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Comércio do Amazonas com altos e baixos em 2020

Comércio do Amazonas com altos e baixos em 2020

Juntamente com o setor de serviços, o comércio do Amazonas foi um dos que mais sofreu os impactos das medidas de distanciamento social para conter a escalada do contágio, internações e mortes por covid-19, em nível local, entre a última semana de março e o começo de junho. O varejo passou em branco por sua segunda data mais forte – o Dia das Mães – e mal conseguiu vender no Dia dos Namorados, já que boa parte de seus segmentos ainda estava de portas fechadas. Como consequência, perdeu estoques perecíveis e sofreu demissões em massa, bem como o fechamento de empresas.

Mas, diferentemente do setor de serviços, o comércio varejista amazonense foi a primeira das atividades econômicas no Estado a aquecer no segundo semestre, conseguindo repor as perdas impostas pela pandemia e esboçar crescimento para 2020. Embalados pelo aumento das vendas, os comerciantes apostaram no aumento de estoques para aproveitar as festas do fim do ano. Mas, no caminho, encontrou as pedras do desabastecimento, da inflação e de um novo decreto (nº 43.236) restringindo horários de atendimento presencial – justamente na reta final do ano.

Em depoimentos anteriores à reportagem do Jornal do Commercio, o presidente da FCDL AM (Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado do Amazonas), Ezra Azury, já havia salientado que 2020 foi um ano em que as pessoas perderam liberdade, entes queridos e, agora, estão querendo mudar o tom, usando qualquer renda extra para presentear os outros e a si mesmos. O dirigente lembrou também que o auxílio emergencial ajudou a irrigar as venda do setor, além de alavancar a cadeia econômica do Estado.

“Você pode ver que o comércio continua aquecido, especialmente em alguns segmentos. Isso também porque houve migração de consumo, já que as pessoas estão saindo menos e frequentando menos serviços de salões de beleza, bares e viagens. É mais fácil comprar do que fazer alguma coisa envolva aglomerações. Tanto é que o primeiro colocado na pesquisa de intenção de compras com o 13º salario deste ano é compra de roupas e calcados, e não pagamento de dividas, como foi em 2019”, comparou.

Em relação ao decreto nº 43.236, ressaltou que o atendimento presencial nas lojas já estava sendo feito, em “sua grande maioria”, com todos os cuidados, mas não deixou de admitir que os cuidados terão de ser redobrados. “Nossas expectativas são de terminar o ano tentando desovar o máximo de produtos comprados para a época e nos prepararmos para dias que podem ou não ter mais restrições. O que não podemos é ser pegos de surpresa, porque todos já estão avisados”, frisou.

Fechamento e vacina

O presidente da ACA (Associação Comercial do Estado do Amazonas), Jorge Lima, reforça que 2020 foi um ano atípico também para o comércio local, que foi pego de surpresa pelas controvérsias inerentes à crise da covid-19. “Foi muito complicado para o setor, quando passamos mais de 100 dias fechados e em busca de soluções. De uma hora para outra, reabrimos, tivemos surpresas com as vendas, mas faltaram produtos, em função das distâncias. Houve euforia e desabastecimento, em um ano que também foi de política, que também contribuiu para o avanço da doença”, sintetizou.

O dirigente lamentou a iniciativa do Executivo amazonense de voltar a fechar o comércio em pleno período de sazonalidade mais forte para o setor, e avaliou como positiva a decisão de flexibilizar a medida, a partir da última segunda (28). Mas expressou dúvidas quanto a 2021, dadas as incertezas quanto à vacinação e à recomendação conjunta do MPT (Ministério Público do Trabalho), MPE (Ministério Público do Estado), DPU (Defensoria Pública da União) e DPE (Defensoria Pública do Estado) para que o governador Wilson Lima volte a fechar comércio e serviços não-essenciais, em face da escalada da pandemia no Amazonas. 

“Deu essa celeuma toda, com o povo fazendo protestos. O governador recuou, mas o povo continuou na rua. Está difícil. Reunimos hoje [quarta, 30], com as outras entidades do comércio, porque o governo está sendo pressionado e estamos vendo a hora que resolvam lançar um novo decreto de fechamento, na próxima segunda [4]. Quanto a 2021, há uma interrogação sobre essa vacina, já que não tem mais o aporte do governo, que já cedeu o que podia ceder. A onda voltou, mas há obras novas para abertura de seis supermercados, que é o segmento que está na vanguarda, agora”, lamentou.     

Entusiasmo reduzido em dificuldades

Dificuldade para funcionar foi presente em todo o ano para os lojistas

Já o presidente em exercício da Fecomercio-AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas), Aderson Frota, lembra que 2020 começou em clima de entusiasmo, dada a arrancada nos últimos meses de 2019. Janeiro e fevereiro foram meses de vendas localizadas e frágeis, até o setor entrar em março e despencar no “fosso da covid-19”, suspensão das atividades durante 100 dias, e a consequente perda de vendas, fechamento de empresas e desemprego.

“Em junho, com o calendário de reabertura, vivenciamos uma nova retomada das vendas no varejo, que durou até setembro, quando fomos prejudicados pela falta de contêineres e de navios. Tivemos dificuldades de repor estoques. No ato seguinte, com a escalada do dólar e a volta da indústria, começaram a faltar embalagens e o comércio voltou a ser prejudicado. Assim mesmo, tivemos um crescimento de arrecadação de ICMS superior a todas as outras matrizes, segundo a Sefaz”, contou.

No entendimento de Aderson Frota, o varejo do Amazonas vai encerrar o ano com “algumas dificuldades” nos pontos mencionados relativos ao estrangulamento logístico e de desarticulação de insumos na manufatura. O presidente da Fecomercio-AM avalia, no entanto, que o saldo do volume de vendas deve apontar para uma expansão de 3% a 4% sobre a base relativamente forte de comparação de 2019. Por isso, o dirigente se diz otimista para 2021, dado que o índice de confiança ainda é elevado entre o empresariado do setor.

“Algumas empresas não devem repor estoques, pela falta de embalagens. Mas, acreditamos que vamos terminar o ano de forma positiva. O índice de crescimento pode parecer pequeno, mas é muito importante, considerando os solavancos que tivemos. Apesar dos percalços pelas estatísticas da covid-19, esperamos que 2021 seja o ano da redenção e do retorno ao período de normalidade. Essa pandemia vai passar e as vacinas vão acontecer. Mesmo com todas as dificuldades para conter a falta de disciplina de parte da população, vamos romper com esse ciclo de dificuldades e ter uma retomada da economia, com rigor e progressão”, arrematou. 

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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