O presidente da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), Luiz Aubert Neto, avalia que o setor de bens de capital chegou ao fundo do poço em janeiro, quando houve queda de faturamento de 37,1% em relação a dezembro. Ontem, a associação informou que fevereiro registrou crescimento de 6,7% em relação ao mês anterior.
Aubert Neto ressaltou que janeiro foi o pior mês para o setor, mas chamou atenção para o fato de o faturamento em fevereiro ter continuado a cair fortemente na base anual –recuo de 23,6% em relação a fevereiro de 2008, ante queda de 28,3% verificada em janeiro na mesma comparação. “Chegamos ao fundo do poço. Agora, só nos resta começar a subir”, avaliou. Segundo Aubert Neto, a expectativa “otimista” para ano é de perda de 20% a 30% do faturamento. “Se cair 20%, vamos achar que está bom”, apontou.
Demanda de pedidos
Levantamento feito pela Abimaq junto ao empresariado mostrou diminuição do pessimismo entre janeiro e fevereiro. No primeiro mês do ano, empresários previam uma queda de 24% dos novos pedidos no primeiro trimestre de 2009 ante o quarto trimestre de 2008, número que recuou para 14% em fevereiro. Segundo os dados da entidade, os novos pedidos tiveram diminuição de 6,1% no primeiro bimestre ante o mesmo período do ano passado.
Aubert Neto relatou ter ouvido de alguns empresários que estaria havendo uma “pequena oxigenação”, relacionada a uma percepção de melhora no acesso ao crédito e nos níveis dos estoques e de redução dos pedidos de adiamento de entrega das encomendas.
Contudo, o presidente da Abimaq voltou a lançar um alerta de que, se a situação não for revertida logo, o setor pode perder 50 mil vagas até julho. Segundo os cálculos da entidade, mais de 12 mil empregos foram perdidos desde outubro. Ainda assim, na comparação com fevereiro de 2008, o nível de emprego registrou alta de 1,9% no mês passado.
Alta em fevereiro
A alta de 6,7% foi registrada no faturamento em fevereiro ante janeiro, para R$ 4.18 bilhões, de acordo com dados divulgados ontem pela Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos). Entretanto, na comparação com fevereiro do ano passado, o faturamento da indústria apresentou queda de 23,6%. Segundo a Abimaq, no primeiro bimestre de 2009 o faturamento da indústria de bens de capital totalizou R$ 8.09 bilhões, o que representa um recuo nominal de 25,9% ante o mesmo período do ano passado e uma queda real de 30,8%.
Entre os segmentos, o que registrou pior desempenho no primeiro bimestre deste ano foi máquinas e equipamentos para madeira, com queda de 66,4% no faturamento nominal e 9,9% na carteira de pedidos.
Em seguida ficou o segmento de máquinas-ferramentas, que teve recuo no faturamento de 57,4% e de 23,2% na carteira. O setor de válvulas industriais foi um dos poucos que tiveram desempenho positivo no bimestre, com crescimento de 18,4% do faturamento e 7,6% da carteira.
As exportações de máquinas e equipamentos somaram US$ 1.27 bilhão no primeiro bimestre, o que representa uma queda de 26,8% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Já as importações do setor somaram US$ 3.11 bilhões, uma queda de 5,1% na comparação com o primeiro bimestre do ano passado. Dessa forma, o saldo comercial da indústria ficou negativo em US$ 1.83 bilhões no primeiro bimestre.
Somente em fevereiro, as exportações totalizaram US$ 596.97 milhões, uma queda de 11,9% ante janeiro, e as importações foram de US$ 1.39 bilhão, um recuo de 19,6% ante o mês anterior.
O consumo aparente de máquinas e equipamentos, dado que representa a produção somada às importações menos as exportações, ficou em R$ 6 bilhões em fevereiro, uma queda de 5,2% sobre janeiro. Já no primeiro bimestre, esse indicador teve queda de 9,4%, totalizando R$ 12,3 bilhões.
