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Bodas do Amor

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Minha melhor amiga e seu marido completaram Bodas de Coral, ou seja, trinta e cinco anos de casados. Bodas de Coral são um termo muito inspirado para designar aniversário de casamento. Isso talvez por associar-se a Pedra Coral a um mundo misterioso no fundo do mar, pleno de criaturas míticas. Na verdade, essas criaturas passam a ser reais e se organizam em matéria orgânica viva, formando enormes recifes coloridos que albergam um ecossistema de grande biodiversidade e produtividade. O maior Recife de Coral do mundo, também considerado o maior indivíduo vivo da Terra, encontra-se na Costa da Queensland, na Austrália. 

Por causa de sua grandiosidade e da grande quantidade de espécies que abriga, a Grande Barreira de Corais da Austrália é considerada uma das Sete Maravilhas Naturais do Mundo e Patrimônio Mundial da UNESCO. É, também, uma atração turística importante, principalmente, para os aficionados à prática do mergulho esportivo.     

Desde criança sou apaixonada pela Pedra Coral. Minha mãe tinha um lindo colar de Pedra Coral que eu amava tanto que um dia o ganhei de presente de mamãe. Somente tempos depois aprendi que não há Pedra Coral. O que chamamos de Pedra Coral é, na verdade, o esqueleto de organismos marinhos que no fundo do mar passam por um processo de sedimentação e ganham a belíssima coloração que ostentam fora do oceano. (Wikipédia).  

Dias atrás, encontrei minha amiga que me contou terem, seu marido e ela, celebrado suas Bodas de Coral em uma viagem de peregrinação à Bélgica. Bem ao gosto de vocês, brinquei! Ela respondeu, também, em tom de brincadeira. __  Como na bela canção, “My Way”, interpretada pelos grandes Frank Sinatra e Elvis Presley,“We did it our way”. Ou seja, só nós dois, usufruindo da melhor cozinha do mundo, a belga, servida nos melhores restaurantes, bebericando bons vinhos, acompanhados dos melhores queijos, e concluindo com sobremesas maravilhosas de receita exclusiva. Crepe flambada com licor de laranja, Grand Marnier, é uma delícia! 

Minha amiga fez, então, uma breve e emocionante narrativa do seu primeiro encontro com aquele que ela chama “o homem da minha vida”. __Não havíamos pensado ser aquela uma viagem de reflexão. Tudo começou de maneira espontânea, relembrando nosso primeiro encontro na feérica Grand Place de Bruxelas, numa noite fria de início da primavera. Como acontece naquela época do ano, a Grand Place estava cheia de gente. Grupos de todas as idades espalhados pelos quatro cantos da Praça conversavam, alegremente. Tal como nos outros grupos, em nosso grupo divertíamo-nos muito. Estávamos todos de férias! Enquanto houver homens e mulheres sobre a Terra, haverá casais que se formam, histórias de amor que começam. Ou que terminam.  E foi no belo bistrô, Le Roi d´Espagne, na Grand Place de Bruxelles, que a festa começou. Assim é que no decorrer daquela noite agradável, uma excursão à cidade medieval de Bruges, orgulho maior da Bélgica, foi organizada para o dia seguinte bem cedo. E de lá, esticadas a outras plagas européias foram idealizadas, sempre tendo em mente a interação do grupo e o desejo dos integrantes de conhecer lugares novos e de divertir-se no processo. Ao nosso grupo, antes limitado a poucos membros, migraram evadidos de outros grupos ou aderiram alguns “sem grupo” recém-chegados. Contudo, como estávamos na Bélgica, um dos chamados Países Baixos, uma turnê pelas magníficas Cidades da Arte Flamenga se impunha. Situadas ao Norte da Bélgica, na Região de Flandres, vamos encontrar Bruxelas, a capital do reino da Bélgica, Bruges, Antuérpia, Gent, Mechelen, Leuven. A Região de Flandres é o berço da arte flamenga e cada uma dessas cidades contribui com incalculáveis riquezas de arte e de cultura.

E foi assim que, celebrando as nossas Bodas de Coral, rememoramos os nossos primeiros anos juntos, em que aprendíamos a viver em casal. E concordamos que aqueles foram os melhores anos de nossa vida, embora não tivéssemos muito dinheiro. Como tivemos ricas experiências, temos belas coisas a lembrar, a compartilhar. Viajamos muito, visitamos lugares maravilhosos. Fizemos muitos amigos e alguns deles permaneceram nossos amigos queridos. Aprendemos muito, especialmente, que bens materiais vêm e vão, e o que conta mesmo é o que guardamos no coração e em nossa mente. Enfim, concluímos que a vida tem sido generosa conosco. Que apesar de termos sofrido perdas irreparáveis, um e outro, nesses anos todos nunca estivemos realmente muito doentes. E mesmo quando fui diagnosticada com câncer no seio, encaramos o fato com filosofia e com fé de que tudo terminaria bem. Como, felizmente, aconteceu!

Finalmente, disse minha amiga, concluímos que nossas Bodas de Coral bem que poderiam ser chamadas de Bodas do Amor, porque foram as melhores que já tivemos. Aprendemos muito. Principalmente, que o amor não é privilégio dos jovens. E que numa época em que o amor é banalizado, ainda é possível a um casal avançando em idade celebrar aquele amor que os uniu um dia.  

*Marluce Portugaels, Professora, [email protected] 

Marluce Portugaels

Professora
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