Este dia 23 de setembro de 2023 marca o centenário do advogado, ex-deputado estadual e ex-Procurador Regional da República, Eros Pereira da Silva, morto em 28 de dezembro de 2008, aos 85 anos, mas que deixou um legado de excelência no serviço público em mais de 44 anos de vida pública e de 60 anos servindo ao direito no Amazonas.
Como reconhecimento deste grandioso legado, contamos aqui um pouco da história deste ícone do Amazonas. Um homem probo que se destacou atuando mais nos bastidores do que nas vitrines, sempre com responsabilidade e respeito, sendo um referencial não apenas para seus familiares e amigos.
Em todos esses 60 anos de atividade profissional, Eros Pereira teve uma grande diversidade de cargos e funções, mas nunca deixou sua essência de advogado, militando ativamente na profissão.Ele integrou um grupo de advogados que prestava serviços gratuitos à população que não dispunha de recursos para pagar honorários (parentes de pessoas presas ou lesadas em seus direitos), segundo informações históricas publicadas na página do Facebook Manaus Sorriso.
Na primeira metade da década de cinquenta, o nome do Dr Eros Pereira aparece entre os que formavam o “Conselho de Segurança” que julgou os réus do rumoroso “Caso Delmo” – assassinato ocorrido em 1952, perpetrado por um grupo de motoristas de praça que decidiu fazer justiça com as próprias mãos, assassinando cruelmente o estudante secundarista Delmo Pereira.
Delmo, à época, cumpria prisão preventiva acusado de assassinar um motorista de táxi, após assaltar a Serraria Pereira de propriedade do próprio pai. Eloquente e profundo conhecedor das leis, o advogado dr. Eros Pereira participou de diversos julgamentos célebres, atuando, quase sempre, na defesa.
Em 1955, foi eleito segundo suplente de deputado estadual, sendo empossado, ainda no início da legislatura, pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), mesmo partido do Governador eleito Plínio Coelho (1955-1959) de quem era compadre.
Em 1956 liderou um grupo de deputados do PTB, a romper com a legenda e com o Governador Plínio Coelho. Este fato pode ser considerado um divisor de águas na política local daquela época, pois foi decisivo, para a primeira eleição ao Governo, de Gilberto Mestrinho (1959-1963), em 1959. Na legislatura de 1955-1959, Eros esteve como deputado por quase três anos e seis meses. Findo o mandato de deputado estadual, o dr. Eros Pereira foi nomeado Procurador Fazendário do Estado.
Sobre o dr. Eros Pereira, disse o Jornalista e bacharel de Direito dr.Lúcio de Siqueira Cavalcanti: “…um caboclo íntegro, de atitudes incontrastáveis, senhor de si mesmo, incapaz de tergiversar dos seus próprios sentimentos e princípios…”.
Início da jornada na Villa de Boa Vista do Rio Branco
Eros Pereira da Silva nasceu às 16h do dia 28 de setembro de 1923, na Praça Barreto Leite, Villa de Boa Vista do Rio Branco (atual Boa Vista – RR), Estado do Amazonas. Era filho de Carlos Pereira da Silva e Ida Lago Pereira da Silva.
Pelo lado paterno, era neto do Tenente Coronel Raul Pereira da Silva e Raimunda Pereira da Silva. Bisneto do Dr Agesilau Pereira da Silva (Presidente da Província do Amazonas de 1877/1878) e Adelaide Cândida Machado da Silva, bem como do Tenente Jacob José Pereira e Dorotéia Pereira de Oliveira.
Pelo lado materno, neto do Major Aureliano Leopoldino Pereira do Lago e Januária de Magalhães Lago. Bisneto de Luiz Pereira do Lago e Roza Maria de Lima e Lago, bem como do Capitão Inácio Lopes de Magalhães (fundador de Boa Vista, em 1830) e Liberata Mardel de Magalhães.
Eros Pereira da Silva era o segundo de quatro filhos (Adyr, Eros, Aleth e Raul). Pouco antes de completar oito anos de idade, sofreu a perda de seu jovem pai, em 24/08/1931. Ida, sua mãe, sobrevivia de costuras e da ajuda do tio de seu esposo, o Comendador Joaquim Gonçalves de Araújo, o JG Araújo.
Este era casado com Maria Adelaide da Silva Araújo, filha primogênita de Agesilau Pereira da Silva e irmã de Raul Pereira da Silva, pai de Carlos. Esta ajuda perdurou desde o falecimento de Carlos até 1940, ano em que o Comendador faleceu em Portugal.
