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Cesta básica fica mais limitada em Manaus

A redução na lista de itens da cesta básica contextualiza bem a dificuldade do amazonense em equilibrar cada vez mais o orçamento com o aumento dos preços de produtos básicos e essenciais do dia a dia. Esse verdadeiro malabarismo é retratado no levantamento realizado pela CDC/Aleam (Comissão de Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas), nos dias 28 e 29 de julho, ao percorrer dez supermercados em Manaus. Os três vilões que puxaram a alta de 2,24% em relação ao mês anterior foram o feijão carioca (+72,86%), o café em pó (+58,05%) , e o extrato de tomate (+79,14%).

De acordo com a pesquisa,  em junho o preço médio da cesta básica foi de R$ 265,19, enquanto em julho o valor médio foi de R$ 271,13, acumulando alta de 8,75% nos últimos sete meses. Foram pesquisados  26 itens que fazem parte da cesta do amazonense. 

Ainda segundo a pesquisa, a cesta básica amazonense apresentou uma variação de 47,36%, entre o mínimo e o máximo registrado, onde a mais barata no valor de R$ 217,34 e a mais cara no valor de R$ 320,27.

Foram registradas diferenças de valores até 161%, como é o caso do creme dental (R$ 1,49 a R$ 7,78). Outros produtos também tiveram destaque na variação de preços como a água sanitária (105,88%), sabão em pó (+134,23%), e o achocolatado (76,92%).

Já as proteínas, como o frango e o ovo, os preços variam entre 32% e 35%, respectivamente. De acordo com o presidente da CDC/Aleam, deputado Estadual João Luiz (Republicanos), é importante alertar o consumidor quanto a variação de preço entre produtos similares encontrados em cada estabelecimento.

“Essa variação de valores observada nos estabelecimentos aponta a necessidade de o consumidor fazer pesquisas na hora de fazer as compras do mês. Neste caso, vale a pena gastar um tempo e pesquisar para garantir uma economia mensal na renda familiar”, ressaltou João Luiz.

Fatores

O economista Eduardo Souza comenta que a retração econômica fortemente vinculada à pandemia levou a investimentos muito altos para conter a crise e a pausa em vários segmentos levou a diminuição do consumo, de produção, de renda e, consequentemente aumento do desemprego. “Fatores que levam ao desequilíbrio econômico, justamente por conta dessa questão da crise -houve um aumento de preço nos custos fixos e variáveis para produção desses produtos ou para execução de serviços tornando as coisas mais caras”. Além disso, ele cita a desvalorização  no mercado econômico da nossa moeda o que torna a inflação mais alta e acarreta em alta nos preços dos produtos, dessa forma o real perde valor para compra de cestas qualquer, cesta de bens, inclusive as relacionadas a alimentos como a cesta básica. 

Apesar do clichê, para o  especialista em finanças Jorge Oliveira, a alternativa é substituir alguns produtos por outros mais acessíveis.  E tentar buscar essas opções em mercadinhos nos próprios bairros. “Nós estamos enfrentando altas em todos os aspectos. Para piorar, a demanda está muito maior que oferta o que impacta num desequilíbrio nos preços. Os tradicionais mercadinhos são bem-vindos porque se fizer uma pesquisa a gente consegue observar que comprar nesses estabelecimentos é menos custoso”. 

Ele também lembra que essa mudança no comportamento do consumidor em relação a ida a outros estabelecimentos é uma realidade. Mesmo porque o poder de consumo das famílias diminuiu bastante, o que favoreceu a valorização dos pequenos mercadinhos. “Não só em mercadinhos, mas hortifrutis e outros nichos dentro desse mercado”. 

Outros resultados

Essa percepção  do economista, coincide com a última pesquisa realizada pela  Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), em parceria com a Alelo, bandeira especializada em benefícios, incentivos e gestão de despesas corporativas. Entre janeiro de 2019 e maio de 2021 (em termos reais, isto é, considerando a evolução da inflação média ao consumidor), o valor médio da cesta básica apresentou tendência de elevação ao longo do mesmo período (também em termos reais), especialmente a partir do segundo semestre de 2020. Esse período coincide com a aceleração dos preços de diferentes itens importantes de consumo da cesta (acima da inflação média ao consumidor), como arroz, feijão, carnes, óleos vegetais, entre outros bens de consumo. A comparação entre os valores de recarga e da cesta básica evidencia uma queda no poder de compra dos benefícios recebidos pelos trabalhadores formais para alimentação durante a crise sanitária.

Especificamente, se no intervalo de 12 meses anteriores ao início da pandemia (entre abril de 2019 e março de 2020), o valor médio da recarga do benefício alimentação correspondia a 87,7% do valor médio da cesta básica, nos 12 meses seguintes (entre abril de 2020 e março de 2021), essa proporção foi equivalente a 81,8%, o que representa uma queda de 5,9 pontos percentuais. Em outras palavras, os créditos recebidos pelo trabalhador formal na forma do benefício alimentação passaram a comprar uma quantidade menor de produtos que compõem a cesta básica no período de análise.

Foto/Destaque: Divulgação

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio
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