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Brinquedos como antigamente

Durante o ano inteiro, lá no Polo Norte, Papai Noel e seus duendes fabricam brinquedos para, no Natal, distribuí-los às crianças no mundo inteiro. Pois Manaus também tem um ‘bom velhinho’ que fabrica brinquedos o ano inteiro, o itacoatiarense Vitor da Silva Martins que, aos 86 anos, produz brinquedos de madeira, hoje não tão aceitos pelas crianças, como outrora. Antes da industrialização, do plástico, da produção em série, dos games, eram os carrinhos de madeira que faziam sucesso entre a molecada e, detalhe, construídos artesanalmente, como há décadas faz ‘seu’ Vitinho.

A história de ‘seu’ Vitinho com as madeiras da Amazônia é antiga. Ele nasceu na comunidade Costa do Surubim, município de Itacoatiara.

“As comunidades recebiam o nome de acordo com a fartura de peixes que possuíam”, revelou.

Quando estava com 15 anos, em 1950, o garoto Vitor foi para a cidade de Itacoatiara e lá começou a trabalhar como carpinteiro e marceneiro. Cinco anos depois, durante o governo de Plínio Ramos Coelho (1955/1959) iniciou-se a construção da AM 010 (Manaus/Itacoatiara) e o rapaz Vitor da Silva foi trabalhar na obra, na sua área de atuação, as madeiras.

“Mas também sabia fazer serviços de pedreiro e pintor”, completou.

Há 50 anos, já homem feito, Vitor resolveu vir morar em Manaus, no bairro de São Jorge, ainda com vasta área de matas e igarapé de águas limpas. Construiu sua casa e sua oficina, e constituiu família apenas fabricando portas, janelas, prateleiras, mesas e cadeiras. Os brinquedos surgiriam bem depois.

Apenas brinquedos

“Quando instalaram a Feira da Eduardo Ribeiro, em 2020, é que nos direcionamos para os brinquedos, apesar de meu pai já fazê-los bem antes disso, porém, na Feira seria bem mais fácil vendê-los”, contou Patrícia, uma das filhas de ‘seu’ Vitinho.

Há 21 anos a Feira de Artesanatos da Eduardo Ribeiro, aos domingos pela manhã, se tornou um ponto obrigatório para quem quer tomar café da manhã, ou almoçar, fora de casa, além de adquirir artesanatos, peças de roupa e acessórios, decoração e uma infinidade de outros produtos, inclusive os brinquedos de ‘seu’ Vitinho.

“Realmente as crianças de hoje estão mais interessadas em games, mas os brinquedos nunca deixaram de vender bem, principalmente as bonecas, estas feitas pela minha mãe, que agora está doente e deu uma parada na produção. Mas o meu pai continua produzindo aviõezinhos, carrinhos, caminhões, carros de Fórmula 1 e até mesmo bichinhos”, afirmou Patrícia.

Vitor da Silva

Mesmo com a idade avançada de 86 anos, ‘seu’ Vitinho ainda circula pela oficina e utiliza os equipamentos e maquinários, como faz há mais de 70 anos. Atualmente ele não produz mais as grandes peças que fazia antes, dedicando-se apenas aos brinquedos e conta com a preciosa ajuda da ‘duende’ Patrícia. Os brinquedos são parecidos, mas sempre há novidades. Ela imagina, cria e elabora as peças, desenha e passa para o pai finalizá-las na madeira.

“A madeira que utilizamos é o pinus, de que são feitos os paletes; e marupá de caixas de embalagens. São madeiras leves e fáceis de trabalhar, muitas vezes jogadas no lixo, mas que, recicladas, podem ter várias finalidades e utilidades”, ensinou ele.

Ele começa, ela acaba

Patrícia lamentou ter a pandemia atrapalhado, e muito, os empreendimentos como um todo na Feira de Artesanatos, primeiro por ter ficado meses fechada, e depois por ter desaquecido o consumo dos frequentadores.

“Compravam bem mais antes da pandemia. Quando retornamos, no meio deste ano, as vendas estavam fraquíssimas. Felizmente está voltando ao normal, mas ainda não atingimos o mesmo total de antes da pandemia”, disse.

Ainda assim, ‘seu’ Vitinho trabalha diariamente, mantendo um estoque permanente de brinquedos. Ele faz uma média de seis por dia, vendidos somente aos domingos.

“Ainda têm crianças que ficam maravilhadas quando vêem as peças, mas também têm adultos que as compram, principalmente para coleção. Como sempre criamos modelos novos, os colecionadores ficam de olho. Tem um comprador que as adquire para revender”, falou.

Patrícia ajuda o pai desde quando era criança, e agora uma de suas filhas está se interessando em continuar o legado do avô.

“Ele pega a madeira bruta, recorta com seu maquinário e faz o acabamento, colando asas, pregando rodinhas e montando a peça. Aí entro eu: passo massa, lixo, depois passo tinta branca, lixo novamente, pinto de várias cores e faço os desenhos”, informou.

‘Seu’ Vitinho ainda constrói pequenas caixinhas, em marchetaria, e monta quadros para decoração ornados com bonequinhas de biscuit.

“Hoje nosso ponto de vendas é na Feira da Eduardo Ribeiro, aos domingos, mas quem quiser mais informações de como adquirir nossos brinquedos, principalmente agora para o Natal, pode solicitar através do WhatsApp 9 8430-7671”, finalizou Patrícia.     

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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