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Com promessa da vacinação de turistas, explodem buscas por voos para os EUA

Com o aval para vacinação de turistas que chegam aos Estados Unidos, agências e buscadores de viagens no Brasil vêm registrando aumento expressivo no interesse pelo país.

Levantamento do buscador de viagens Kayak mostra que a procura por voos para Nova York aumentou 719% em relação ao mês passado. Atualmente a cidade aparece em primeiro lugar nas buscas por destinos internacionais.

Outras três cidades dos EUA estão na lista dos dez destinos internacionais mais buscados, sendo que todas registraram grande aumento nas buscas. A procura cresceu 527% para Miami (5º destino mais pesquisado), 421% para Los Angeles (7º) e 398% para Orlando (8º), considerando viagens de maio a agosto de 2021.

procura por voos para Nova York aumentou 719% em relação ao mês passado
Foto: Divulgação

O aumento é registrado ao mesmo tempo da popularização do chamado turismo de vacina, em que uma pessoa se desloca para outro país com o objetivo de ser imunizado. O Kayak, entretanto, não aponta quais são os motivos para a explosão nas buscas.

No início do mês, a prefeitura de Nova York anunciou planos para oferecer vacina a turistas em pontos icônicos da cidade, como o Central Park e a Times Square. As injeções deverão ser dadas em vans posicionadas nesses locais.

“Venha para cá, é seguro, é um lugar bom para estar, e nós vamos cuidar de você”, disse o prefeito da cidade, o democrata Bill de Blasio, ao anunciar o projeto. Embora já tenha obtido autorização do governo estadual, o plano ainda não tem data para entrar em vigor.

Viajantes que passaram os últimos 14 dias no Brasil, entretanto, continuam proibidos de entrar nos Estados Unidos. A restrição foi estabelecida em maio do ano passado pelo então presidente Donald Trump e mantida por Joe Biden diante do número alto de casos de coronavírus em território brasileiro.

Com isso, agências de viagens no Brasil comercializam pacotes para os EUA combinando um período de quarentena em outro país.

Uma delas é a agência Be Happy Viagens, em São Paulo. A empresa tem fechado roteiros ao país com entrada para o cumprimento da quarentena primeiramente no Panamá, República Dominicana, Dubai, Malvinas ou México -este último o destino mais procurado.

Outro levantamento do Kayak, divulgado no início do mês, mostrou crescimento também expressivo de 380% na busca por voos para o México, no trecho de São Paulo a Cancún.

“A procura para os EUA explodiu após o prefeito de Nova York anunciar o projeto de vacinação para turistas. Nesta semana temos trabalhado quase que somente nisso”, diz Jacque Dallal, fundadora da Be Happy, que prioriza o turismo de luxo. A agência não trabalha com pacotes de viagens, mas com roteiros personalizados.

Para quem quer garantir a imunização nos EUA, a Be Happy fecha viagens de, no mínimo, 40 dias, contando o período de quarentena em outro país e também o eventual intervalo entre a primeira e a segunda dose em território norte-americano. O pacote de 40 dias mais em conta custa R$ 50 mil, com passagem aérea na classe econômica e hóteis não luxuosos.

Apesar da alta procura, o chamado turismo de vacina vem levantado debate ético sobre desigualdade na pandemia. Críticos a essa prática afirmam que uma tragédia que já matou mais de 3,4 milhões de pessoas em todo o mundo requer uma solução que privilegie a saúde coletiva, enquanto o turismo de vacina só resolve o problema de uma elite privilegiada.

Com ritmo acelerado da vacinação nos EUA –enquanto o Brasil caminha a passos lentos–, as agências de viagens já vinham registrando aumento de tickets emitidos para os Estados Unidos antes mesmo do anúncio do prefeito de Nova York.

No mês passado, a ViajaNet registrou crescimento de 14,52% no número de tickets emitidos para os EUA. As cidades de Los Angeles (40%) e Miami (28,2%) foram os destinos com maior procura.

