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Cieam e Fieam renovam defesa à ZFM

Cieam e Fieam renovam  defesa à ZFM

Uma semana após a Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas) comemorar seis décadas de serviços em favor do crescimento do setor e do desenvolvimento estadual, foi a vez do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas) celebrar 41 anos, nesta segunda (10), na mesma luta e prestando os mesmos serviços. As datas vêm em um momento ímpar para Zona Franca de Manaus. 

A ZFM encontra-se em mais uma encruzilhada política e econômica: de um lado, os impactos econômicos e incertezas advindas pela pandemia; do outro, os riscos inerentes à Reforma Tributária e medidas extemporâneas, como a do PPB de TVs. No entendimento das lideranças do PIM, a conjunção pode ser fatal, caso as entidades, juntamente com as forças políticas e empresariais do Estado, e sociedade civil organizada não voltem a juntar forças em favor da sobrevivência do modelo – e até de sua reinvenção.

Em que pesem as garantias constitucionais que amparam a vigência da Zona Franca até 2073, mudanças ao alcance do Executivo, ou ao sabor de lobbies no Congresso podem dilapidar ainda mais as vantagens comparativas do modelo, comprometendo a permanência de investimentos e empregos. Se propostas como a unificação do PIS/Cofins não sinalizam maiores abalos ao PIM, há dúvidas sobre como virá a proposta do governo federal a respeito do IPI. E é consenso que as PECs no Senado e na Câmara não são favoráveis à ZFM.

A crise da covid-19, por outro lado, agravou um quadro que já se mostrava difícil para a indústria incentivada de Manaus, lastreada por bens de consumo dependentes de maior acesso ao crédito e do otimismo do consumidor, assim como mais vulnerável às oscilações cambiais. As perspectivas de uma recuperação lenta e incerta – suscetível a abalos e retrocessos – impõem obstáculos e buracos a mais nessa estrada que se abre para a ZFM e as entidades que a defendem, exigindo eventuais correções de rota para adaptar a indústria a mercuriais mudanças de mercado.

“Situação imponderável”  

O presidente do Cieam, Wilson Périco, ressalta ao Jornal do Commercio que, embora os ataques à Zona Franca de Manaus tenham recrudescido nos últimos dez anos, resistências a sua perenidade sempre existiram, ao longo das mais de cinco décadas de existência do modelo de desenvolvimento econômico do Amazonas. O dirigente concorda, contudo, que o momento é bem desfavorável à indústria incentivada. 

“É verdade. Hoje, passamos por uma situação do imponderável, que é essa questão da pandemia, ao mesmo tempo em que passamos por um desafio, que vem da iminente discussão e aprovação de uma Reforma Tributária, da qual precisamos participar efetivamente para garantir os direitos da Zona Franca. Nesse sentido, tanto o Cieam, quanto a Fieam, vêm promovendo ações e não têm medido esforços para encontrar subsídios para municiar nossa bancada e o governo do Estado para que façam a defesa do modelo ZFM. Tudo isso para assegurar os empregos assegurados por esses investimentos”, declarou.  

Nesse sentido, Wilson Perico salienta que estar à frente do Cieam “já há algum tempo” é um orgulho e um privilégio, além de continuar sendo um grande desafio. “Só tenho a agradecer a confiança e desejar a todos que compõem a, tanto a Federação, da qual sou o segundo vice-presidente, quanto o Centro, pela mesma garra determinação e brilho nos olhos para defender nosso modelo e direitos de nosso Estado”, afiançou.

Biotecnologia e bioindústria

Em artigo publicado nesta segunda (10), no site Brasil Amazônia, Agora, o presidente da Fieam, Antonio Silva, sinaliza também que a ZFM vem enfrentando desafios desde sempre e que os pioneiros da Zona Franca e da fundação da entidade tiveram de enfrentar um panorama que também não foi fácil, quando o Estado ainda passava por um período de reconstrução, com a economia ainda na fase de Porto de Lenha.

Antônio Silva

“Se hoje enfrentamos uma fatídica pandemia nos destroços da economia, há 60 anos vivíamos mais um processo de estagnação sem eira nem beira de apelação com a queda do 2º Ciclo da Borracha”, lembrou. Hoje, como na ocasião, o setor privado se descobriu forte a partir da somatória de seus esforços dentro das entidades de classes. (…) A Fieam segue na luta pelo Amazonas, por seu crescimento integral e conexão nacional, fazendo parte do Comitê Indústria ZFM Covid-19, e da CNI, transformando propósitos coletivos em saídas efetivas e operacionais, a favor da economia regional”, asseverou.

Nesse sentido, o dirigente avalia que o futuro converge para o passado, incluindo um olhar diferenciado para o potencial da floresta, no sentido de munir a bioeconomia e a bioindústria no Amazonas. Antonio Silva defende que os recursos gerados pelos polos de duas rodas, de eletroeletrônicos, informática, concentrados, entre outros, poderiam suprir esse projeto, e cita dados da Academia Americana de Ciências, para ressaltar que 20% dos medicamentos e cosméticos da indústria internacional usam insumos da Amazônia. Por isso, propõe que o Estado “vire o jogo”. 

“Temos que ser mais protagonistas e fazer valer o papel do setor produtivo nacional. Tínhamos liderança entre nossos fundadores e hoje temos que ampliar esta saga, construindo um projeto para a Amazônia. Temos dificuldades de acessar a biodiversidade em vista à biotecnologia por uma Lei proibicionista que favorece biopiratas. Para quem quer empreender tem que se munir de paciência e recursos para enfrentar a burocracia”, concluiu.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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