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China, se não há jeito, resolvido está?

Há um temor mundial em cutucar a China, seja qual for o assunto da reclamação. Os mais sensatos já descobriram, porém, que o império Chinês não briga com ninguém diretamente. Eles seguram ou boicotam insumos, pagamentos e qualquer outro tipo de mercadoria de extremo interesse dos agressores. É o que está acontecendo com o bloqueio das vacinas Coronavac para o Instituto Butantã, pertencente ao governo paulista. Quanto mais a ideologia governista se sobrepõe à cidadania mais vidas são perdidas por falta de imunização. Simples assim. 

Um país cordato e limpo 

Durante quatro anos, o governo Trump vociferou pelo mundo afora contra o governo de Pequim e, de concreto, nada conseguiu, nem votos suficientes para se reeleger. Apenas fortaleceu positivamente a imagem de um país cordato e, o que é mais irônico, um país socioambientalmente equilibrado. Em descompensação, o presidente americano saiu meio escorraçado de Washington pelas bravatas eleitoreiras que culminou com um vexame histórico dado por um dirigente americano em processo eleitoral. Imagina ensaiar um golpe de estado dentro do Congresso dos Estados Unidos. Mas isso já é outra estória. 

Quem não alimenta não governa 

Na prática, parece meio prosaico debater se a China vai ou não superar Estados Unidos da América no topo do poder econômico mundial. Isso parece irreversível, a não ser em duas situações bastante improváveis. Uma delas é a comunidade internacional, liderada pelos países ricos do Ocidente, retirar seus meios de produção daquele país e retomar a partilha da cadeia mundial de suprimentos. A outra tarefa é boicotar, coletivamente, a exportação de alimentos para a China. Por uma razão extremamente elementar. Quem não alimenta seu povo não governa. O Brasil, o principal pitbull dos ataques contra a China, tivesse um líder diplomático dos bons tempos do Itamaraty, voltaríamos a brilhar.  Nas mediações e acordos, éramos uma das diplomacias mais respeitadas na comunidade mundial. 

Saudades do Barão 

Este posicionamento foi exposto num dos debates recentes sobre o tema, ocorrido em Londres, na Chatham House, onde a Amazônia é frequentemente tematizada. Trata-se do antigo Royal Institute of International  Affairs, a casa onde Hillary Clinton discursou, na semana passada, abertamente sobre o tema. Lembrando que a Chatham House aborda historicamente quatro temas: energia, ambiente, recursos naturais, economia internacional e direito internacional. Temos no Brasil energia limpa, recursos naturais para esbanjar, um meio ambiente florestal, que é encarado, na proposta desenvolvimentista nacional, como oportunidades de negócios agropecuários. E o que é lastimável, a Amazônia está sendo interpretada pela mais tímida vertente entre as taxas potenciais de retorno. E pra complicar, nossa economia internacional é tímida e no direito já fomos referência global com o Barão do Rio Branco.

Em nome da sobrevivência 

Num país que apregoa/incentiva abertamente que já estamos num processo de desindustrialização, e com a dívida pública rumando para 100% do PIB, podemos cutucar a vontade, jogando para a plateia, claro. Todo mundo sabe, especialmente Pequim, que o Brasil jamais integrará essa frente global de boicote da segurança alimentar em nome de sua sobrevivência econômica. Resta, portanto, cogitar a participação do país no movimento de recuada em bloco necessariamente liderado pelos países de moeda forte, que não é nosso caso. 

Toma lá, dá cá 

Precisaríamos de ter liderança internacional destacada para nos aliarmos com os princípios de resgate pelos países de economia robusta. Assim, seria mais fácil propor a partilha no setor de tecnologia, pois somos classificados como detentores de uma situação tecnológica adversa, para não dizer  inferior. Enfim, diante de tantos obstáculos a verdade é que não há como isolar a China, até porque os donos do modo de produção  capitalista vêem aquele país como a morada das oportunidades tanto por sua mão de obra farta e pelo seu custo menor de produção. Nesse contexto, a proposta da desindustrialização, à exceção da agroindústria das commodities brasileiras, faz sentido. Nós conquistaríamos prioridade na oferta de alimentos, em compensação vamos ajudar  a resgatar a cadeia asiática de suprimentos em todo seu esplendor mandarim. Em tempo, a inserção da Bioeconomia, pelo que está escrito no Plano Diretor da Embrapa para 20/30, será pinçada sempre e quando desenvolver sua inovação nanobiotecnológica  voltada para o bioma cerrado. Não para o imensurável banco de germoplasma da Amazônia. É o que está acordado.

(*) Alfredo é editor-geral comportar BrasilAmazoniaAgora
(**) Maurício é empresário e conselheiro do CIEAM.
 Follow Up é uma publicação das quartas, quintas e sextas-feiras, sob a responsabilidade do CIEAM e coordenada pelo consultor da entidade, Alfredo Lopes.
Foto/Destaque: Divulgação

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