Dali para frente, Eros e sua irmã mais velha, Adyr, precisaram trabalhar para ajudar no sustento da casa bem como poderem estudar. Eros ingressou na última turma do Curso Pré Jurídico do Colégio Dom Bosco em 1942 concluindo em 1943. Já em 1944, ingressou no Curso de Ciências Jurídicas e Sociais da Faculdade de Direito do Amazonas, onde colou grau em 11 de dezembro de 1948. Em oito de fevereiro de 1949, se inscreve sob o nº 089, na OAB Amazonas. A partir de então, dr Eros deu um grande salto em sua jornada na vida pública no Amazonas
Juiz Municipal no interior: a primeira função pública
A primeira incursão de Eros Pereira no serviço público se deu como Juiz Municipal para o município de São Paulo de Olivença, onde permaneceu por nove meses no ano de 1949. Retornando para a capital, foi nomeado Delegado Especial de Investigação e Capturas. Eros já começou nesta época a fazer nome e com isso, passou a sonhar com a possibilidade de exercer mandato popular.
Ainda não possuía escritório próprio, apenas uma sala alugada na esquina das ruas Saldanha Marinho com Lobo D’Almada. A convite do jornalista Josué Cláudio de Sousa, passou a utilizar uma das salas da Rádio Difusora do Amazonas, e como pagamento, dispensava dois dias por semana para atender os eleitores do político.
Depois de renunciar ao cargo de deputado estadual em janeiro de 1959, tomou posse como Consultor Jurídico da Secretaria da Agricultura, Indústria e Comércio – SAIC. Durante a campanha para as eleições presidenciais de 1960, apoiou junto com o ex-governador Plínio Coelho o candidato vitorioso Jânio da Silva Quadros.
Por este presidente, foi nomeado aos elevados cargos de Procurador Regional da República e Procurador Regional Eleitoral. Já na década de 1960, exerceu os cargos de maior relevância de sua vida funcional, tais como: Sub Procurador Jurídico da Procuradoria Jurídica e Fazendária do Estado por três vezes.
Procurador Jurídico e Fazendário do Estado. Vice-Presidente da Comissão Estadual de Licitação. Chefe de Polícia do Estado. Subchefe da Casa Civil. Secretário de Estado Chefe da Casa Civil. Secretário de Estado do Interior e Justiça. Procurador Fiscal da Fazenda (equivalente ao Procurador Geral do Estado, antes da criação da PGE).
Um homem de família e uma inspiração eterna
O Dr Eros Pereira da Silva morreu em Manaus, no dia 28 de dezembro de 2008, aos 85 anos de idade. Ele deixou os seguintes filhos:
Maria Lídice Pereira da Silva Volker,Lliberata de Fátima Pereira da Silva Nogueira e Maria das Graças Souto Pereira da Silva, filhas com a senhora Antonieta do Areal Souto.
Ida de Nazaré Ferreira Maia, filha com a senhora Guilhermina.
Eros Pereira da Silva Júnior (in memorian), filho com a senhora Criselides Alexandre.
Carlos Pereira da Silva (in memorian), filho com a senhora Helena Salgado.
Themis Filgueiras Pereira da Silva e Socorro Filgueiras Pereira da Silva, filhas com a senhora Ruth Santana Filgueiras.
Simone Moraes Lisbôa (filha do coração) e Eros Augusto Pereira da Silva, filhos com a senhora Olgarina Melquíades Lisbôa Pereira da Silva, sua esposa e companheira até a data de seu falecimento.
Deixou 32 netos, 37 bisnetos e 13 trinetos.
Apesar de inúmeras tentativas de seu filho Eros Augusto Pereira da Silva junto aos governos Estadual e Municipal, não foi possível ainda ter o nome do dr Eros Pereira da Silva perpetuado como merece.
“Meu desejo era que neste dia do seu centenário de nascimento, uma via pública de relevância levasse seu nome, sonho que ainda não se concretizou. Mas acredito ser possível sensibilizar os governantes. Até um dia, meu paizão… Feliz centenário aí no céu ao lado da mamãe e de tantos outros queridos que me precederam na Glória Divina!”, disse emocionado Eros Augusto Pereira da Silva.
Fonte: Eros Augusto Pereira da Silva e Página Manaus Sorriso