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Choro desesperado dos irlandeses

Não é de hoje, a Irlanda faz campanha contra a carne brasileira. Dona de 15% das exportações de carne bovina dentro da Comunidade Européia, o país não mede investimentos e usa as mais diferentes estratégias para atacar nossa pecuária. Até o momento, no entanto, apesar do arsenal pesado os tiros têm saído pela culatra: o Brasil não pára de aumentar suas exportações, inclusive para a Europa.

Nos últimos meses, três novos ingredientes desse embate ajudaram a mostrar o crescente desespero dos pecuaristas irlandeses, que estão à beira do precipício já que, em breve, devem perder os sagrados subsídios que recebem do governo sem fazer nenhum esforço e ultrapassam as centenas de milhões de dólares por ano.

O primeiro novo condimento dessa salada envolve a IFA (Associação dos Pecuaristas da Irlanda). Há alguns meses, o editor de Pecuária da IFA, Justin McCarthy, esteve no Brasil com dois dirigentes da entidade. Objetivo: investigar obscuramente, diga-se de passagem, a pecuária brasileira e retratar seu lado mais tenebroso para se defender do nosso avanço sobre o seu mercado cativo.

A conclusão do jornalista é contundente. Para McCarthy, que elaborou uma série de artigos para a imprensa européia, os quais, no entanto, não obtiveram a mesma repercussão de divulgações anteriores – uma, até, de 2006, da própria IFA –, a pecuária brasileira trabalha sem rastreabilidade, a remoção de brincos dos bovinos é corriqueira, assim como o trânsito animal é ilegal e irresponsável. Além disso, usamos hormônios de crescimento proibidos, há riscos iminentes de novos casos de febre aftosa e por aqui não se sabe o significado de biosseguridade.

A segunda novidade envolve a Eblex, entidade inglesa com 2.500 associados que defende e define os padrões de qualidade da carne bovina e de ovinos. A última decisão da associação tenta cravar a espada no coração da pecuária brasileira: para ela, carne com gene de bos indicus não tem padrão de qualidade. A Eblex se apóia em “pesquisas” que apontam que carne de qualidade é de bos taurus (raças de origem européia) e ponto final.

No começo de novembro, nova atitude desesperada da IFA. Um grupo de produtores associados à entidade protestou diante da sede da Comissão Européia, exigindo a divulgação de um relatório veterinário da União Européia referente ao controle de segurança alimentar e prevenção de febre aftosa no Brasil.

Sabemos bem dos desafios da nossa pecuária e não precisamos que “inimigos” comerciais nos mostrem esses obs táculos, mas, convenhamos, os pecuaristas irlandeses estão indo longe demais.

A pecuária brasileira é uma atividade jovem e em crescimento, com gestão profissional crescente. Uma prova irrefutável dos avanços é o espetacular avanço das exportações, mesmo com restrições pseudo-sanitárias impostas por dezenas de países, entre os quais da própria Comunidade Européia.

Salta aos olhos a estratégia dos pecuaristas da Irlanda, país cuja economia é historicamente amparada em subsídios e que está em vias de perder – ou de pelo menos ver reduzida – essa mordomia estatal. Assim como o peixe percebe que precisa se debater para não sucumbir à falta de oxigênio da água, a classe pecuária daquela região movimenta-se como pode para atingir nossa imagem no cenário internacional. Que exemplo de Primeiro Mundo é esse que fala em fair trade, defende res ponsabilidade social e segurança alimentar e se contradiz, agindo para proteger o seu way of life rural!

Mas que os problemas identificados pelos irlandeses em nossa terra e a discutível decisão da Eblex não sejam apenas instrumentos de guerra comercial. Que eles sirvam de alerta para toda a pecuária brasileira e os seus agentes: é preciso fazer a nossa parte e de maneira transparente.
Recentemente, surgiu a notícia de privatização do Sisbov, sistema de rastreabilidade do rebanho nacional. Sem entrar no mérito da questão, entendo ser possível concluir o processo de rastreabilidade de uma vez por todas. Incrível verificar que um siste

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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