O segundo semestre para o comércio da região central de Manaus, é visto com otimismo pelos empresários do setor. Após um período de intensas chuvas e enchentes severas, impactando o varejo local, o momento é de tentar correr atrás do prejuízo e buscar fôlego.
O primeiro passo foi a liberação das avenidas que haviam sido tomadas pela subida das águas e precisaram ser interditadas. As lojas, também afetadas com as cheias, reabriram as portas a partir desta segunda-feira (2), retomando as atividades.
De acordo com a CDL-Manaus (Câmara de Dirigentes Lojistas de Manaus), a retomada das atividades nestes estabelecimentos aquecerá as contratações imediatas no comércio de 250 vagas, o que equivale a uma parcela de pelo menos 1,5 mil postos que deverão ser gerados até o final do ano.
O presidente da CDL-Manaus, Ralph Assayag, contabiliza que um total de 8 mil estabelecimentos localizados na parte central de Manaus, nove estão passando por obras de reparos em suas estruturas em razão da cheia. Ele reitera que o nível das águas baixou o que garante o retorno das lojas. “O segundo semestre é melhor que o primeiro, além disso a chegada do verão associada à queda nos índices da pandemia no Amazonas reforça ainda mais a projeção de um semestre positivo e alcançar níveis bem maiores que o ano passado. A nossa estimativa é que o terceiro trimestre deste ano consiga superar 2020”.
Na mesma esteira, Assayag estima que a geração de postos de trabalho seja compatíveis com as registradas em 2019. “Eu considero que o volume deva superar os níveis pré-pandemia. Além disso, vamos ter um semestre com a inauguração de novas empresas o que vai demandar novas oportunidades de contratações”.
A previsão de novos empreendimentos, a exemplo no setor de supermercados, deverá garantir 280 postos de trabalho. “Até o fim do ano deveremos ter a abertura de pelo menos 1,5 mil novas vagas neste semestre”, frisou.
O presidente da Assembleia da ACA (Associação Comercial do Amazonas) e empresário do segmento, Ataliba David Filho, diz que a vazante traz grandes projeções para o comércio. E deve ter um ritmo acelerado de movimento nesta primeira semana que antecede o Dia dos Pais, importante data para o calendário do varejo. A expectativa é grande. A vazante propiciou a liberação de ruas e o consequente fluxo de veículos, além do acesso de pedestres. Isso tem criado para os lojistas que sofreram no período da enchente uma certa esperança ainda mais com o Dia dos Pais, considerado significativo no calendário do comércio com aquecimento nas vendas”.
Ele lembra que a semana do Dia dos Pais é atípica, pois praticamente perfaz apenas uma semana diferente das outras datas alusivas que foram de duas semanas. “Ainda assim eu acredito que o movimento traz grande entusiasmo”.
Boletim
Na última sexta-feira (30), ultrapassando a cheia histórica e atingindo a cota de 30,02 metros, o nível do rio Negro, em Manaus, baixou para 28,96 metros e deixou o patamar de inundação severa. Desde quando atingiu a cota de 29,00m, em 30 de abril, até ontem, o rio Negro permaneceu um total de 90 dias em estágio de inundação de severa, o que também é um recorde. De acordo com o Boletim de Monitoramento Hidrometeorológico da Amazônia Ocidental, publicado pelo SGB-CPRM (Serviço Geológico do Brasil), o mesmo aconteceu em outros municípios do Amazonas que sofreram com a cheia.
Apesar do fato do rio ter deixado a ‘cota de inundação severa’ representar um alívio para a situação do Município em geral, O Negro ainda encontra-se acima da chamada ‘cota de inundação’. A pesquisadora Luna Gripp explica que “a ‘cota de inundação’ é estabelecida quando pelo menos um ponto do município está sofrendo inundação. Já a ‘cota de inundação severa’ é caracterizada quando a inundação representa um problema significativo para o município como um todo. Para Manaus, a cota de inundação é de 27,50 m, o que indica que o rio precisa baixar ainda aproximadamente 1,50 m para que nenhum ponto de inundação seja observado na cidade”.
De acordo com o Boletim, o rio Solimões, em Manacapuru, sinalizou na sexta-feira, 19,77 metros e ainda se encontra na cota de inundação severa, mas já apresenta processo de vazante ao longo dos últimos dias. A cheia na cidade também superou, em 2021, a maior cota observada até então.
Itacoatiara, que está entre os municípios que sofreram com a cheia, inundado pelo rio Amazonas, baixou o nível para a cota atual de 14,08 metros e não se encontra mais em inundação severa. Para Itacoatiara, a cota de inundação é de 14,00 metros, que deve ser atingida nos próximos dias, indicando o fim do processo de inundação na cidade.
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