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Com reabertura, comércio busca recuperar tempo perdido

Perto de completar dois meses sem atender presencialmente nos segmentos não essenciais, o comércio do Amazonas recebeu sinal verde para reabrir as portas, a partir desta segunda (22), ainda que em horário reduzido. As lideranças do setor comemoraram e consideram que este é mais um passo rumo à normalidade pré-segunda onda –que dependerá também do sucesso das próximas etapas da vacinação. Mas, não deixaram de mostrar apreensão em relação ao tempo perdido em um período sazonalmente desfavorável para o varejo. 

As novas medidas foram anunciadas pelo governador Wilson Lima, em live ocorrida no começo da tarde desta sexta (19), logo após reunião do Comitê de Enfrentamento da Covid-19 do Estado, que também contou com participação de representantes dos demais poderes e órgãos de controle. O novo decreto, que será publicado até segunda, contudo, ainda mantém a restrição de circulação de pessoas das 19h às 6h, entre outras medidas previamente implementadas.

Com as mudanças, o comércio de rua fica autorizado a funcionar de 9h às 15h, e as lojas dos shoppings, de 10h às 16h –em ambos os casos, de segunda a sábado e com regras sanitárias a serem seguidas. Supermercados de pequeno, médio e grande portes, atacadistas, pequeno varejo alimentício e padarias continuam funcionando das 6h às 19h, e agora poderão vender produtos não essenciais, permanecendo a limitação de um comprador por núcleo familiar. O novo decreto terá validade de 22 a 28 de fevereiro.

“Todas as decisões que tomamos são baseadas nos dados técnicos da FVS-AM (Fundação de Vigilância em Saúde) e da Secretaria de Estado de Saúde, como nosso trabalho de ampliação de leitos na rede,  e também levando em consideração os aspectos sociais e econômicos. Tudo que a gente faz aqui é para encontrar um equilíbrio para atender um objetivo só, que é salvar vidas, entendendo que todas essas áreas são importantes para que as pessoas continuem sobrevivendo e que a gente diminua, ao máximo, os impactos dessa pandemia”, declarou o governador Wilson Lima, durante a live. 

Medidas possíveis

O presidente da FCDL-AM (Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado do Amazonas), Ezra Azury, conta que, nesta semana, as entidades haviam encaminhado um pleito às autoridades que contemplaria uma flexibilização maior para o setor. Por esse plano, o comércio do Centro abriria das 8h às 16h, enquanto os estabelecimentos do shopping funcionariam das 11h às 20h. Segundo o dirigente, os horários haviam sido calculados em cima de um “horário mínimo” que permitisse aos lojistas manterem as atividades dentro dos custos operacionais –inclusive com funcionários. 

“Mas, entendemos que não pode ser da maneira que nós queremos, mas da forma que é possível. Então, vamos aceitar, como sempre fizemos. Esta semana vai ser de adaptação e de readaptação, com os novos horários para as lojas dos shoppings e do Centro. Vamos reavaliar tudo de novo, na próxima sexta, e tentar voltar a um horário um pouco mais prolongado, na semana seguinte. Agradecemos ao comitê e ao governo, por nos deixar voltar a trabalhar de novo fisicamente. Isso, com certeza, vai dar um alento a todo o setor comercial”, ponderou.

Estatísticas e vacinação 

O presidente da CDL-Manaus (Câmara dos Dirigentes Lojistas de Manaus), Ralph Assayag, lembra que o decreto vigente nesta semana que se encerra, abriu os segmentos comerciais de material elétrico e de construção, assim como as lojas de autopeça e pneus, graças a um pedido encaminhado pelas entidades, na semana anterior, e embasado na queda dos números locais de internação e de mortes por covid-19. 

Da mesma forma uma nova rodada de conversas foi realizada nesta última terça (16), ocasião em que os comerciantes voltaram a argumentar que, em face de um novo recuo nas estatísticas, haveria espaço para uma nova sinalização, principalmente para os estabelecimentos que não estavam abertos já há mais de 50 dias. Os argumentos incluíram também as perspectivas de maior imunização. O dirigente reforça que as estatísticas apontam para um índice maior de internações e mortes pela doença para pessoas com mais de 50 anos, público que deve ser vacinado a partir desta segunda (22).

“O governador compreendeu e levou para sua equipe, que verificou que era possível [a reabertura]. Com essas pessoas sendo vacinadas, creio que vai haver uma grande calmaria. Espero que dentro de sete a dez dias, com a vacina, nós possamos abrir mais ainda, ou o horário até voltar ao normal. Não devemos nos esquecer que temos de manter máscaras, álcool em gel e tudo mais, mas já será um alívio muito grande. Com isso, esperamos voltar à normalidade com os empregos e as lojas”, asseverou. 

Sazonalidade sem auxílio

O presidente da ACA (Associação Comercial do Estado do Amazonas), Jorge de Souza Lima, considera que a expectativa do setor “é muito grande”, dado que a maior parte de seus estabelecimentos está há quase dois meses de portas fechadas. O dirigente, no entanto, expressa dúvidas sobre a capacidade do varejo recuperar fôlego nos próximos dias, dada a sazonalidade e ausência de medidas compensatórias para os impactos econômicos da segunda onda, como o auxílio emergencial –que garantiu a reação da demanda, após a primeira onda da pandemia. 

“Não tem mais aquele aporte financeiro do governo, que deixava o povo com o dinheiro na mão. Os dois primeiros meses do ano costumam ser um período de vendas fracas para o setor. E, com esses 60 dias sem poder abrir, as lojas perderam a oportunidade de compensar com as liquidações e saldos de fim de ano, que geralmente acontecem em janeiro. Por outro lado, pode ser que ainda haja uma demanda reprimida dos consumidores. Tirando o Centro, tem ruas estritamente comerciais nos bairros, como no Manoa, Parque 10, Fuxico e Grande Circular, onde vejo um movimento praticamente normal, antes mesmo de o governador anunciar esse decreto. Mas, só vamos ter essa perspectiva mesmo quando reabrirmos, na segunda (22)”, comentou.

Alívio e cautela

O presidente em exercício da Fecomercio-AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas), Aderson Frota, ponderou que o funcionamento do comércio já está praticamente normalizado, embora as lojas funcionem em horário reduzido. No entendimento do dirigente, as medidas anunciadas pelo governador significam mais um passo para a normalização do setor em todo o Estado, o que não significa que a cautela deva ser abandonada.

“É importante reconhecer que os números ainda não estão muito favoráveis e preocupam, pelas limitações hospitalares e pelas dificuldades de insumos para o tratamento das pessoas atingidas pela covid-19. Isso ainda preocupa as autoridades. (…) O comércio volta a respirar e as empresas sairão desse processo de grande dificuldade. O mais importante é que os empregos serão mantidos, pelo menos para quem já não foi demitido. Dentro de uma semana, se os números não apresentarem nenhum tipo de gravidade, vamos respirar aliviados, pois praticamente voltaremos a funcionar sem restrição”, arrematou. 

Foto/Destaque: Djalma Jr

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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