Em tempos de dinheiro difícil, o brasileiro recorre ao famoso jeitinho para amenizar as dificuldades. Quase metade da população com 16 anos de idade ou mais precisaram fazer atividades extras nos últimos 12 meses para complementar sua renda. A necessidade pela realização de bicos foi relatada por 45% dos entrevistados em uma pesquisa amostral conduzida pela Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria), empresa fundada por executivos que respondiam pelo extinto Ibope Inteligência (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística).
Divulgado ontem, o levantamento foi encomendado pelo Instituto ICS (Cidades Sustentáveis), uma organização não governamental que desenvolve iniciativas com foco no combate às desigualdades, na promoção dos direitos humanos, na participação social e na defesa do meio ambiente.
A pesquisa foi planejada com o objetivo de revelar dados da percepção da população sobre questões sociais, raciais, de gênero e de orientação sexual. Entre 1º e 5 de abril, foram entrevistadas 2 mil pessoas em 128 municípios espalhados por todas as regiões do território nacional.
A maior parte dos bicos relatados está relacionada com serviços: 33% dos entrevistados citaram ter complementado sua renda com serviços de manutenção, de beleza, de segurança, de motorista, de entregas por aplicativos ou ainda com trabalhos domésticos de faxina, de babá, de aulas particulares e de cuidados com idosos e com animais. Outros 28% informaram que levantaram recursos para driblar dificuldades econômicas vendendo mercadorias, incluindo alimentos preparados em casa, objetos artesanais confeccionados manualmente, roupas e artigos usados, cosméticos e produtos de beleza ou produtos em geral, voltados para o comércio ambulante.
Alguns entrevistados relataram obter renda adicional com mais de uma dessas atividades. A pesquisa mostrou ainda que a necessidade de realização de bicos é mais frequente em famílias com renda até um salário mínimo.
O levantamento também revela que 34% dos entrevistados consideram que, nos últimos 12 meses, aumentou a população em situação de rua e 29% dizem ter visto mais indivíduos trabalhando nas ruas. Além disso, 74% avaliam que houve um crescimento do número de pessoas em situação de fome e pobreza. Esse índice é maior nas capitais, chegando a 85%, e cai para 57% em cidades menores, com até 50 mil habitantes.
Criado em 2007, o ICS concentra seus esforços em iniciativas alinhadas às agendas globais de desenvolvimento sustentável, como os 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) estabelecidos pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 2015.
Segundo nota divulgada pela entidade, os resultados da pesquisa apontam para um quadro preocupante em relação à ODS 10, que fixa dez metas para redução das desigualdades dentro dos países e também entre eles. “Os dados revelam que a maioria expressiva da população brasileira consegue perceber o aumento da pobreza no País, além de observar uma grande vulnerabilidade em relação às minorias sociais, como negros, mulheres e pessoas LGBTQIA+”, diz a entidade.
Perfil
É melhor segurar a língua….
Bolsonaro ainda sofre implicações de supostos ataques às urnas eletrônicas durante o seu encontro com embaixadores estrangeiros, onde teria questionado a lisura do sistema eleitoral brasileiro. De lá para cá, continuam as investidas contra o presidente pelo ato impensado, como avaliam analistas, respingando em todo o seu governo.
Ontem, a MPE fez uma representação junto ao TSE. E pediu que o chefe do Planalto fosse multado. No documento, também ressalta que houve propaganda eleitoral antecipada na campanha pela reeleição. A questão soou alto, motivando inclusive uma carta em defesa da democracia, algo que trava (em tese) as estratégias de bolsonaristas para que o ‘mito’ continue governando por mais quatro anos. Se ele não segurar a língua, o feitiço vai virar contra o feiticeiro, fortalecendo o seu principal oponente, o ex-presidente Lula, que cai nas graças do eleitorado, segundo pesquisas.
Impulsos
Entre os bastidores, assessores têm recomendado a Bolsonaro para controlar seus impulsos. Mas o problema é que o presidente tem pavio curto, não admitindo qualquer contestação caso interprete como insultos. Porém, ele vem adotando mais moderação à medida que se aproximam as eleições de outubro. Por enquanto, o cenário ainda está muito indefinido, mas corrobora para reeleger o presidente. Afinal, tem a máquina estatal nas mãos e os mais de R$ 48 bilhões para auxílios emergenciais.
