Caminhoneiros sentem no bolso reajuste do diesel

Os sucessivos aumentos do diesel afetam os caminhoneiros em todo país. Os impactos desde o anúncio do novo reajuste, de 8,87%, já pode ser refletido no bolso de quem atua no transporte de cargas. De acordo com representantes do segmento, a política de preços do mercado não está sendo repassada pelas transportadoras aos caminhoneiros, o que culmina num gasto maior para a categoria.
Conforme Edmilson Aguiar, presidente do movimento Amigos do Volante, as transportadoras pedem acréscimo no valor do contrato para suprir o aumento justamente para não ter disparidade e não ficar no prejuízo, porém ela não repassa aos motoristas.
Sobre o valor da carga transportada para determinados locais fazendo um comparativo em relação ao aumento do diesel, ele diz que depende muito do acordo entre o caminhoneiro e a transportadora.
Segundo Aguiar, hoje, por exemplo, adubo de neogranel para Boa Vista e região, a tonelada custa R$220 o valor do frete e R$ 260 para transportadora. “A diferença é que a transportadora paga todos os encargos e impostos, frete motorista, e aquele que o motorista não paga nada, já pega a documentação e vai embora. Outros casos são cubagem e percentual de nota, geralmente é 5% do valor da nota”, explicou.
“Isso é uma média. Há transportadoras que têm um acerto com as empresas e estas têm valores maiores. Mas é variável, pois as condições das estradas também impactam no valor final e no custo operacional”, completou.
Ele disse que trabalha com valor da nota, 5% e depende muito do que ele transporta. Ele citou que 32 toneladas é a capacidade de carga. Normalmente uma carreta sai por R$ 6,5 mil que é o que as transportadoras pagam hoje e um caminhão truck 6×2 paga R$ 5 mil. “Aí você desconta esse valor do diesel. O 3/4 que é o meu caso gasto 350 litros. Uma viagem minha é uma média de R$ 4,5 mil a 5 mil, no meu caso, o impacto é grande, mas de uma carreta LS, o prejuízo é ainda maior”.
Segundo o representante, o melhor veículo hoje é o 9 eixo em termo de rentabilidade, é tanto que houve aumento de mais de 40% desses veículos na estrada. Uma carreta LS para 32 toneladas, gasta em média 750 litros de diesel. Um 9 eixo para 48 toneladas gasta 950 litros. Um truck gasta 550 litros.
Para ele, o maior gargalo é a demora do repasse das transportadoras para o setor. Se fosse automático não teria tanto impacto. Eles repassam para os fornecedores mas não repassam para categoria. “Há falta de estrutura e falta de respeito com a categoria. Pagamos muitos impostos e não temos nada de retorno ou benefícios”.
Quem percorre o trajeto entre Manaus e Boa Vista, por exemplo, gasta cerca de 800 litros de diesel numa viagem de 12 horas. Quando o valor do produto era praticado num custo mais baixo ainda era possível ter um rendimento. Mas com os constantes aumentos de custo o prejuízo vem junto. O valor médio do produto vendido para as distribuidoras chega a R$4,91. Em Manaus os motoristas consumidores finais estão pagando até R$7 pelo litro.
“Não estamos tendo retorno. Como dizem alguns colegas, estamos sem condições de ser um trabalhador autônomo. É muito complicado porque além da alta no valor do combustível ainda temos que arcar com outros gastos. Se não fizermos a manutenção do caminhão, por exemplo, perdemos a qualidade do transporte. Teria que ter uma maneira para estabilizar estes preços. Alguém precisa olhar para a nossa categoria”, desabafou o caminhoneiro Willian Correa.
Levantamento
Diante do cenário de aumento no valor do diesel e com o objetivo de levar informações úteis aos caminhoneiros, a Fretebras, maior plataforma online de transporte de cargas da América Latina, analisou mais de 3 milhões de fretes publicados em sua plataforma, entre janeiro e abril de 2022, para identificar as rotas mais vantajosas em todo o Brasil.
Segundo o estudo, para os motoristas que trabalham com veículos pesados, o melhor preço seria no Amazonas, com o pagamento de R$ 643 a cada 100 km. Entretanto, para os cargueiros maiores, os fretes com origem no Maranhão são uma melhor oportunidade, já que o Estado nordestino tem um volume de cargas maior e o preço médio é parecido com o do Norte (R$ 618 a cada 100 km).
Conforme o levantamento, nos primeiros 4 meses de 2022 houve apenas 2,7 mil fretes com destino à cidade de Manaus. “Identificamos um volume muito pequeno de fretes com destino a Manaus, o que provoca uma redução na frota de caminhões saindo de lá. Isso, somado à questão da dificuldade logística para chegar e sair, que contribuem para que o preço do frete seja mais alto, afirmou Bruno Hacad, diretor de Operações da Fretebras,

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Compartilhe:
Siga-nos
Notícias Recentes

Brasil ganha 1,4 milhão de informais em apenas 2 anos

Preço da cerveja sobe, mas reajuste é menor em bares e restaurantes

‘Bancada faz política do quanto pior melhor’

Nova fase do Pronampe é liberada

Festival Folclórico de Parintins é retratado em livro de arte
