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Com professores e alunos em casa, ensino precisou se adaptar

Tudo, no dia a dia, sofreu impacto desde que a pandemia chegou a Manaus, em março do ano passado. E os resultados têm sido, em sua maioria, negativos. Com a educação não foi diferente. O Jornal do Commercio ouviu dois mestres, na esfera particular e pública, Laura Cristina Vital e Maurício Grillo, para saber como ficou o ensino/aprendizado com alunos e professores em casa, bem como no ensino híbrido, e aproveitou para saber se o homeschooling é bom, ou não. Laura é pedagoga e vice-presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino Privado do Estado do Amazonas; e Maurício Grillo é professor de história do Colégio Amazonense Dom Pedro II.

Para Laura, as crianças menores, devido não possuírem o mesmo suporte pedagógico estando em casa, vêm apresentando queda no rendimento, enquanto os adolescentes, com uma noção maior de responsabilidade, conseguem ter um desempenho melhor, “No entanto não chega a ser o mesmo daquele que frequenta a escola presencialmente de maneira assídua”, disse.

Maurício apenas confirmou que a falta de internet em casa fez uma boa parcela de alunos ‘ficar para trás’ em comparação com os colegas que têm essa facilidade. 

“A instrução é que nesses casos os pais providenciem a pegada das atividades no colégio, o que é mais trabalhoso. Quanto ao aprendizado, não há como negar que o ensino presencial é mais qualitativo”, assegurou.

Aula presencial é necessária

Laura Cristina, “o aluno aprende mais nas aulas presenciais” – Foto: Divulgação

Ano passado a pandemia chegou a Manaus praticamente no início do ano letivo, pegando de surpresa os educadores. Como a pandemia, as adaptações tiveram que ser feitas de acordo com a situação.

“Este ano tínhamos como base toda a experiência de 2020, então quando soubemos que iríamos ficar 100% online no início de 2021, as equipes pedagógicas das escolas se planejaram e traçaram estratégias para continuar a atender os alunos”, revelou.

Mas Laura revelou que o aluno numa sala de aula é um; em casa, é outro. Em ambiente remoto ele tem dificuldade para criar vínculos e rotina escolar, fundamentais nesse momento, como o relacionamento com os colegas e os professores. Além disso, completou ela, durante as aulas a dúvida não é respondida da mesma maneira imediata, como se o professor estivesse de forma presencial. Maurício também concorda com Laura sobre a criação de vínculos com colegas e professores.

“A aula remota desaproxima os discentes da interação social, e isso é bastante relevante para a construção da boa cidadania. A única vantagem que vejo nesse tipo de ensino/aprendizado é que o aluno que mora longe terá economia com gastos no transporte”, lembrou.

Laura está de acordo que, enquanto a pandemia permanecer, as escolas devam continuar oferecendo o modelo 100% remoto e híbrido (dividindo a aprendizagem em ambiente remoto e presencial), pois é uma maneira de evitar aglomerações nas salas de aula.

“No entanto, com toda a certeza, o aluno aprende mais nas aulas presenciais”, garantiu.

“Substituir as aulas presenciais, não creio. O seio escolar marca positivamente o aluno para a vida toda”, afirmou Maurício.

Tendência do homeschooling

Uma tendência que vem se tornando muito popular em países desenvolvidos é a educação das crianças em casa, o homeschooling. Nos EUA, de acordo com alguns dados, de dois a três milhões de crianças estudam sem ir à escola. No Brasil a prática é proibida.

Laura confirma que o Sinepe-AM é totalmente contrário à educação domiciliar, pois acredita que quem fará essa mediação com a criança em casa precisa ter uma formação pedagógica.

“Sem o suporte pedagógico, o aluno acaba sendo isolado da convivência de pessoas, experiências e ideias que apenas a rotina escolar permite e isso vai muito além do que apenas ensinar as tradicionais disciplinas”, declarou.

Já Maurício acredita que uma boa parcela do alunado não consegue se manter atraído pelo homeschooling. 

“Acredito que até mesmo para os pais seja difícil acompanhar os seus filhos nesse sistema, sem falar que nem todos têm como mantê-lo financeiramente. Como docente, sinto falta da sala de aula e dos eventos escolares que o colégio promove junto aos discentes. Eles também devem sentir essa falta”, acrescentou.

Interesse nos estudos

Aula presencial, EAD, ensino híbrido, homeschooling, tantas formas de se ensinar/aprender, um avanço constante de professores e alunos. O que importa é adquirir conhecimentos, ainda que nem todos pensem assim.

“Um dos fatores que influenciam o envolvimento dos alunos nos estudos é a forma que a família lida com a educação dele. Se os alunos têm exemplos dentro de casa com pais que são formados, continuam investindo na própria educação e lêem regularmente, os filhos se sentem estimulados a terem esses hábitos de estudos desde pequenos. Já quando os pais não acompanham e nem incentivam esses hábitos fica difícil os filhos terem”, revelou.

“Assim como temos discentes preocupados com a qualidade do ensino, tipo quando não há professor; da mesma forma, há professores que se manifestam quando da falta de discentes ou quando os seus rendimentos são baixos. Lógico que há os desinteressados, mas são minoria”, contou.  

Foto/Destaque: Divulgação

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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