Perseguição
O presidente Jair Bolsonaro se diz vitima de perseguição. Para ele, até as mais altas cúpulas do judiciário e lideranças da esquerda tentam prejudicar a imagem de seu governo. No encontro com embaixadores, o presidente justificou que suas declarações jamais colocaram em xeque a seriedade das eleições. Ao contrário, garantiu, apenas se limitou a dar explicações de como era operado o sistema. Será? Enquanto isso, seus adversários estão a postos para tumultuar a sua vida. E não deixam escapar nada.
Visita
Organizadores do palanque de Lula informam que o ex-presidente deverá fazer sua primeira visita ao Amazonas em 2 de setembro. Em Manaus, ele estará acompanhado de lideranças da esquerda, principalmente da equipe do senador Eduardo Braga (MDB-AM), escolhido pelo líder da esquerda para disputar o governo nas eleições deste ano. Pesquisas apontam que Bolsonaro ainda lidera as intenções de voto na região, apesar dos ataques à ZFM. O eleitor deve pensar muito antes de decidir em quem irá votar.
Fundef
Mais uma bolada para os professores nestes momentos de dinheiro escasso. Ontem, a Assembleia Legislativa do Amazonas definiu os critérios para o pagamento do Fundef (Fundo do Desenvolvimento do Ensino Fundamental), contemplando professores que trabalharam entre 1998 e 2007. A primeira parcela dos R$ 97 milhões destinados para a categoria deverá sair até 31 de dezembro deste ano. A aprovação foi unânime entres os deputados estaduais, mas motivou muitos questionamentos. Compreensível.
Cascata
Ontem, o STF aprovou um reajuste de 18% nos salários da corte. Em média, cada ministro deverá ganhar R$ 46 mil. Outras categorias do judiciário também serão beneficiadas. O aumento terá um efeito em cascata em todo o setor, inclusive entre os servidores inativos. Ministros já sentem no bolso os impactos da inflação, que tem onerado toda a cadeia produtiva das atividades econômicas. No entanto, o brasileiro comum não tem opção para fazer frente à carestia, que cresce a todo momento.
Escaldante
O sol está rachando a vida do amazonense. A metáfora vale em resposta aos dias de calor intenso em agosto, que chega a cravar até mais de 34 graus, com sensação térmica muitas vezes de 40 graus. Segundo especialistas, agosto e setembro costumam ser os meses mais quentes do ano. Depois da enchente, agora a grande preocupação é com a forte estiagem que começa a ser registradas em municípios do interior do Estado. O ciclo se repete. Cheia e seca são fenômenos que causam dificuldades.
Facções
Pressionada pela sociedade, a polícia do Amazonas fecha o cerco contra a criminalidade. Policiais desmontaram o bunker de uma facção na zona leste. O grupo foi preso nas operações que contam com pessoal de elite. No local, foram encontrados explosivos, armas e outros utensílios de fabricação caseira. Tanta criatividade impressionou efetivos da Polícia Civil e da PM. Os criminosos planejavam matar rivais, perpetrar assaltos e atentados na cidade. Felizmente, foram atropelados no caminho.
Golpe
Herdeira de um dos maiores colecionadores de arte no Brasil, Jean Boghici, morto em 2015, a atriz Sabine Boghici foi presa por dar um golpe na mãe, roubando 16 quadros. O prejuízo chega a R$ 725 milhões. Segundo a polícia do Rio, ela tem histórico de problemas psicológicos desde a infância, sofrendo de depressão, ansiedade e crises de pânico. No acervo constam obras de Tarsila do Amaral e de Di Cavalcante. E pelo menos duas delas foram parar na Argentina. A família ainda tenta entender o caso.
FRASES
“No verão amazônico, o perigo é redobrado”.
Madson Nóbrega, vice-presidente do Sindarma, sobre riscos com a vazante dos rios.
“O exercício desse cargo trata-se de um imenso desafio”.
Rosa Weber, ministra, ao ser eleita para presidir o STF.
