e superou apenas o do Nordeste (1,4 salário mínimo). O Sudeste deteve os maiores números do levantamento, em todos os quesitos, sendo seguido por Sul, Nordeste, Centro-Oeste e Norte – o mesmo ranking desde 2010.

O comércio do Amazonas obteve, há dois anos, R$ 42,8 bilhões em receita bruta de revenda e de comissões sobre vendas, com margem de comercialização de R$ 9,1 bilhões. No mesmo ano, o setor ocupou 88,1 mil pessoas, pagando R$ 2,1 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações. Esses valores foram gerados por 8.422 unidades locais de empresas comerciais.

O varejo possuía a maior participação, tanto em unidades locais (78,4%), quanto em pessoas empregadas (68,8%), salários (61,5%) e também em margem de comercialização (55,6%). No entanto, na receita bruta de revenda e de comissões sobre vendas, o atacado (45,8%) teve melhor número do que o varejo (45,4%). O atacado era responsável por 22,7% dos empregos, 15% das empresas e 28,2% dos salários. O subsetor de veículos, peças e motocicletas, por sua vez, empregava 8,6% dos trabalhadores do comércio amazonense, tendo 6,6% das unidades locais, e pagando 10,3% das remunerações.

Empregos e salários

Na comparação com o ano anterior, o varejo do Amazonas empregou 1.571 pessoas a mais (+1,8%), com 88.151 (2019) contra 86.580 (2018). O IBGE-AM ressalta, no texto de divulgação da pesquisa, que os números de empregos no comércio amazonense vinham caindo desde 2015 (92.466), até esboçar repique. O número de unidades locais, por outro lado, encolheu 7,4% em apenas um ano – de 9.092 (2018) para 8.422 (2019).  

A região Norte aumentou em 14,4% seu contingente de pessoal ocupado no comércio, ao partir de 272.307, para chegar a 318.079. O Estado com maior número de trabalhadores é o Pará (117.069), mas o maior crescimento proporcional ficou em Roraima (+33%). Os Estados nortistas elevaram em 10% sua quantidade de unidades locais (32.401). A maior alta veio do Tocantins (+33,9%) e apenas o Acre (-1%) amargou decréscimo, no período.

Em 2019, em média, cada empresa comercial do Brasil pagou 1,9 salário mínimo por mês, o que corresponde a uma elevação de 5,55% ante 2010 (1,8 mínimo). No Amazonas, o setor pagou R$ 2,1 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações, 55,1% a mais do que em 2010. Perdeu apenas para o Pará (R$ 2,7 bilhões e +57,5%), dentro da região Norte – que avançou 43,1%, na mesma comparação.

Margens e receitas

A margem de comercialização é o resultado da diferença entre receita líquida de revenda de mercadorias e o custo das mercadorias. Ela representa o esforço de vendas de mercadorias, depois de descontado o custo com a venda dos produtos. Na região Norte, ela passou de R$ 14,1 bilhão (2010) para R$ 33,2 bilhões (2019), uma diferença de 134%, descontada a inflação. No Amazonas, subiu 96% e chegou aos R$ 9,1 bilhões, mas a maior evolução veio do Tocantins (274%) e o maior valor ficou no Pará (R$ 12 bilhões). No Amazonas, o varejo seguiu na frente, ao alcançar R$ 5,1 bilhões e avançar 122% em relação a 2010. O atacado (R$ 3,3 bilhões) ficou em segundo lugar e cresceu 79%. Foi seguido pela atividade de comércio de veículos, peças e motocicletas, que apresentou incremento de 40%.

Em dez anos, a receita bruta da região Norte (R$ 172 bilhões) expandiu 136%, além de aumentar sua participação no país, de 3,7% para 4%. Mas, ainda é a menor do país, ficando bem aquém da do Sudeste (50%) – sendo que São Paulo deteve 61,1% desse subtotal. No Norte, as fatias do Pará (36,9%) e do Amazonas (24,8%) somam 61,7% do bolo. Roraima, Pará e Tocantins aumentaram sua participação, enquanto Amapá, Amazonas e Acre foram na direção contrária.

O Amazonas (+85%) ficou na penúltima posição da região Norte, em termos de receita bruta de revenda de mercadorias, conforme os dados de 2019. A distribuição entre o atacado (R$ 19,1 bilhões) e o varejo (R$ 19,4 bilhões) amazonense apresentou uma pequena margem de vantagem para este. Já o subsetor de veículos, peças e motocicletas deteve R$ 4,2 bilhões da receita total da atividade comercial no Estado.

‘Atrás dos vizinhos”

Em sua análise para a reportagem do Jornal do Commercio, o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, assinala que o comércio amazonense continua sendo o segundo maior da região Norte, a despeito de seu desempenho não ter acompanhado o nível dos vizinhos, no período abarcado pelo levantamento. Ele dá como exemplo o caso do comportamento da receita bruta entre 2010 e 2019, que avançou 136% para o conjunto da região Norte, 408% para o Tocantins e 85% para o Amazonas.

“O comércio do Amazonas também perdeu folego no número de empresas, pessoal ocupado, salários e margem de comercialização. São necessários estudos para explicar os motivos para o baixo desempenho do comércio. Mas, dados de outras pesquisas mostram uma alta de desemprego, grande número da população dependente de programas sociais e baixo rendimento domiciliar per capita. Todos esses fatores contribuem para a redução do poder de compras”, arrematou..

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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