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Cheia deste ano tem pouca probabilidade de bater marca histórica

A cheia deste ano deve atingir a marca de 29,65m, de acordo com o terceiro  alerta de cheia do SGB-CPRM (Serviço Geológico do Brasil). Embora o volume das águas mantenha o status de alerta, a cota máxima de previsão corresponde a 15 centímetros a menos, anunciada na última previsão realizada no fim de abril. Ano passado a marca histórica registrou 30,02 metros. 

“O rio está apresentando apenas uma pequena probabilidade, da ordem de 8%, de alcançar o máximo evento histórico observado no ano passado, 30,02m. A previsão é de que o rio atinja uma cota máxima de aproximadamente 29,65m, podendo variar entre 29,47m e 30,00m”, afirmou a pesquisadora, Luna Gripp,

Ainda de acordo com a responsável pelo Sistema de Alerta Hidrológico do Amazonas (SAH Amazonas), houve um aumento nítido na frequência com que os eventos extremos atingem a capital amazonense, desde o princípio do monitoramento até os dias de hoje. Os dados apontam que seis das 10 maiores cheias de toda a série de Manaus aconteceram na última década. “A cheia de 2022, já está entre as oito maiores da série histórica, mesmo ainda não tendo chegado no fim do seu processo”, afirmou.

Ontem (31), o nivel do rio Negro estava em 29,47m de segunda para terça-feira subiu 3 centímetros, o que representa a oitava maior cheia registrada na capital. 

O levantamento que prevê a magnitude das cheias para Manaus, Itacoatiara e Manacapuru, divulgou que nos três municípios, os rios já superaram as respectivas cotas de inundação severa.

Manacapuru e Itacoatiara seguem a previsão para a capital. No município de Manacapuru, a previsão é de que o rio Solimões atinja um valor de aproximadamente 20,15 m, com um intervalo provável variando entre 19,90 e 20,50 m. A probabilidade de que o rio venha atingir a cota máxima histórica -de 20,86m, registrada em 2021 -é de 2%. Em Itacoatiara, a previsão é de que o rio Amazonas atinja um valor aproximado de 14,85m, com variação entre 14,76 e 15,00 m. A probabilidade de que o rio venha superar a cota máxima (15,20m em 2021) é também de 2%.

Tendência de estabilidade

Segundo Luna Gripp, pesquisadora do SGB-CPRM, o padrão de cheias observado no Estado como um todo foi ocasionado por um volume de chuvas muito acima do esperado em janeiro e fevereiro. “Em termos de prognóstico, o pico da cheia em Manaus deve se manter próximo aos 30 metros. O rio Solimões, na cidade de Manacapuru (AM), deve atingir um nível próximo aos 20,78 m, também cheia recorde no município. Já em Itacoatiara (AM), o rio Amazonas tem seu pico previsto em torno de 15,22 m”. 

As previsões apresentadas consideram um nível de 80% de probabilidade, podendo variar em torno de 2 cm, para cima ou para baixo, ao redor do valor médio previsto. Como o nível dos rios já se encontram próximos a esses valores, as previsões indicam, portanto, a estabilidade das águas. A pesquisadora ressalta que as pequenas variações observadas no nível dos rios ao longo dos últimos dias, da ordem de 1 ou 2 cm, são praticamente irrelevantes se comparadas à magnitude dos rios analisados e não afetam significativamente os impactos associados ao evento de inundação que já estão instalados.

“Há uma grande probabilidade de que o fenômeno de inundação em 2021 esteja chegando ao fim, mas mesmo com os rios estabilizados, a redução dos níveis é lenta e gradual”, afirma a pesquisadora. Ou seja, os impactos associados às inundações atuais devem se estender ainda pelas próximas semanas. Sobre a possibilidade de um repiquete, situação em que o rio começa a descer, e depois volta a subir, a pesquisadora afirma que no cenário atual não há nada que indique grandes possibilidades de ocorrência do fenômeno. “Considerando as previsões de chuvas e as precipitações observadas até agora, além do comportamento dos rios nas cabeceiras, é improvável que venhamos a ter um repiquete como o que ocorreu em 2009”, explica.

O padrão de inundações severas atualmente observado confirma as previsões apresentadas durante os alertas anteriores. O primeiro alerta, realizado ao final do mês de março, já indicava as grandes probabilidades de se observar uma cheia de grandes magnitudes ao longo de 2021. Ainda mais assertivo, o segundo Alerta de Cheias apresentou uma previsão de que as cheias observadas estariam entre as maiores da história de monitoramento, fato que vem se confirmando.

Ação das chuvas sobre os rios

O meteorologista do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), Renato Senna, explicou que para os primeiros meses de 2022, o fenômeno de resfriamento das águas do pacífico, conhecido como La Ninã, modificou os regimes de chuva trazendo um grande volume de chuvas para a região. Segundo a analista Deydila Bonfim, do Censipam  (Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia), a previsão para os três próximos meses é ainda de chuvas acima do normal nas bacias do rio Negro e Branco. O órgão, por meio de boletins trimestrais, avalia a situação climatológica de precipitação da região Amazônica, bem como os riscos para a população.

Estiveram presentes, também, na transmissão, o superintendente regional substituto de Manaus do SGB-CPRM, Nelisson Leão; o coronel da Defesa Civil Estadual do Amazonas, Clóvis Araújo Júnior; e, em vídeo, o coronel da Defesa Civil de Manaus, Fernando Paiva Pires.

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio
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