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Cheia dos rios no Amazonas se aproximam de marca histórica

A previsão do serviço geológico do Brasil vem se confirmando de uma cheia de grande proporção neste ano. O processo acelerado de elevação do nível dos rios Negro, Solimões e Amazonas, marcou o volume de 29,89 metros nesta segunda-feira (24). O volume atual está a apenas 8 cm dos níveis registrados em 2012. A situação em status de emergência vem refletindo em vários aspectos. Os efeitos têm mudado a rotina dos amazonenses, impactado vários segmentos e causado extravio em várias propriedades nos municípios do Estado. Ações por parte dos órgãos estadual e municipal por meio de uma verdadeira força tarefa tentam  minimizar os prejuízos.

Ruas interditadas, trânsito desviado, pontes de madeiras e passarelas que se multiplicam estão entre as medidas adotadas pela Prefeitura de Manaus para conter os efeitos das cheias. Em balanço mais recente divulgado pelo órgão em um mês, por meio da operação “Cheia 2021”, o executivo municipal construiu mais de 5 mil metros de pontes provisórias para proporcionar melhorias na infraestrutura das localidades prejudicadas pela enchente deste ano. As estruturas já contemplaram quase dez bairros da capital. Nesta segunda-feira, 24/5, a cota do rio Negro atingiu a marca de 29,89 metros, a apenas 8 centímetros para alcançar a margem de 29,97 metros, registrada na cheia histórica de 2012.

O volume atual está a apenas 8 cm dos níveis registrados em 2012 Foto: Divulgação

A Casa Militar, por meio da Defesa Civil, catalogou 15 bairros que estão sendo afetados pela subida dos rios, e dez já estão recebendo a operação “Cheia 2021”, por meio das construções de pontes e passarelas. 

“Por uma determinação do prefeito David Almeida, estamos atuando com sete equipes de trabalho para acelerar o processo de construções de pontes e assim minimizar os transtornos causados pela subida dos rios. Estamos prestes a ter uma cheia histórica em Manaus e estamos trabalhando para atender a população da melhor forma possível”, ressaltou o secretário municipal da Casa Militar, tenente William Dias.

Comércio região central 

No Centro da cidade, cerca de 200 estabelecimentos comerciais estão sendo afetados pela cheia dos rios. Os dados são da ACA (Associação Comercial do Amazonas). O nível das águas alcançou a entrada das lojas e compromete o trânsito de clientes. As perdas nas vendas contabilizadas já totalizam diminuição  de 50% no faturamento. 

“Com as águas invadindo as lojas, impossibilita o acesso dos clientes aos serviços oferecidos pelos estabelecimentos do centro da cidade. Muitos comerciantes estão investindo na infraestrutura interna das lojas para minimizar os prejuízos causados pela subida das águas, evitando assim perdas nas mercadorias”, afirma o presidente da entidade, Jorge Lima.

Naquela região,  a prefeitura tem construído  passarelas de ferro com compensados  a um metro de altura para facilitar o trânsito dos pedestres no trecho que compreende a esquina da avenida Eduardo Ribeiro com a rua Floriano Peixoto em frente ao prédio da Alfândega, pontos que já estão inundados. Área considerada de bastante movimento porque recebem a movimentação intensa de ônibus que trafegam pelo Centro de Manaus. Na área é possível observar que os carros de passeio transitam de forma lenta sob um espelho d ‘ água o que causa engarrafamento. 

Na área da feira da Manaus Moderna, 221 permissionários precisaram ser alocados num novo espaço. A feira flutuante foi construída para instalar os trabalhadores que atuam na área atingidos pelas cheias do rio e devem cumprir as atividades no local pelos próximos três meses.

Agricultura e pecuária 

Conforme o levantamento realizado pelo Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam) na última quinta-feira   (20/05), o valor das perdas agrícolas ocasionadas pela enchente de 2021 já somam mais de R$ 189 milhões. 

