Uma das maiores emissoras de CO2 do país, a Petrobras anuncia que planeja deixar de lançar na atmosfera milhões de toneladas de carbono presentes nos reservatórios de petróleo e gás da camada pré-sal. As concentrações de carbono no local são muito maiores do que em outros campos petrolíferos.
Estimativas apontam que somente nas duas áreas com reservas delimitadas –os campos de Tupi e Iara, onde há um acúmulo de até 12 bilhões de barris de óleo e gás– existam 3,1 bilhões de toneladas de CO2, um dos gases que contribuem para o aquecimento do planeta.
Para evitar que todo o gás pare na atmosfera, a solução é investir em tecnologia. A companhia quer reinjetar o CO2 extraído do pré-sal nos próprios reservatórios.
Segundo José Formigli, gerente da Petrobras para exploração e produção do pré-sal, o acúmulo de CO2 nas reservas da bacia de Santos é gigante e seriam liberadas “milhões e milhões de toneladas”. Como o gás carbônico é um contaminante para o gás natural e não tem valor comercial, normalmente ele é lançado na atmosfera, de acordo com o gerente.
Desde o início de maio, a Petrobras realiza o teste de longa duração de Tupi, uma produção piloto para avaliar as condições do reservatório que já dispõe da nova tecnologia de reinjetar no poço o CO2 extraído do fundo do mar.
Para atender uma exigência ambiental da ANP (Agência Nacional de Petróleo), a produção de petróleo na área está limitada. O teto é de 500 mil metros cúbicos, o que permite retirar 15 mil barris/dia do campo, metade da capacidade.
Formigli diz que a reinjeção é viável e seu emprego se justifica pelo grande passivo ambiental que seria gerado caso o CO2 fosse liberado. “Dentro de alguns anos, será socialmente inaceitável lançar tamanha quantidade de carbono”.
Isso porque a produção será muito grande –somente numa fase inicial do desenvolvimento do pré-sal, a Petrobras estima instalar 10 plataformas com capacidade de produção de 150 mil barris/dia.
Para a Petrobras, não é possível estimar as emissões de carbono do pré-sal, pois não se sabe a produtividade dos campos.
Alexandre Szklo, professor de planejamento energético da Coppe, calcula que as emissões vão superar os 3 bilhões de toneladas somente com o carbono contido nos reservatórios. A conta considera o percentual de 10% a 15% de CO2 nos campos do pré-sal, concentração bem maior do que os 5% das demais reservas do país.
Carbono emitido pela camada de pré-sal pode ser eliminado em breve
Redação
Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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