Já na Decolar, houve aumento de 17% nas aquisições de passagens aéreas de brasileiros para os EUA no comparativo entre abril e março de 2021. Ainda assim, esse número ainda é 97% menor do que em abril de 2019, quando ainda não havia restrições por causa da pandemia.

Destinos internacionais mais buscados no Kayak em maio

1º – Nova York (Estados Unidos)
Aumento maio x abril 2021: 719%
Preço médio da passagem: R$ 3.055
2º – Assunção (Paraguai)
Aumento maio x abril 2021: 590%
Preço médio da passagem: R$ 3.831
3º – Bogotá (Colômbia)
Aumento maio x abril 2021: 529%
Preço médio da passagem: R$ 4.450
4º – Miami (Estados Unidos)
Aumento maio x abril 2021: 527%
Preço médio da passagem: R$ 3.287
5º – Tóquio (Japão)
Aumento maio x abril 2021: 457%
Preço médio da passagem: R$ 6.641
6º – Los Angeles (Estados Unidos)
Aumento maio x abril 2021: 421%
Preço médio da passagem: R$ 2.926
7º – Orlando (Estados Unidos)
Aumento maio x abril 2021: 398%
Preço médio da passagem: R$ 2.671
8º – Montevidéu (Uruguai)
Aumento maio x abril 2021: 396%
Preço médio da passagem: R$ 3.053
9º – São Salvador (El Salvador)
Aumento maio x abril 2021: 393%
Preço médio da passagem: R$ 5.066
10º – Cidade do Panamá (Panamá)
Aumento maio x abril 2021: 380%
Preço médio da passagem: R$ 5.214

Agaxtur não pretende vender ‘turismo da vacina’

Foto: Divulgação

O empresário Aldo Leone Filho, dono da Agaxtur, que passa a vida visitando destinos no mundo todo para transformá-los em pacotes turísticos, acaba de voltar ao Brasil depois de 15 dias no México e uma semana nos Estados Unidos, onde se vacinou. Mas a experiência não vai virar um pacote de turismo da vacina para ser vendido nas agências, segundo ele.

O empresário vê a crescente demanda de brasileiros por viagem para se vacinar nos EUA como um vetor da retomada dos negócios no turismo, mas defende que a imunização não seja a prioridade do passeio, o que elevaria a complexidade jurídica do negócio e poderia causar frustrações.

“Não tem receita de bolo. Vai que muda daqui a três dias. O que eu estou dizendo é que vale o esforço de ir até lá. Eu não fui para tomar a vacina. Fui para mostrar que é viável viajar. Não é para lançar turismo da vacina. Tem gente que vai porque tem casa em Orlando, ou para estudar. O ponto é que é possível ir para os EUA”, afirma.

A função do agente de viagens não é vender vacina, diz o empresário. “É mostrar para as pessoas que viajar é possível. Estou defendendo essa tese desde o primeiro dia da pandemia, porque, no dia em que não for possível, tenho de fechar meu negócio. ​É possível, de uma maneira responsável, com máscara, distanciamento, álcool em gel”, afirma.

O empresário conta que fez a viagem para testar o processo. Passou 15 dias em seis resortes diferentes na Riviera Maya, perto de Cancún. Antes de embarcar para os EUA, diz ter feito o teste de antígeno no próprio quarto do hotel, com resultado pelo celular.

“Por acaso, como eu não tinha sido vacinado no Brasil, eu fui vacinado. E adorei o processo. Agora, eu não vou vender turismo de vacina. Se alguém passa mal a culpa é minha”, afirma.

Leone Filho diz que ficou feliz de se imunizar nos EUA porque vai liberar para outra pessoa as doses a que ele teria direito no Brasil quando chegasse o prazo da vacinação de sua faixa etária.

“Quem sabe essa pessoa que vai tomar a vacina que era minha vai sobreviver porque tomou no meu lugar?”, diz.

Foto/Destaque: Divulgação
Fonte: Folhapress

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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