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Comércio comemora flexibilizações do novo decreto

As mudanças definidas pelo Comitê Estadual de Enfrentamento da Covid-19 para o próximo decreto, e anunciadas pelo governo estadual, nesta sexta (14), foram consideradas bem vindas, pelos comerciantes de Manaus. Entre as novidades há alterações em horários de shoppings e restaurantes, incluindo o funcionamento de áreas de recreação infantil nos centros de compras e áreas climatizadas – com exceção para brinquedos coletivos. Foi mantido, contudo, o toque de recolher 0h às 6h, o que desagradou os lojistas, assim como a demora no retorno de outras atividades. 

A partir de segunda (17), o horário dos shopping centers – e dos estabelecimentos permitidos na atual fase – segue sendo de 9h às 22h, de segunda a sábado, mas será estendido de 11h às 21h, aos domingos. Em qualquer dos casos deverá ser observada a ocupação limitada a 50% no interior do estabelecimento e 70% nos estacionamentos. Será permitido o funcionamento de brinquedotecas, parques e recreação infantil, desde que vedado o uso de túneis, piscinas de bolinha, e atividades coletivas.

Restaurantes, lanchonetes e bares e similares (desde que estejam funcionando como restaurantes) poderão atender o público de 6h às 23h, de segunda a sábado, e de 7h às 22h, aos domingos. Flutuantes que funcionam como restaurante no seu CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) primário ficam autorizados a abrir de 9h às 18h, sem música ao vivo. Em todos os casos, o atendimento será limitado a 50% da capacidade de ocupação dos estabelecimentos.

As novas medidas serão publicadas em decreto, que passará a valer na segunda (17), com prazo de validade de 15 dias. A vacinação dos profissionais de educação contra a covid-19 está agendada para o mesmo dia, abrindo caminho para as aulas presenciais na rede pública no interior, que devem reiniciar na quarta (19) – obedecendo aos protocolos sanitários definidos pela FVS-AM (Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas) e pela Secretaria de Estado de Educação e Desporto.

Volta ao “normal”

O presidente da FCDL-Manaus (Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado do Amazonas), Ezra Azury, diz que as mudanças já eram “mais ou menos” aguardadas pelo setor, dada a sinalização do governador em reuniões anteriores. “Com isso, o comércio volta a funcionar basicamente de volta ao normal e praticamente sem restrições. Essa extensão dos horários aos domingos e a reabertura dos parquinhos dos shoppings devem ajudar nas vendas. Agora, precisamos aguardar a resposta do consumidor”, ponderou, acrescentando que o auxílio emergencial ainda está ajudando pouco nos resultados do setor.

Na mesma linha, o presidente da ACA (Associação Comercial do Estado do Amazonas), Jorge de Souza Lima, diz não ver mais nenhum empecilho para o funcionamento do comércio e avalia que “tudo está funcionando” e “dentro das expectativas”, com as vendas do Dia das Mães dentro do “razoável”. O dirigente afasta o risco de terceira onda e salienta que o que está impactando no setor mesmo é a situação financeira das empresas, no pós segunda onda. 

“Temos imóveis para alugar no Centro e, nesta semana, dois clientes entregaram os pontos. Aí vem o problema da enchente, que também contribuiu para atrapalhar o setor. Mas, nossa expectativa [para o segundo semestre] é grande. O movimento está começando a melhorar e a economia indo para o lugar que ela tem que estar mesmo”, analisou. 

“Parcialmente satisfatórias”

No entendimento da superintendente do Manaus Plaza Shopping, Josana Mundstock, as mudanças trazidas pelo novo decreto são “parcialmente satisfatórias”, dado o cenário atual da pandemia “controlada” no Estado, e todos os cuidados dos shoppings centers, em áreas de funcionamento controlado e com protocolos de segurança seguidos a risco. A executiva considera que a adequação do horário aos domingos traz esperança de melhores perspectivas financeiras aos lojistas, com a oferta de horário ampliado à população para “resolver suas necessidades diversas”, mas expressa preocupação com a demora no retorno dos cinemas.

“A restrição poderia se dar na capacidade de atendimento reduzida, pois é uma atividade em que as pessoas se mantêm afastadas, durante a exibição. Em outros Estados, que tiveram impacto posterior ao nosso, os estabelecimentos já retornaram, mas a restrição continua aqui, apesar de estarmos com indicadores da pandemia mais controlados. Trata-se de um setor que depende de filmes inéditos para retomar, o que irá ocorrer na próxima semana. Passado isso, não se vislumbra tão cedo outra possibilidade. Não é um produto possível de ser comercializado isoladamente, mas contratado, liberado e veiculado mundialmente”, justificou.

Em sintonia, o proprietário do Salomé Bar, do All Night Pub, Rodrigo Silva, considerou que as alterações previstas no novo decreto são um avanço que ele espera ajudar “minimamente” no faturamento, mas salientou que as restrições que permanecem ainda são significativas. O dirigente avalia que a restrição de circulação de 0h as 06h é “inócua”, tornando o horário dos bares “muito restrito” e o retorno de sua casa noturna – o All Night, fechado desde março de 2020 – ainda sem previsão de retorno. 

“É um alento para muitos, mas é desanimadora a capacidade do governo de avançar no incentivo a atividade empresarial. As dívidas acumuladas começam a vencer e a falta de capacidade de faturar como antes da pandemia deixa a situação da empresa pouco confortável, apesar de estar faturando. Ainda sentimos muita falta de reparações econômicas por parte do governo do Estado”, lamentou.

Terceira onda

Texto distribuído pela Secom (Secretaria de Comunicação Social) reforça que as mudanças do novo decreto foram embasadas nos indicadores epidemiológicos e da rede de assistência à saúde, que apontam redução de casos, óbitos e internações pela doença. De acordo com a FVS-AM, a média móvel de casos caiu 14%, no Estado, em 14 dias – conforme dados consolidados até 12 de maio. As mortes diminuíram 38% e o Amazonas registra a menor taxa de transmissão em todo o país (0,90). As taxas de ocupação na rede pública estadual para casos de covid-19 são de 33% (leitos clínicos) e 50% (UTI). 

“Temos números favoráveis no interior e na capital, mas não podemos, em nenhum momento, descuidar dos protocolos, do uso da máscara, do álcool em gel, do distanciamento social. Temos de continuar evitando aglomerações, para que a gente não coloque tudo a perder, tudo aquilo que a gente já conseguiu, e conseguiu com muito esforço. O povo do Amazonas fez um sacrifício muito grande. E todos lembram do que nós passamos na primeira e também na segunda onda. E nós não queremos também que uma terceira onda se repita aqui no Estado do Amazonas”, concluiu o governador Wilson Lima.

Foto/Destaque: Diego Peres/Secom

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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