Esse levantamento é referente aos municípios de Atalaia do Norte e Benjamin Constant (Alto Solimões); Fonte Boa e  Tefé (Médio Solimões); Anori e Manacapuru (Solimões); Boca do Acre, Pauini, Lábrea e Canutama (Purus); Guajará, Ipixuna, Envira, Eirunepé, Itamarati, Juruá e Carauari (Juruá); Humaitá, Manicoré, Nova Olinda do Norte, Borba e Novo Aripuanã (Rio Madeira), Itacoatiara (Médio Amazonas)e Nhamundá e Urucará (Baixo Amazonas). 

Até o momento, 16.639 famílias tiveram suas produções atingidas nessas localidades. Entre as principais culturas estão banana, hortaliças, mamão e mandioca.

De acordo com o diretor-presidente do Idam, Valdenor Cardoso, o Instituto está atuando nas ações de crédito emergencial em todos os municípios. “Até a primeira semana  de abril, o Idam registrou cerca de 2,6 mil nomes de proponentes ao crédito da Afeam (Agência de Fomento do Amazonas). O objetivo é cadastrar e atualizar cadastros de produtores para projetos agropecuários, que visam recuperar áreas atingidas pela enchente, como é o caso dos plantios de mandioca e fruticultura. O crédito é destinado para apoiar as atividades produtivas em todo o estado, seja na estrutura, no transporte ou na organização da produção”, destacou Valdenor.  

Outra estratégia foi intensificar as ações itinerantes em comunidades distantes do interior para o cadastramento de produtores para emissão do CPP (Cartão do Produtor Primário), DAP (Declaração de Aptidão ao Pronaf) e CAR (Cadastro Ambiental Rural), que são documentos essenciais para acesso às políticas públicas do setor primário. 

A Instituição segue também com as ações de entrega dos kits sementes da agricultura familiar adquiridos pela Secretaria de Estado de Produção Rural (Sepror). Ao todo, são 42,8 toneladas de sementes de diferentes tipos de hortaliças, frutas e grãos. Além do apoio logístico no transporte (fluvial e terrestre) das equipes da Defesa Civil nas ações emergenciais.

Municípios

Até o momento, em todo o estado, cerca de 62 municípios registram prejuízos por causa da cheia, atingindo ao menos 455 mil pessoas. A Defesa Civil do Estado do Amazonas conta com o Cemoa (Centro de Monitoramento e Alerta), que atua no levantamento e disparo de informações para os entes municipais através de boletins e alertas meteorológicos.

Desde fevereiro, o Governo do Estado está executando uma série de ações, para minimizar os impactos das famílias vítimas da cheia. Por meio da Operação Enchente 2021, o Estado já levou ajuda humanitária, água potável e ações nas áreas social, saúde e fomento, como anistia de dívidas e operações de crédito, aos municípios em Situação de Emergência decretada em razão da cheia. 

O Auxílio Estadual Enchente está injetando R$ 30 milhões na economia dos municípios. Com isso, os investimentos do Governo do Estado na enchente 2021 somam R$ 97 milhões, uma vez que as demais ações da Operação Enchente têm previsão total de R$ 67 milhões em recursos.

Entre as ações para ajudar a população atingida estão aporte financeiro via convênio, envio de cestas básicas, kit higiene, kit dormitório, entre outros; reforço no abastecimento de água potável com o envio de Estações de Tratamento de Água Móvel e Estações do Projeto Água Boa; Benefício no valor de 300 reais distribuído nos municípios atingidos;

A Operação Enchente conta com o esforço coletivo para suporte das populações atingidas, trabalham juntos nas ações o efetivo da Defesa Civil Estadual, Defesas Civis Municipais, Prefeituras, entre outros entes e secretarias.

Por dentro

Toda essa intensidade no volume de água está relacionada ao fenômeno La Niña, que diminui a temperatura da superfície das águas do Oceano Pacífico.

Com a nova marca para a cheia de 2021, este ano deve chegar ao status de sétimo evento nos últimos dez anos. O SGB-CPRM (Serviço Geológico do Brasil) irá divulgar o 3º Alerta de cheias de Manaus de 2021, que está previsto para 31 de maio. 

Foto/Destaque: Divulgação

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio
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