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Boas ações que chegam do Céu

Boas ações que chegam do Céu

Tudo começou com um projeto de pesquisa do pastor Márcio Rempel intitulado ‘Fronteiras’ cujo objetivo era levar a palavra de Deus, a partir de Manaus, aos rincões mais distantes da Amazônia, região que abrange mais da metade do território brasileiro. Barcos e lanchas chegam a estes lugares, mas levam dias, semanas, meses até. Tudo é muito longe quando se fala em se locomover na Amazônia e todo transporte é muito caro. Não há estradas, os barcos são lentos e a malha aérea existente, inviável para os projetos missionários. A solução, então, foi tentar conseguir um avião. E não é que Deus ouviu as orações de Márcio e um irmão da NIB (Nova Igreja Batista) cedeu um avião para viabilizar o seu projeto, um Comp Air 9, de fabricação americana, modelo adequado e viável para essa proposta.

 “Surgiu assim, no dia 15 de março de 2015, a Associação Missão do Céu, formada por 14 irmãos, missionários e pastores da NIB”, lembrou Joel Rodrigues, um dos missionários integrantes da Associação.

Pelo ‘Fronteiras’, Márcio conseguiu identificar, no Amazonas, as localidades onde não havia evangelização. Era nesses lugares que ele queria chegar não só levando o Evangelho, mas descobrir quais as necessidades das pessoas dessas comunidades e, de alguma forma, ajudá-las.

Márcio Rempel é piloto e pastor

“A primeira viagem foi para São Gabriel da Cachoeira. E não paramos mais, desde então. Realizamos uma média de dois vôos por semana, mas todas as viagens são pensadas com antecedência. Identificamos parceiros nas regiões e são eles que nos repassam as demandas de determinada localidade, então providenciamos as ações”, explicou.

Além de levar o Evangelho, os membros da Missão do Céu também promovem a formação de novos pastores. Entre os ribeirinhos, há muitos leigos, sem formação bíblica ou teológica adequada, e no Brasil há diversos ministérios que desenvolvem esses treinamentos ou capacitações, agora transportados pela Missão, que também realiza ações assistenciais e humanitárias, levando alimentos, medicamentos, médicos e dentistas, integrando as ações.

Diferentes aventuras

Há algumas décadas era comum o uso de hidroaviões, na Amazônia. A única forma de uma aeronave pousar próximo a uma comunidade era sobre as águas. Atualmente, pequenas pistas abertas na floresta conseguem receber o Comp Air 9.

“Em princípio viajamos para o Amazonas, mas se houver necessidade, fazemos vôos para qualquer região da Amazônia. Já fomos para Rondônia e Amapá. O Comp Air 9 tem autonomia de vôo de mais de 2.700 km, e atinge 450 km por hora. Pode levar até seis passageiros, mais o piloto e o co-piloto”, informou.  

“Quanto ao tempo de duração nos lugares para onde a Missão vai, depende muito. Se for para treinamento de pastores ou atendimento médico, demora mais. Se for para apenas deixar algum tipo de carga, aí é só ir e voltar”, disse.

E quem viaja pela Amazônia sabe que para cada local que se vai, é uma aventura diferente. Às vezes a viagem é tranquila, outras vezes nem tanto, mas todas são uma aventura.

Cargas que chegam são valiosas para os ribeirinhos

“O pessoal que vai já leva sua rede porque sabe que ser tiver que dormir por lá, não vai ter problema. Já aconteceu de atarmos a rede sob a asa do avião por não ter onde ficar, mas acontece muito de nos hospedarmos na igreja, ou na casa dos irmãos e comer peixe com farinha, se só tiver isso”, riu.

Para financiar as viagens, o próprio dono do avião ajuda bastante, mas os membros da NIB também são importantes parceiros na hora de ratear os custos de uma jornada.

“Inclusive recebemos ofertas de outros lugares do país, dependendo da missão”, completou.

Três grandes ações

Somente no mês de maio a Missão do Céu promoveu duas grandes ações na região do baixo Amazonas e começa mais uma.

“Desde o início de maio estamos realizando a ‘Ação Covid’. Nossos vôos semanais levam EPI’s para serem distribuídos nos hospitais de Parintins e Maués, inclusive apoiando o Governo do Estado, que nos solicitou essa ajuda. De volta trazemos amostras de exames para serem realizados em Manaus”, revelou.

O ‘Projeto Servir’ tem ainda maior dimensão. Em sua terceira semana de realização, médicos de São Paulo estão enviando medicamentos para serem distribuídos a médicos dos interiores do Amazonas. A empresa Azul traz a carga gratuitamente, de São Paulo a Manaus, e de Manaus para os interiores quem faz o transporte, também sem cobrar nada, é a CTA Táxi Aéreo.

“Através de videoconferência, os médicos daqui informam aos médicos do Sul das necessidades das localidades onde atuam. Os médicos de São Paulo conseguem os medicamentos e os enviam para Manaus. A Missão do Céu faz o intercâmbio de todo o projeto”, destacou.

E hoje, dia 9, a Missão do Céu está iniciando a campanha ‘Atos de Amor’, visando arrecadar fundos para a aquisição de cestas básicas acompanhadas de uma Bíblia, que serão distribuídas em Manaus, e no interior.

“Estamos pedindo, através de nosso site (www.missaodoceu.org.br) doações em dinheiro para que compremos as cestas nos próprios municípios, evitando levar carga no avião e, ao mesmo tempo, fazer circular dinheiro no comércio do interior”, falou.

A sede da Missão do Céu fica num hangar, no Aeroclube, e está aceitando voluntários de qualquer área profissional.

“Estamos abertos a receber qualquer pessoa, que queira viajar pela Amazônia conosco, ajudando aos mais necessitados”, finalizou.

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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