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Cieam prevê cenário econômico positivo em 2020

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O Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas) avalia que 2019 foi um ano bom, apesar da crise que assolou o País. Completados 12 meses do governo Jair Bolsonaro, o segmento industrial alcançou um crescimento razoável, principalmente o setor de duas rodas e de eletroeletrônicos, que vêm liderando as exportações do Amazonas nos últimos anos, apontam os últimos indicadores industriais da Suframa.  

Para o presidente do Cieam, Wilson Périco, a meta agora é alcançar os números de 2007, quando a Zona Franca atingiu a marca de uma produção de pelo menos 2 milhões de motocicletas naquele ano. “Claro, estamos longe disso, mas com os incentivos que virão na esteira da queda dos juros para algo em torno de 4,5% temos chances de retomar essa marca. Constatamos que os investidores começam a olhar com mais carinho para a ZFM, sinalizando um cenário econômico mais positivo no ano que se inicia”, ressalta Perico. 

Hoje, a produção do setor de duas rodas da ZFM caiu 50% em relação ao registrado no ano de 2007, aponta Périco. De lá para cá, as atividades na indústria vêm reduzindo drasticamente. O Amazonas já chegou a contabilizar mais de 180 mil empregos diretos nas mais de 500 mil empresas instaladas no Distrito Industrial. E, atualmente, não passam de 87 mil postos. São reflexos da crise e dos embates políticos travados com outros Estados que se dizem discriminados na concessão de incentivos fiscais. 

Por que só o Amazonas pode ser beneficiado? É esse o principal questionamento. Vez por outra, surge uma ameaça contra a ZFM que exige uma reação imediata por parte das lideranças políticas e empresariais do Estado em Brasília. É uma ‘queda de braço’ constante que leva a região a conviver com o fantasma de uma hecatombe, caso as indústrias aqui instaladas alcem voos para outras localidades.   

Mesmo assim, Wilson Périco diz não perder o otimismo. A equipe econômica com viés extremamente liberal na gestão Jair Bolsonaro também não o assusta, ressalta ele. As especulações são muitas e já causam uma insegurança jurídica que aos poucos afugenta novos investimentos. “Não devemos nos preocupar tanto com falastrões e previsões catastróficas. As vantagens comparativas têm garantias constitucionais e não vejo nada que possa ameaçar essa prerrogativa por enquanto”, acrescenta o líder empresarial.

Matriz econômica

E também a carranca do superministro Paulo Guedes, que não esconde a sua insatisfação com as vantagens concedidas ao Amazonas, não esmorece os ânimos de Wilson Périco para dias melhores na região. Ele defende uma nova matriz econômica, desta vez focada no potencial mineral e no turismo autossustentável que viriam a se somar às atividades da Zona Franca. 

Périco admite, porém, que o alto número de desemprego (são aproximadamente 13 milhões de desempregados) é um grande motivo de preocupação no Brasil. O empresário combate os argumentos de críticos contumazes que dizem ser a ZFM um peso para o Brasil.  “Ao contrário, a Zona Franca mostra que é extremamente benéfica para o Brasil. Só em São Paulo gera 200 mil empregos diretos e indiretos”, afirma. “O modelo possibilita contrapartidas econômicas e sociais que são de extrema relevância para nossa região e o País”, garante.

Segundo Wilson Périco, a indústria brasileira tem sofrido bastante com a acirrada competitividade no mercado de consumo. Para ele, é preciso dar melhores condições para as indústrias investirem mais na inovação tecnológica, que hoje faz diferença entre os clientes, porque a cada ano o consumidor quer novidades. “Temos que inovar cada vez mais. É isso que estimula o crescimento econômico”, afirma. 

Ele não vê com tanto alarde a reforma tributária que deve começar a ganhar corpo a partir deste ano. As mudanças são o principal pesadelo da classe empresarial do Amazonas, que teme a fusão de ICMS, ISS, IPI e Pis/Cofins num só imposto (o IBS), que hoje sustentam as atividades econômicas no Estado. 

Wilson Périco avalia ser necessário, no entanto, tirar o peso do Estado das costas do cidadão. “Temos que reduzir os impostos, sem dúvida. A reforma virá e vamos nos preparar para essas mudanças”, avalia.

Para o Cieam, a missão da entidade é levar a indústria do Estado à conquista de posição de destaque nos cenários nacional e internacional. Sua visão estratégica empreende o desenvolvimento de ações para a modernização do Amazonas e das instituições econômicas da região.

Entrevista – Wilson Périco, presidente do Cieam

Jornal do Commercio – O senhor se diz um otimista mesmo com as ameaças que pairam sobre a ZFM. O que o incentiva a vislumbrar dias melhores?

Wilson Périco – Os incentivos fiscais estão garantidos na Constituição. Existem muitas especulações que opositores da Zona Franca pressionam o governo federal para reduzir essas vantagens. A atual equipe econômica tem um viés extremamente liberal. Agora, temos que nos unir cada vez mais – nós, empresários, políticos e até a própria população – para defendermos o nosso Estado dessas manobras. 

JC – Como o senhor avalia a queda dos juros a patamares nunca vistos no Brasil?

WP – De forma extremamente positiva. As taxas devem alcançar até 4,5% este ano, dando condições para atrair novos incentivos e o fôlego que a economia precisa para crescer mais em 2020. O ano de 2019 não foi tão ruim, mas precisamos melhorar mais, sem dúvida.

JC – Uma das propostas da reforma tributária defende a fusão de impostos que são a mola propulsora da ZFM. É uma nítida ameaça à manutenção do projeto?

WP – Não tem jeito. As mudanças virão. Agora, cabe a nós avaliar o que pode ou não ser prejudicial à Zona Franca com a reforma que vem por aí. Para isso, temos nossos representantes no Congresso. Precisamos estar atentos. Mas uma coisa é certa – é necessário tirar o peso do Estado das costas do cidadão. Por isso, é preciso mudar.

 JC – O senhor se mostra um defensor intransigente de uma nova matriz econômica no Amazonas. Como viabilizar esse projeto?

WP – O Estado tem um potencial grande que não é explorado. A atividade mineral e o turismo autossustentável podem se somar às atividades da ZFM. E gerar milhares de empregos e renda à população. Os ribeirinhos estão praticamente desassistidos, convivem com muitas dificuldades. Então, por que não oferecer oportunidades para a exploração dessa rica biodiversidade, beneficiando a população do interior? Agora, falta criar essas condições – vontade política e captação de investimentos, principalmente.

JC – Como o senhor avalia a atuação do Jornal Commercio que em 2020 comemora 116 anos de existência no Amazonas?

Wilson Périco – O Jornal do Commercio faz história no Amazonas levando informações de muita credibilidade à população. O veículo consegue tratar isso de uma forma digna e muito transparente.

SAIBA MAIS

O Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas) foi fundado há 40 anos. Ligada ao setor industrial, seu principal objetivo é defender de forma técnica e política os seus associados e os princípios da economia baseada na livre iniciativa das empresas.

Segundo o empresário Wilson Périco, que preside a entidade, são prestados serviços aos seus quadros de associados em áreas específicas como legislação tributária, logística, gestão ambiental, comércio exterior e recursos humanos, visando elevar o grau de eficiência do setor industrial que opera no Amazonas.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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