Enquanto o mercado aguarda a conquista da classificação de grau de investimento para o Brasil, o seleto grupo de companhias nacionais que já possui a avaliação das agências de risco vem ganhando novos adeptos e de forma bem mais discreta. A última a ingressar no “clube”, que já conta com 28 integrantes –entre instituições financeiras e empresas–, foi a Embratel, que conquistou a classificação “Baa3” pela Moody’s no início do mês. Na prática, receber a nota de grau de investimento significa que a empresa é considerada de baixo risco e, portanto, seus valores mobiliários podem ser adquiridos por investidores mais conservadores. A principal motivação das companhias para obter uma melhor classificação de sua dívida é semelhante à do governo brasileiro: a redução nos custos de captação de recursos. No caso das empresas, existe ainda a pressão para o aumento da competitividade, em especial na comparação com os concorrentes internacionais. De acordo com o diretor sênior de Avaliação de Empresas da Fitch, Ricardo Carvalho, os emissores que conquistaram o investment grade passaram a acessar o mercado de forma diferenciada. “Todas as empresas buscam a classificação porque representa uma vantagem competitiva na forma como elas se financiam”, explicou. Segundo Carvalho, para conquistar o grau de investimento, a companhia precisa basicamente mostrar que tem condições de honrar com os compromissos externos independentemente dos movimentos de governo. “Não é à toa que a maior parte dos emissores com a classificação é exportadora”, disse. O executivo também destaca uma posição de caixa forte e ativos fora do país como fatores que reforçam a avaliação positiva da agência. No caso de subsidiárias locais de empresas estrangeiras, um dos critérios de análise é o grau de suporte do controlador. O diretor da Fitch pondera que a obtenção do investment grade é apenas um ponto de largada para as empresas. “A melhora na estrutura de capital e o aumento do interesse dos investidores não acontece da noite para o dia.” Ele disse que não só o rating como as condições de mercado determinam os custos de emissão de dívida. Carvalho negou que a nota soberana do Brasil seja um limitador para que mais companhias nacionais consigam o grau de investimento. “Como o teto soberano do país já está em “BBB-” pela nossa metodologia, os ratings não estão mais restritos à nota do governo”, explicou. “Pela classificação da Fitch, a nota brasileira está em BB+, uma abaixo do investment grade, com perspectiva estável. Por outro lado, um possível upgrade do país não deverá desencadear uma revisão dos ratings pela agência, a não ser de empresas localizadas em setores que se beneficiem das condições de solvência”, ponderou o diretor. Segundo o diretor de rating corporativo da Moody’s para a América Latina, Alexander Carpenter, companhias que atuam em segmentos regulados pelo governo são as mais dependentes do rating soberano. O executivo mencionou o caso do setor de energia no qual o principal entrave para uma nota melhor é justamente o risco regulatório. Carpenter considerou que a conquista do investment grade foi fundamental no processo de internacionalização das empresas brasileiras.
Brasil já possui 28 empresas no clube
Redação
Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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