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Comerciantes de Manaus estão um pouco mais confiantes

A Páscoa e Dia das Mães fortaleceram o otimismo dos comerciantes de Manaus, em abril, apesar das incertezas no front econômico interno e externo. A cidade está na mesma trajetória da média nacional, com números melhores. Além das datas comemorativas, a liberação antecipada do 13º salário do funcionalismo estadual e dos aposentados, assim como a nova rodada de saques do FGTS ajudaram a melhorar a percepção sobre o momento atual e os estoques, assim como a intenção de contratar e investir. As expectativas, no entanto, esfriaram.

É o que revelam os dados locais do Icec (Índice de Confiança do Empresário do Comércio), pesquisa da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) com 6.000 empresas no país. O indicador registrou 125,6 pontos em Manaus, sendo que valores acima de 100 indicam satisfação. Foi uma marca 2,4% melhor do que as de março (122,6 pontos) e 22,4% superior à de 12 meses atrás (102,6 pontos). Já a média brasileira (118 pontos) subiu 2%, acumulando expansão de 0,86% no quadrimestre. A comparação com abril de 2021 (95,7 pontos) indicou incremento de 23,3%.

Todas as cinco regiões brasileiras registraram elevação mensal no Icec, com destaque para o Norte (+3,8%), que também aparece com a maior pontuação da lista (126,3 pontos). Na sequência estão os comerciantes do Centro-Oeste (+2,1% e 122,4 pontos), Sul (+2,1% e 119,8 pontos), Nordeste (+2% e 113,8 pontos) e Sudeste (+1,7% e 116,9 pontos). A mesma amplitude de otimismo aconteceu nas variações anuais, com Sudeste (+29,1%) e Nordeste (+16%) protagonizando os extremos. 

A melhora da confiança dos comerciantes da capital amazonense foi quase que absoluta, na comparação com março. O progresso foi maior nas avaliações sobre as condições atuais da economia (+7%), que ainda aparece com o pior escore da lista (89,5 pontos) e abaixo do nível de insatisfação. As percepções sobre as condições atuais das empresas (+4,1% e 114,3 pontos), nível de investimento (+3,8% e 112,6 pontos), situação atual dos estoques (+3,7% e 94,9 pontos), contratação de funcionários (+2,9% e 127,3 pontos) também avançaram significativamente.

O otimismo melhorou menos, por outro lado, na avaliação sobre as condições atuais do comércio (+1,9% e 111,7 pontos) e nas expectativas para a economia (+1,5% e 153 pontos) e para as empresas comerciais (+0,7% e 165,6 pontos). O único dado com viés negativo veio das expectativas para o comércio (-0,2% e 161,5 pontos). 

Contratações e investimentos

A maioria dos varejistas locais (40,3%) considera que a situação atual da economia brasileira “melhorou um pouco”. Mas, 26,3% dizem que “piorou muito” e outros 25,1% assinalam que “piorou um pouco”. Apenas 8,4% afirmam que “melhorou muito” –contra os 5,4% anteriores. A confiança é maior entre as empresas com até 50 empregados (90 pontos) e que vendem bens duráveis (94,8 pontos). A avaliação majoritária sobre o setor e a empresa também é de melhora relativa (50,1% e 51,9%, respectivamente), especialmente entre as companhias de maior porte e atuantes em não duráveis e duráveis.

Na média, as pontuações nas expectativas ainda são mais favoráveis do que a percepção do momento atual, seguindo acima dos 150 pontos. Ao menos 54,9% dizem que a economia brasileira vai “melhorar um pouco”, enquanto 33,7% arriscam apostar que vai “melhorar muito”. As avaliações que pesam mais para o setor e para a empresa também são predominantes nas perspectivas de melhoras parciais (52,6% e 51,7%, na ordem) e mais significativas (40,3% e 43,6%). 

A parte majoritária dos comerciantes locais ainda aponta que as contratações devem “aumentar pouco” (56%), seguida de longe pelos que avaliam que pode “reduzir pouco” (26,4%). A projeção predominante para investimentos ainda é de melhora relativa (45,9%), embora 30% digam que o aporte será “um pouco menor”. Sobre os estoques, 67,2% dos empresários consideram que está “adequado”, 18,4% indicam que está acima dessa marca, e outros 13,4%, que está abaixo. No mês anterior, as respectivas marcas foram 68,2%, 19,2% e 10,7%.

“Volta à normalidade”

O presidente em exercício da Fecomércio AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas), Aderson Frota, lembrou à reportagem do Jornal do Commercio que, “durante algum tempo”, o índice de confiança esteve “comprometido”, chegando a números negativos “muito fortes”. E observa que já é possível novamente falar de crescimento no otimismo do setor, a despeito do fronte externo contribuir para “criar problemas” –a exemplo dos impactos econômicos da guerra na Ucrânia,do lockdown chines, e da resiliência do desequilíbrio nas cadeias mundiais de abastecimento.

“Os números refletem um momento positivo, em que o empresário acredita mais na capacidade de recuperação. Ainda temos no cenário algumas preocupações, como a elevação da taxa Selic e os fortes índices de desemprego. Mas, nós do comércio continuamos acreditando nessa possibilidade, na retomada e na volta à normalidade. Isso é exatamente o que apontam, não só as tendências, mas acima de tudo a confiança que os empresários têm externado em todos os momentos em que são entrevistados”, comemorou.

Aposentados e FGTS

Em texto da assessoria de imprensa da CNC, o economista responsável pela pesquisa, Antonio Everton, assinala que os números nacionais da sondagem denotam otimismo em relação à dinâmica de vendas do próximo mês e conjectura que a alta pode estar associada a ajustes e incrementos nas empresas. Observa também que os dados apontaram maior nível de confiança nas micros e pequenas empresas e nos (2,1%) segmentos de bens semiduráveis (5,9%) e duráveis (5,8%).

Na análise do economista, um dos possíveis motivos para tanto seria a apreciação cambial, com a queda do dólar, e a maior expectativa quanto à possibilidade de vendas de produtos eletroeletrônicos. “Tudo isso vem ocorrendo devido ao entendimento de que as condições atuais estão mais favoráveis, com maior efeito inerente ao desempenho da economia, cuja evolução pode acarretar a melhoria da performance do setor comercial”, frisou.

No mesmo texto, o presidente da entidade, José Roberto Tadros, avalia que a percepção mais positiva dos comerciantes brasileiros pode estar relacionada às vendas de Páscoa e do Dia da Mães e à entrada na economia dos recursos advindos do saque do FGTS, além da expectativa pelo 13º salário dos aposentados, coroado pelo aumento da participação do crédito consignado no endividamento –de 35% para 40%. “Um fator que também é muito relevante é a percepção de efeitos decorrentes da dinâmica do mercado de trabalho, que tem revelado evolução gradual”, finalizou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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