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Classe C impulsiona empresas

Empresas que oferecem serviços de manutenção e reforma para residências estão faturando alto com a classe C. Depois de comprar eletrônicos, carro e viajar, a nova classe média quer agora arrumar a casa.
O Brasil tem hoje mais de 100 milhões de pessoas pertencentes à classe C, com renda familiar entre quatro e dez salários mínimos. É um exército de consumidores que se, juntos, formassem um país, seriam o 12º mais populoso do mundo.
Em 1993, Nivaldo Mendes abriu uma vidraçaria na zona Leste de São Paulo. Hoje, quem comanda o negócio é a filha do empresário, Rúbia Arena. A classe média representa 90% dos clientes do estabelecimento. Rúbia percebeu a mudança no perfil do consumidor e aproveitou.
“Ela deixou o box de acrílico de lado, a porta sanfonada, a porta de alumínio e foi para a porta de vidro temperado, aquelas que só têm vidro mesmo”, comenta Rúbia.
O box para banheiros, feito com vidro temperado, é o produto mais vendido na vidraçaria. A peça vem do fornecedor no tamanho pedido pelo cliente final. Os vidros podem ser texturizados, jateados ou com desenhos, e são vendidos a partir de R$ 190 o metro quadrado.
O vidro temperado também é usado em varandas, vitrines de lojas ou em produtos personalizados. A vidraçaria atende 15 clientes e fatura R$ 70 mil por mês.
O empresário Nilson Rezende montou uma marcenaria voltada para a classe C. Em 2006, ele investiu R$ 15 mil em equipamentos. O empresário faz todo tipo de móveis. Ele compra a matéria-prima, o MDF, em chapas, e monta as peças. O negócio progrediu.
Em pouco tempo, Nilson comprou uma caminhonete e alugou um galpão de 250 m². O empresário paga R$ 1.300 de aluguel e tem três funcionários. Desde o início, as vendas na marcenaria crescem, pelo menos, 20% ao ano.
“É um mercado aquecido. Eles são bem consumistas também. Eles gostam mesmo de comprar e aí montam uma coisa e daqui a pouco querem outra”, diz o empresário.
Nilson Rezende aprendeu o ofício trabalhando como empregado durante 15 anos. Hoje, como dono da própria marcenaria, ele fatura R$ 60 mil por mês. “A margem de lucro não é tão grande, mas na hora em que a gente entra aqui, a gente fazendo o serviço rápido, aquele dinheiro vai entrar mais rápido”, comenta.
A classe C sabe o valor de cada centavo que ganha, e não joga dinheiro fora. Para conquistar esse consumidor, é preciso oferecer produto bom e barato.
“O preço para ele é um item absolutamente fundamental. Então, é preciso ter condições de financiamento, ou seja, você precisa ter alguma forma de parcelamento, mas se você vai parcelar, precisa ter uma boa noção de capital de giro, algumas informações sobre administração financeira, ainda que sejam mínimas, para que não tenha problemas na gestão do seu negócio”, orienta o economista Cláudio Felisoni de Ângelo.
Os clientes Rodrigo e Olinda Medeiros moram em Guaianazes, zona Leste da cidade. A renda do casal é de R$ 2.500 por mês. Eles têm casa própria, carro na garagem e são exemplo de quem melhorou de vida.
No último ano, o casal comprou eletrodomésticos, como geladeira, fogão e micro-ondas. Agora eles estão investindo na casa: acabam de colocar uma porta de vidro na cozinha e estão instalando um painel de madeira na sala para a TV nova, uma led de 40 polegadas.
A marcenaria de Nilson foi contratada para fazer o serviço. O painel decora a sala, esconde os fios da tevê, e tem um rack embaixo com prateleiras. O produto instalado custou R$ 1.500, pagos em três parcelas, sem juros.
“Era meu sonho ter um painel, e a televisão agora ficou muito mais bonita, comemora Olinda. O casal Medeiros também contratou a empresa de Rúbia para instalar o box no banheiro.
A empresária procura se diferenciar pelo atendimento, dando explicações detalhadas. “Dá muita credibilidade, eles ficam mais seguros. Falam assim: ela veio até a minha casa, me mostrou os materiais, me explicou tudo e fez tudo o que o outro não fez, na maioria das vezes”, diz Rúbia.
Em sete dias a empresa entrega o box e instala em uma hora. O produto custou R$ 950 em três vezes. “Meu dinheiro é contado, eu tenho que usar ele bem. Então, eu faço, planejo e vou colocando as coisas devagarzinho, conforme eu posso”, comenta Rodrigo.
“[É preciso] entender melhor esse consumidor. Isso exige obviamente ler, acompanhar o que está acontecendo no mercado. Hoje, o volume de informações disponível para aquelas pessoas que querem se preparar é muito grande. Então, é preciso ter a vontade de se preparar, a disposição de se preparar e a consciência de que esse mercado é altamente competitivo para profissionais”, diz Cláudio Felisoni de Ângelo.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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