Pesquisar
Close this search box.

Certo como dois mais dois são cinco

https://www.jcam.com.br/artigo_cad1_1012.jpg

Nas últimas semanas, nós, amazonenses, ficamos iguais a marido traído: fomos sempre os últimos a saber. Parte da arquibancada do estádio da Fonte Nova desabou em Sal­­vador, na Bahia, e então fomos informados de que o Vivaldo Lima está classificado entre os cinco piores estádios do Brasil, segundo avaliação do Sindicato dos Engenheiros e Arquitetos. Agora, em reportagem veiculada no Jornal Nacional, dia 4, descobrimos que os estudantes amazonen­ses ficaram em último lugar em uma avaliação de matemática, realizada pelo Pro­grama Internacional de Avaliação de Estudantes, cuja sigla em inglês é Pisa.

A avaliação do Pisa foi feita em 57 países e o Brasil ficou em 54º lugar, o pior da América La­tina, em matemática.

Entre os estudantes brasileiros, os ama­­­­­­­­­­­zo­nen­­ses ficaram em últi­mo­. Estes dados anunciam uma tragédia para um futuro não muito distante. A consequên­cia mais imediata é que abdicamos, assim, a qualquer sonho de um dia termos aqui um pó­­­lo de informática. É uma equa­ção com resultados perversos para os amazonenses, que estarão de fora de um mercado cujas expectativas de crescimento são simplesmente assombrosas em todo mundo. A informática, com sua base bi­­­nária, é matemática pura. To­­­do e qualquer software é cons­truído a partir de elaboradas equações que vão muito além do simples dois mais dois, que nossos estudantes ainda têm dificuldades em responder.

Não é à toa que, atualmente, a Índia é o país que mais cresce neste mercado, sendo o maior produtor de software no mun­­­­do. Para lá estão se transferin­do importantes indústrias do setor, desbancado há muito o Va­le do Silício, na Califórnia, como o principal centro pro­du­tor de informática. Por quê? Porque o ensino básico na Ín­­­dia, assim como em muitos paí­­ses da Ásia, tem enfoque nas ci­­­­­­­ências exatas. Desde cedo, os estudantes indianos têm na matemática a principal área de aprendizagem e esta prática não é coisa recente, uma neces­­si­­­­­dade do momento para o mer­­­cado de informática, por­­que é tradição nas escolas da Índia o ensino de equações e de tantos outros problemas cu­­­jas soluções são encontradas a­­­­­­tra­­­­­vés de números.
A matemática, na Índia, tem uma história à parte. O que nós conhecemos como algarismos arábicos foram na realidade inventados pelos indianos. Mas, como foram os árabes que os divulgaram na Europa, ficaram com a fama de seus criadores. Quando os europeus partiram para as grandes navegações, sua matemática era tão atrasada que ainda faziam uso de algarismos romanos. Como se sabe, não existe um símbolo nestes numerais para designar o zero. O zero parece pouca coisa, mas em matemática é essencial para solucionar equações avan­­­ça­­­das e, imprescindível, no cálculo do tempo. Sem os alga­­­­rismos indianos, ou arábi­­­cos, o que nós conhecemos ho­­­­je como informática sequer exis­­­tiria, porque tudo que um computador faz tem por base os nú­meros binários zero e um.

Quando os europeus chegaram na América ainda faziam uso de algarismos romanos e, por isso, se assombraram com o conceito de zero que os maias, antigo povo da conhecida Meso-América, no atual México, tinham para calcular o tempo. Para os invasores, o zero era uma espécie de bru­xa­­­ria e, pensando dessa manei­­ra, queimaram os códices mai­­­as que ensinavam uma ma­­­­te­­­­mática avançada, capaz de calcular o tempo com mais precisão do que nós, com to­­­­­da nossa tecnologia de hoje, não somos capazes de calcular. A matemática era a base da cul­­­tura dos maias e continua sen­­do­ a base da cultura indiana. Paí­ses que apostaram na educação, como forma de desenvolver sua economia, ensinam matemática a seus alunos com afinco, e cobram resultados dentro e fora das salas de aula.

A tradição brasileira de en­­­sino humanístico está nos fa­zen­­­do perder o bonde da his­­­­­tória, quando enfatiza a discus­­são de temas filosóficos em de­­­trimento ao conhecimento das ciências exatas. Nossos alunos perdem tempo nas salas de aul

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar