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Comerciários de supermercados negociam com empregadores em Manaus

Marco Dassori

Twitter: @marco.dassori   Instagram: @jcommercio

A pouco mais de um mês da data-base dos comerciários, poucas categorias vinculadas ao setor já apresentaram suas propostas para a CCT (Convenção Coletiva do Trabalho) 2022/2023. Uma delas é a dos trabalhadores de super e hipermercados e afins, representada pelo Sindecvargam (Sindicato dos Empregados no Comércio Varejista, Atacadista e Representantes de Gêneros Alimentícios de Manaus), que formalizou suas reivindicações nesta quarta (27). O Sindivarejista (Sindicato do Comércio Varejista no Estado do Amazonas) informa que a pauta será analisada em assembleia marcada para 10 de agosto.

Em síntese, a entidade laboral pede piso salarial de R$ 1.400 e aumento de 12% para os trabalhadores que ganham acima disso. O parâmetro para o reajuste deve ser a inflação acumulada pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), nos 12 meses encerrados em agosto, já que a data base é em 1º de setembro. O indicador do IBGE apontou 11,92% de variação anual em junho, o dado mais recente disponível. É um número próximo ao proposto pelos trabalhadores, mas os comerciantes apostam que as medidas federais para reduzir os preços de combustíveis, energia, comunicação e transportes devem dilapidar o índice até lá.  

A categoria vem de um ano de negociações frustradas e sem poder celebrar acordo que contemple todos os trabalhadores. Algumas empresas de grande porte, como Assaí Atacadista, Baratão da Carne, Atacadão, Carrefour, Nova Era e Pátio Gourmet, entre outras, fecharam acordos coletivos de trabalho com o Sindecvargam. Os demais ainda operam com os mesmos parâmetros da CCT anterior, contribuindo para que o atual piso da categoria varie do salário mínimo (R$ 1.212) a R$ 1.249, o que implicaria em um índice de reajuste de 15,51% a 12,09%, respectivamente.

Os trabalhadores também pedem ticket alimentação/vale refeição de R$ 20, o que corresponderia a uma elevação de 44,93% a 42,86% sobre a faixa de valores percebida no segmento (R$ 13,80 a R$ 14) atualmente entre a maior parte das empresas do segmento. As cláusulas econômicas incluem um adicional de 10% para os trabalhadores que atuam na função de caixa. E, assim como ocorrido nas duas convenções anteriores, a categoria também reivindica cláusulas sociais, como auxílio creche, auxílio funeral e planos de saúde e odontológicos. Vale notar que estes últimos foram justamente o ponto de atrito que impediu a celebração de um acordo na CCT 2021/2022.

Sensibilização e comprometimento

O presidente do Sindecvargam, Amarildo de Souza Rodrigues, lamentou o fato de a categoria não ter conseguido fechar a CCT do ano passado, mas mostra otimismo para a atual fase de negociações. “Ficamos até revoltados por não termos conseguido chegar a um consenso, pois a pandemia foi o período em que as empresas mais faturaram. Por que não dar um aumento digno ao trabalhador e, minimamente, um plano odontológico? Ficamos frustrados, mas espero que, na próxima negociação, o empresariado local tenha a consciência de que precisa fechar a convenção. Temos expectativa de que conseguiremos um bom reajuste”, ponderou.

O sindicalista acrescenta que outra demanda que está sendo acrescida neste ano é a de PLR (Participação de Lucros e Resultados) e avalia que, caso a reivindicação seja atendida, trará ganhos para os dois lados do balcão. “Acredito que isso vai acabar um pouco com os desperdícios, além de fazer com que o funcionário fique ainda mais comprometido e dar um retorno melhor para as empresas, que costumam dar a desculpa de que têm muitas perdas. Um trabalhador satisfeito produz mais e falta menos ao trabalho. Com o que ele ganha atualmente, já está com a geladeira vazia no 16º dia”, justificou. 

Amarildo Rodrigues enfatiza que aguarda que os comerciantes fiquem sensibilizados em relação aos pleitos dos trabalhadores, mas alerta que a categoria está chegando próxima ao ponto de ruptura. “Esperamos que o empresariado dê esse retorno. Caso contrário, criando esse sentimento nos trabalhadores, uma hora teremos uma greve. Ainda não conseguimos, pois ainda estamos fazendo o trabalho de base e criando as células dentro das empresas. Uma hora, isso vai explodir. Aí, pergunto: será que as empresas vão querer isso? Quero acreditar que não é possível vencer sempre pelo diálogo”, frisou. 

Começo de conversa

Os empresários do segmento devem analisar a proposta do Sindecvargam em assembleia realizada às 14h do próximo dia 10, na sede da Fecomércio-AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas), situada na rua São Luiz, bairro Adrianópolis, zona Centro-Sul de Manaus.

Indagado sobre suas expectativas, pontos considerados mais difíceis na pauta de reivindicações, e se os lojistas pretendem restringir novamente suas negociações às cláusulas econômicas da CCT, o presidente do Sindivarejista, Teófilo Gomes da Silva Neto, disse à reportagem do Jornal do Commercio que ainda é cedo para cravar estimativas, dado que o diálogo entre patrões e empregados ainda está em seu estágio inicial. O dirigente avalia, no entanto, que o cenário sinaliza mais um ano de negociações prolongadas.

“O aumento pedido é de 12,09%, para o piso, e de 12% para os demais. Mas, acredito que haverá deflação em julho e agosto, devendo a inflação ficar em torno de 9% a 10%. Acho também que o ticket-alimentação de R$ 20 é muito elevado. Mas, é muito cedo para fazer qualquer previsão de desfecho, principalmente com relação às cláusulas sociais. Com certeza, haverá algumas rodadas de negociação para chegarmos a um consenso”, finalizou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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