Acusado de chefiar um esquema de jogos ilegais, corrupção e tráfico de influência, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi ao Senado para depor perante a CPI que leva seu nome, mas disse que não responderia a perguntas antes de depor na Justiça. Ele chegou escoltado por policiais federais às 13h05 e está se valendo do direito de ficar calado.
Em funcionamento há um mês, a CPI que investiga as relações do bicheiro e empresário Carlinhos Cachoeira com parlamentares e outros agentes públicos tentou ouvir o pivô do escândalo. A defesa de Cachoeira conseguiu um primeiro adiamento na semana passada para ter acesso aos inquéritos das operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal. Depois de receberem autorização para ler os documentos, os advogados tiveram de quarta-feira (16) até essa segunda-feira (21) para trabalhar. A sala onde funciona a área técnica da CPI, com computadores que contêm os dados, abriu no fim de semana apenas para atender os advogados.
Até agora a CPI não teve nenhum depoimento aberto. Falaram apenas os delegados da PF que conduziram as operações, em sessões sigilosas. O início lento da comissão é atribuído nos bastidores do Congresso a um suposto acordo entre PSDB, PT e PMDB. Três governadores dos partidos, respectivamente Marconi Perillo (Goiás), Agnelo Queiroz (Distrito Federal) e Sérgio Cabral (Rio de Janeiro), têm ligações com a empresa Delta, construtora que teria Cachoeira como sócio oculto.
O próprio presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), já admitiu que a CPI está “meio devagar” e que o depoimento de Cachoeira trará um novo ânimo às investigações que, até agora, não colheram nada além do que já foi descoberto pela PF. Na última quinta-feira, (17), a comissão aprovou convocações de 51 pessoas, mas os governadores não foram chamados.
Agora, parlamentares acreditam que o foco se voltará ao deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP). Na semana passada, ele foi flagrado pelo SBT ao enviar uma mensagem ao governador do Rio de Janeiro para alertá-lo que os petistas da comissão estariam trabalhando a favor dele.
Cachoeira chega à CPI, mas fica calado
Redação
Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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