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Blue Birds completa 54 anos sem comemorações

No dia de hoje a banda Blue Birds, a mais longeva do país em atividade, completa 54 anos de existência mas, devido à pandemia, pelo segundo ano consecutivo os ‘rapazes’ não farão um show para comemorar a data.

“Até tínhamos programado um concerto, no Teatro Amazonas, e a Secretaria de Cultura informou que poderíamos ocupar o espaço com 100 pessoas, mas depois pensamos que esses nossos fãs, em sua maioria, teriam a idade um pouco mais avançada, então achamos melhor não fazer a apresentação”, explicou Roberto Sá Gomes, o Beto, músico, empresário e proprietário da banda.

A título de curiosidade, a banda brasileira mais antiga em atividade era a Renato e Seus Blue Caps, do Rio de Janeiro, com 60 anos de existência, mas, em julho do ano passado, Renato Barros, o proprietário da banda, morreu e ela acabou.

Acostumado a fazer shows para milhares de pessoas, Beto vem estranhando a ausência de seus fãs.

Ano passado, em entrevista ao Jornal do Commercio, o músico falou, “os amigos até deram a sugestão de fazermos uma live, como todos estão fazendo, mas a Blue Birds sempre deu grandes shows. Hoje nos apresentamos com 16 músicos, e ficaria inviável realizar uma live dentro de um estúdio, com essa quase orquestra, então achei melhor presentear nosso público com a reapresentação do belo concerto ‘Bossa Sempre Nova’, realizado no dia 29 de janeiro, no Teatro Amazonas”, adiantou.

Mas este ano, nem live a banda vai apresentar, permanecendo com os ensaios e aguardando seu retorno aos palcos no próximo ano, com o show ‘Jovem Guarda Viva’.

Os números da banda     

A Blue Birds surgiu no auge da Jovem Guarda, na segunda metade da década de 1960, quando vários jovens brasileiros, influenciados pelos Beatles, também montaram suas bandas. Em Manaus, entre as diversas bandas que foram sendo formadas, estava a Blue Birds, com Lúcio Hernani Cavalcante, empresário e idealizador; João Bosco Cavalcanti, percussionista/cantor; José Chain Silva, crooner; José Dibo, contrabaixo; Antônio Chauvin, guitarra base; Ananias Dantas Góes, guitarra solo; e Irandir Monteiro de Souza, baterista.

Beto entrou na Blue Birds em 1969 e, em 1977 os integrantes a venderam para o empresário Adriano Bernardino, proprietário de várias outras bandas na cidade. Somente em 1980, Beto comprou a propriedade da Blue Birds e a tem mantido desde então.

A data comemorada até hoje por ele, marca a primeira apresentação da Blue Birds, em 17 de junho de 1967, na Saga (Sociedade Atlética Guarda de Aparecida), em Aparecida. Nesses 54 anos de existência, 152 músicos passaram pela banda e cerca de 90% concluíram o nível superior de ensino se formando advogados, médicos, engenheiros, professores, economistas, e até prefeito e deputado federal, seguindo por estes caminhos. Os 10 % restantes continuaram como músicos profissionais, inclusive integrando as bandas musicais do Exército, Aeronáutica, Marinha e Polícia Militar.

“Nossa carreira profissional nos dá um recorde de mais de 2.000 apresentações tanto no Amazonas quanto em outros estados como Pará, Acre, Rondônia e Roraima, e tendo se apresentado em quase todos os municípios do Amazonas”, afirmou Beto.

Patrimônio Cultural

E ainda tinha um detalhe. No início, os rapazes da Blue Birds só cantavam em inglês. Repertório nacional, que também era repleto de versões internacionais em português, nem pensar. Quanto à divulgação, bastava uma nota numa coluna social, lidas por toda a cidade, e já se sabia onde seria a próxima apresentação da banda.

Durante a construção do Tropical Hotel, a Blue Birds fez várias apresentações para os trabalhadores contratados pelo engenheiro responsável Carvalho Leite. Após a inauguração do hotel, por 35 anos consecutivos a banda continuou realizando grandes apresentações no local, até seu fechamento, em 2019.

Atualmente a ‘Pássaros Azuis’, seu nome em inglês, é composta por 15 músicos: Beto, guitarra base; Neil Armstrong, guitarra solo; Bernardo Lameiras, contrabaixo; Chico Carlos, bateria; Alexandre, percussão; Célio Vulcão, teclado; Rosa, Luciana e Juliana, cantoras; Jecimá Souza, cantor; mais um naipe completo de sopro com sax alto e tenor, trompete e trombone, além de Felício e seu piano. Possui um repertório com mais de 250 músicas.

Em 2018 a Blue Birds recebeu o título de Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial do Estado do Amazonas, concedido pelo governador Amazonino Mendes, por indicação dos deputados Bosco Saraiva, Mário Bastos e David Almeida.

“Enquanto eu estiver vivo, podem ter certeza que a Blue Birds não vai parar”, finalizou Beto.

Foto/Destaque: Divulgação

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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