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Brasil tem queda na taxa de desconforto

Em seu livro de memória, recentemente lançado no Brasil, o ex-presidente do Banco Central dos Estados Unidos, Alan Greenspan conta sua experiência como chefe do conselho de economistas da Casa Branca no go verno George Ford, época em que a economia americana enfrentava as conseqüências da crise do petróleo.

Um dos principais indicadores que a equipe de assessores do presidente americano acompanhava com atenção era o então denominado “índice de desconforto”, isto é, a soma do índice anual de inflação com o índice nacional de desemprego. Este índice traduz uma realidade que vários países viveram nos anos 70, a estagflação: combinação de inflação com estagnação do crescimento econômico.

A estagflação, que pode ser considerado o pior dos mundos, era uma novidade na época. Durante décadas a teoria econômica indicava que havia uma necessária correlação direta entre inflação e crescimento econômico. Quando a economia estava superaquecida, com índice de desemprego muito baixo a inflação crescia, e quando a economia recuava para o nível de recessão, com aumento do desemprego, a inflação cedia. Pela primeira vez, então, os Estados Unidos enfrentaram uma situação inusitada. Crescimento da inflação com aumento do desemprego. Isto ocorria devido à necessidade de aumento das taxas de juros, reflexo do encarecimento do dinheiro no mercado internacional, somado ao forte choque de oferta do petróleo, que era, e ainda é, o principal insumo das economias desenvolvidas.

O Brasil também teve seus períodos de estagflação, principalmente no governo João Goulart na década de 60, no governo Figueiredo no final do regime militar e no gover no Collor no início dos anos 90. Felizmente este fantasma parece ter desaparecido.

Após o Plano Real, a inflação no Brasil foi razoavelmente controlada. Embora no final do segundo governo FHC, com o receio, por parte do mercado financeiro, da eleição de Lula, a inflação superou os dois dígitos e a economia ainda vinha sofrendo as conseqüências do apagão de 2001. Neste período, como mostram todos os gráficos econômicos o índice de desconforto chegou a 30%, valor que ameaçava o sucesso do Plano Real.

Após a posse de Lula, o medo arrefeceu. O governo apertou a política monetária, com aumento das taxas de juros e comprometimento com superávits primários suficientes para a redução da relação dívida líquida do setor público e o PIB. Ajudado pelo crescimento da economia internacional e comprometido com o ajuste fiscal, o governo Lula colheu os frutos de uma política econômica saudável, com baixa inflação, crescimento do PIB e queda no índice de desemprego.

Como vimos na eleição de 2006, o controle da inflação associado ao crescimento econômico (ainda que modesto) é o maior cabo eleitoral que um presidente da República pode contar. Queremos crer que os candidatos a presidente em 2010 entenderam o recado.

Alcides Júnior é professor de Mercado Financeiro do curso de Administração de Empresas .

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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