Os bumbás Garantido e Caprichoso estão com pelo menos 50% dos trabalhos concluídos para a nova edição do Festival Folclórico de Parintins, previsto para acontecer entre os dias 6,7 e 8 de novembro deste ano. Até lá, mantém-se muitas expectativas se as autoridades sanitárias do Amazonas vão autorizar a realização do evento que foi adiado por conta da pandemia do novo coronavírus na região.
O início de setembro vem sendo considerado o dia ‘D´ sobre quando realmente ocorrerá a festa. Ou, numa decisão mais radical que frustraria muita gente no Estado, transferir os festejos para o próximo ano. Até agora, ninguém espera ou alimenta um resultado desfavorável nesse sentido.
Tradicionalmente, a maior festa folclórico do Amazonas ocorre sempre no mês de junho. Por enquanto, o que se sabe é que nem a situação atípica demoveu as duas agremiações da terra dos bumbás de investir em pesquisas de novos temas, composição de novas toadas e na confecção de figurinos e alegorias muito arrojados nos bastidores.
Durante o isolamento social, os artistas não se acomodaram. Debruçaram-se efetivamente nas atividades pelo sistema home office para repetir o mesmo glamour observado a cada ano no palco das grandes atrações. E daí surgiram inovações que prometem levar o público de novo ao delírio nas apresentações no bumbódromo, segundo a direção dos bois.
“Não nos acomodamos. Mantivemos os trabalhos mesmo a distância, seguindo os protocolos de saúde. Houve um esforço de todos para não deixar cair a qualidade das apresentações, na esperança de que o festival seja realizado ainda este ano”, diz o presidente do Caprichoso, Jender Lobato.
Segundo ele, se for decidido que o festival acontecerá mesmo em novembro, os trabalhos para a realização da festa não seriam tão prejudicados. “Estamos com pelo menos 50% de todo o material confeccionado”, acrescenta Lobato. “Os dois meses que antecederiam o evento não teriam tanto impacto em termos de preparativos”, diz.
O presidente do Garantido, Fabio Cardoso, disse que a posição do bumbá é seguir as determinações das autoridades de saúde sobre a realização do festival. E que o importante, nessa situação excepcional, é a preservação da vida. “Temos uma data limite, que é o início de setembro, e até lá deve sair a decisão oficial. Independente de qualquer coisa, vamos acatá-la”, ressaltou ele.
Pela qualidade, encanto, muita criatividade e arrojo, a projeção do festival de Parintins extrapolou os limites geográficos do País. Sua fama já corre o mundo. Milhares de turistas vêm anualmente ao Amazonas para ver de perto a festa.
“Quer dizer. O festival não só promove alegria. É hoje uma grande indústria que gera emprego e renda à população”, afirma Jender Lobato. Ele salienta que Parintins não tem polo industrial e sua maior receita vem dessas atividades folclóricas.
“Suspender o evento por muito tempo teria um impacto muito grande nas contas de Parintins”, afirma o presidente do Caprichoso. Só na edição do ano passado, foram movimentados pelo menos R$ 58 milhões e houve a geração de mais de 10 mil novos empregos na cidade. E aproximadamente 60 mil turistas vieram para assistir à festa, segundo Lobato.
De acordo com o secretário de Estado de Cultura do Amazonas, Marcos Apolo Muniz, o Festival de Parintins tem um impacto positivo em torno de 70% a 80% na atividade econômica do município. “E essa receita reflete em toda a economia do Estado, gerando emprego e renda para mais de 5 mil pessoas que atuam diretamente no evento só na cidade”, afirma ele.
Segundo Muniz, por ora estuda-se a possibilidade de os festejos acontecerem em novembro, mas a questão ainda está sob avaliação por parte dois bumbás, do governo e das próprias autoridades sanitárias. “Até o final de agosto ou início de setembro, teremos uma previsão. Há um sentimento de realização do festival, mas vamos analisar de forma técnica, porque não vale a pena arriscar a vida das pessoas nesse cenário de tantas adversidades na saúde”, disse.