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Bernardo Abinader fala dos desafios para o ‘Barco e o rio’

Bernardo Abinader fala dos desafios para o ‘Barco e o rio’

E o Kikito de Melhor Curta-Metragem Nacional vai para… ‘O barco e o rio’. Mas o curta de Bernardo Ale Abinader já tinha colocado na sacola outros quatro Kikitos, feito nunca antes conseguido pelo Amazonas no Festival de Cinema de Gramado, o maior evento cinematográfico do país que este ano, devido à pandemia do coronavírus, foi virtual. Bernardo, e os demais ganhadores do Kikito souberam da premiação pela televisão, de suas casas, em Manaus.

Realizado no Palácio dos Festivais, na cidade de Gramado, no Rio Grande do Sul, a 48º edição do Festival começou ainda no dia 18, sexta-feira, com as mostras competitivas sendo transmitidas pelo Canal Brasil e por streaming. No dia 26, sábado, foram divulgados os vencedores entre os 51 longas e curtas metragens concorrentes. Os longas ‘King Kong em Asunción’, brasileiro, e ‘La Frontera’, estrangeiro, ganharam o Kikito em suas respectivas categorias.

Cena de ‘O barco e o rio’ com Isabela Catão

Em entrevista ao Jornal do Commercio, Bernardo Abinader falou da emoção que sentiu com o ineditismo da conquista.

Jornal do Commercio: Você imaginou que ‘O barco e o rio’ ganharia tantos Kikitos neste Festival de Cinema de Gramado? 

Bernardo Abinader: Nunca imaginei. Foi uma surpresa maravilhosa.

JC: Você levou quanto tempo na produção de ‘O barco e o rio’ e como conseguiu verba para rodá-lo? 

BA: Nós conseguimos realizar esse curta com o dinheiro do último edital de audiovisual da Manauscult. Sem esse recurso seria impossível fazer o curta com a qualidade que ficou. Desde a concepção até a finalização demorou um ano. Todo o processo de realização do filme foi trabalhoso, mas muito gratificante. Tive uma equipe maravilhosa comigo, pessoas que acreditavam no projeto, isso foi essencial para o resultado.

JC: De onde surgiu a história de ‘O barco e o rio’. É real, ou foi tirada de algum livro? 

BA: O filme tem roteiro original escrito por mim. É ficção. A ideia veio de uma atividade feita em sala de aula na UEA, mas eu sempre tive vontade de tratar de relações familiares e explorar o ambiente do porto e a riqueza estética do rio Negro. Nossos curtas anteriores sempre focaram mais no espaço urbano, até mesmo por conta da pouca grana que tínhamos. Dessa vez eu queria tratar de um lugar diferente.

JC: Quantas pessoas participaram da produção e quem foram os outros ganhadores do Kikito? 

BA: No total foram pouco mais de 20 pessoas que participaram da produção. Os ganhadores do Kikito, além de mim, foram: Melhor Direção de Arte: Francisco Ricardo (Ana Carolina Souza, assistente); Melhor Fotografia: Valentina Ricardo (Robert Coelho, assistente); e também Melhor Curta-Metragem pelo Júri Popular e Melhor Curta-Metragem Nacional.

JC: O evento do 48º Festival de Cinema de Gramado foi todo virtual. Você estava onde, acompanhando as escolhas? O que sentiu quando foram surgindo os prêmios para ‘O barco e o rio’? 

BA: Eu estava em casa. Eu estava muito nervoso, pois sabia que tínhamos chances de ganhar um ou dois Kikitos. Fiquei muito surpreso e emocionado pela quantidade de prêmios.

JC: Você acha que a produção cinematográfica no Amazonas está seguindo um caminho sem volta, com tanta gente trabalhando nesse sentido? 

BA: Eu espero que sim. Temos curtas amazonenses selecionados para os principais festivais do Brasil, e têm outros de gente muito talentosa que ainda vão estrear. Porém, é necessário investimento público na área. É impossível realizar filmes sem editais e recursos. Eu e Valentina somos egressos do curso da UEA de audiovisual, que apenas formou duas turmas e não existe mais. César Nogueira (montador), Keila Serruya (diretora de produção), e Hamyle Nobre (produtora executiva) fizeram o curso de pós-graduação em Gestão e Produção Cultural também da UEA. A descontinuidade e a limitação dos investimentos em cultura no Amazonas podem ser fatais para o nosso cenário audiovisual. É preciso continuar e expandir esses investimentos, pois temos muito mais a oferecer, e a nossa região tem grande potencial estético que não deveríamos deixar que apenas pessoas de outras regiões explorem. O prêmio de Gramado certamente nos mostra que as pessoas estão interessadas nas nossas histórias, e por meio de filmes podemos refletir sobre nós, nosso espaço, nossas vivências, podemos mostrar uma diversidade de olhares e subjetividades que pulsam aqui, além de também combater os estereótipos que criam sobre nós.

JC: Onde as pessoas podem assistir ‘O barco e o rio’, e quais seus próximos projetos?

BA: ‘O barco e o rio’ vai ter uma exibição em Manaus ainda esse ano, mas ainda não sabemos quando e onde. Sobre os próximos projetos, não posso dar mais detalhes, mas existem outros a caminho.

Um segmento que cresce

A indústria brasileira do audiovisual gera R$ 25 bi de faturamento/ano, quase 2% do PIB brasileiro. É um mercado que, antes da pandemia, crescia em média 7% ao ano, até mais do que o turismo. São aproximadamente 13 mil empresas que geram em torno de 300 mil postos de trabalho. Atualmente, cerca de 100 profissões estão ligadas à indústria do audiovisual. 

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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