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Cães do CNCF K9 são obstáculos às drogas ilícitas

Desde ontem, através de seu site www.shoppingpontanegra.com.br, o Shopping Ponta Negra está promovendo uma feira virtual de adoção de pets. Mais de cem animais, organizados pelas ONGs Apam (Associação Portal dos Anjos Manaus) e Pegadas de Amor, estão disponíveis para adoção, vacinados, castrados e vermifugados.

Existem animais, porém, que praticamente desde que nascem já têm o seu futuro programado e garantido. São os cães adestrados no CNCF K9 (Centro Nacional de Cães de Faro K9) da Receita Federal, localizado em Vitória. Atualmente Manaus possui dois destes, Odin e Deco. Odin, por sinal, é o orgulho do Centro, pois em suas atuações no Amazonas, já detectou sete toneladas de skank, das onze descobertas em todo o Brasil.

O projeto piloto da K9 surgiu no âmbito do Nurep/ES (Núcleo de Repressão) da Receita Federal do Espírito Santo, em 2005, em decorrência da demanda por um instrumento de detecção eficiente nas ações de repressão ao tráfico internacional de drogas.

“Um colega da Receita pesquisou e descobriu que, no mundo, as aduanas usavam cães em suas operações. A partir daí nasceu o Centro que teve sua primeira expansão para a 7ª Região Fiscal (Espírito Santo e Rio de Janeiro), com a formação de equipes (cão e condutor). Em 2010, depois do sucesso alcançado, o Centro passou a atender as unidades aduaneiras da Receita em todo o país”, contou Marcelo Magalhães, auditor fiscal e chefe substituto do CNCF K9.

A formação dos cães no CNCF K9 começa quando eles têm um ano de idade e pertencem a duas raças, pastor alemão e pastor belga.

Equipe: condutor e cão

Os cães de faro (além dos pastores alemão e belga, também o labrador e o rottweiler) possuem um olfato cerca de 50 vezes maior que o dos seres humanos. Enquanto o nariz do ser humano conta com cerca de cinco milhões de células olfativas, o focinho do cachorro possui 250 milhões de células. Graças ao seu olfato apurado, estes animais conseguem detectar uma variabilidade maior de cheiros e se tornaram cruciais nas operações policiais e da Receita Federal. Com o auxílio dos cães farejadores as fiscalizações se tornaram mais assertivas na busca de ilícitos. Os animais precisam ser dóceis e bastante sociáveis, mas ao mesmo tempo são treinados para agir na detecção de drogas.

“Durante a formação de um cão, que dura entre cinco e seis meses, são escolhidos aqueles que melhor respondem aos impulsos comportamentais e atendem aos comandos de seu cuidador. Dos cerca de 100 cães que avaliamos anualmente, cerca de 15 se tornam aptos para trabalhar em aeroportos, portos e estradas do país”, revelou.

Magalhães explicou que o processo para um cão chegar à determinada aduana começa quando ocorre a solicitação por parte desta. O servidor, que será o futuro cuidador do animal, segue para Vitória onde aprenderá a trabalhar com este. Mesmo um cuidador que já tenha trabalhado com outro animal anteriormente, precisará passar por este processo, pois cada animal é um animal e necessita se adaptar ao cuidador.

“Certificado o cão, ele e o cuidador passam a ser chamados de equipe, e continuarão sendo monitorados pelo CNCF K9 para que o rendimento de seu trabalho se mantenha sempre o mesmo. O animal precisa ser treinado com a bolinha e receber carinho constantemente, pois é daquela ‘brincadeira’ que ele gosta e atende ao comando do condutor na busca por ilícitos exatamente para que a ‘brincadeira’ se repita. Se esse treinamento não for mantido, em poucas semanas o animal pode simplesmente não render mais o esperado”, disse.

Amigos para sempre

Condutor e cão, amigos por toda a vida – Foto: Divulgação

Devido ao sucesso na 7ª Região Fiscal, com aparições frequentes na mídia nacional, não tardou para que unidades aduaneiras localizadas em outras regiões fiscais se interessassem em incorporar os cães de faro a suas equipes de trabalho. Em 2010 a Receita Federal transformou o projeto regional K9 em Centro Nacional de Cães de Faro, com atribuição de prover as unidades aduaneiras, mediante aplicação da doutrina K9, de formação de agentes caninos e de condutores de cães de faro, bem como de acompanhar o desempenho técnico das equipes.

Em 2016, na sede da OMA (Organização Mundial das Aduaneiras), em Bruxelas, o CNCF K9 da Receita Federal do Brasil, desenvolveu e aprovou o ‘Proyecto K9: un nuevo enfoque’, que trata dos obstáculos à sua expansão e transformação em Centro Regional K9 da OMA na América do Sul e Central.

“Começamos a treinar o cão com um ano de idade. Por volta dos dois, ele já está apto para o trabalho e assim se manterá até os sete, oito anos, quando sua carga de trabalho começa a ser reduzida. Temos animais com dez anos ainda na ativa. Nesse tempo, um cão jovem se junta à equipe, para aprender com o mais velho e experiente”, falou.

Quando chega a hora da aposentadoria do animal, o cuidador tem a preferência de ficar com ele sob sua guarda. E nunca abrem mão disso devido ao grau de relação entre ambos, iniciado ainda quando o cuidador acompanha os treinos junto com o cão.

“Atualmente temos 40 pastores atuando em todo o Brasil, Odin e Deco, em Manaus. De janeiro de 2010 a março de 2021, os K9 já detectaram setenta toneladas de cocaína, onze toneladas de skank, três toneladas de maconha, duas toneladas e meia de haxixe e 310 mil comprimidos de ecstasy. Os próximos planos do Centro são treinar animais para detectar armas, tabaco e papel moeda”, finalizou.

Foto/Destaque: Divulgação

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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