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BC projeta retomada da região Norte, no quarto trimestre

O Banco Central avalia que o cenário da economia, no terceiro trimestre deste ano, é de retomada da atividade em praticamente todas as regiões do país. A análise vem do Boletim Regional. O documento compilado e divulgado pelo BC aponta que o comportamento da economia tende a favorecer as economias do Nordeste e Sudeste, que se saíram melhor no período. O ponto fora da curva seria a região Norte, em função dos impactos oriundos das retrações no varejo e na indústria. Há, contudo, expectativas positivas para o quarto trimestre, em função da produção e vendas para a Black Friday e o Natal.

“Indicadores recentes da atividade mostram resultados distintos entre os setores. A produção industrial e as vendas do comércio, que se recuperaram mais rapidamente dos impactos da covid-19, apresentaram desempenhos negativos e abaixo do esperado nos últimos meses. Por outro lado, segmentos do setor de serviços mais atingidos pela pandemia continuam em trajetória de recuperação robusta”, pontuou o Boletim Regional. 

Na análise do Banco Central, o cenário prospectado pelos dados do terceiro trimestre é de retomada da atividade, ainda que menos intensa e mais concentrada no setor de serviços do que prevista anteriormente. Segundo o BC, tal comportamento tende a favorecer as economias do Nordeste – onde o setor carreou a atividade econômica do acumulado de julho a setembro – e do Sudeste – onde a atividade cresceu em ritmo menor –, em parte explicada por seus diferenciais de estrutura produtiva.

Segundo a autoridade monetária, a atividade econômica no Norte não repetiu o “bom desempenho” do trimestre anterior, sendo que o recuo na margem teria refletido a desaceleração na indústria e no comércio, impactados pela limitação da oferta de insumos na cadeia produtiva. Mas, a recuperação gradual do mercado de trabalho, assim como o patamar elevado das cotações das commodities minerais e agrícolas teriam favorecido a economia da região. Nesse cenário, o IBCR-N recuou 1% no terceiro trimestre do ano, influenciado pelas retrações no Amazonas (-3,1%) e no Pará (-0,9%). Em 12 meses, o IBCR-N acumulou expansão de 4%.

“Em síntese, impactada pela limitação de oferta de insumos na cadeia produtiva, a atividade econômica no Norte experimentou perda de tração, após forte recuperação no período anterior. O patamar elevado das cotações das commodities minerais e agrícolas segue favorecendo o bom desempenho da região, com desdobramentos em outras atividades”, sintetizou o estudo do Banco Central.

Comércio e serviços

O Boletim Regional informa que as vendas do comércio nortista reverteram crescimento assinalado no intervalo anterior. O Norte encerrou o terceiro trimestre com recuo de 0,7% no comércio ampliado, com quedas em cinco dos sete Estados da região. Dados do licenciamento de automóveis e comerciais leves indicam que as vendas de veículos também registraram retração (-6,4%), em função da menor oferta da indústria automotiva.

Ao citar dados da CNC, o Banco Central também avaliou que as estatísticas relacionadas à confiança de consumidores e empresários apontam perspectivas distintas de evolução do comércio. “Enquanto o Icec (Índice de Confiança do Empresário do Comércio) vem permanecendo na área de otimismo há vários meses, o índice de ICF (Intenção de Consumo das Famílias) da região recuou ao menor patamar da série, registrando média de 55,5 pontos no trimestre encerrado em outubro”, frisou.

O estudo do BC estabelece, contudo, que informações mais recentes das vendas com cartão de débito indicariam a propensão de crescimento do faturamento do varejo até o final de outubro, em maior proporção nos setores de alimentação e combustíveis. “Espera-se que, no último quarto do ano o desempenho do setor melhore”, asseverou.

A autoridade monetária identificou também uma nova expansão nos serviços, em que pese o arrefecimento do ritmo de recuperação na margem. Quatro Estados seguiram no azul, principalmente o Amazonas (+15%). Usando dados das compras com cartão de débito como proxy para o comportamento dos serviços às famílias, os segmentos inicialmente mais afetados pelas restrições de mobilidade, como o turismo, lazer e serviços pessoais vêm mostrando recuperação mais intensa”, assinalou.

Indústria e agropecuária

A produção industrial dos Estados nortistas, no entanto, teria seguido trajetória inversa, ao encolher 1,5% no trimestres, em linha com o ocorrido na média nacional. A retração foi puxada pela indústria de transformação (-8,0%), com declínio generalizado entre seus segmentos, com exceção de borracha e material plástico (+15,2%) e produtos de madeira (+19,7%). As atividades que apresentaram as maiores contrações foram equipamentos de transporte, no Amazonas, e produtos alimentícios, no Pará. A utilização da capacidade instalada da indústria amazonense, por outro lado, cresceu 0,8 p.p. e chegou a 77,9%.

No comércio externo, a região teria se beneficiado do preço elevado das commodities” e da recuperação da economia mundial, ainda que Estados exportadores de carne bovina, como Rondônia, Pará e Tocantins, venham sofrendo com o embargo da China. O maior superavit da balança comercial repercutiu, em especial, a elevação de preços das exportações (+53,7%). “As importações também cresceram nos dez primeiros meses do ano (+39,7%), principalmente bens intermediários para a indústria amazonense”, acrescentou.

Em relação à agricultura, o BC lembra que o crescimento aguardado pela Conab para a produção regional de grãos é de 4,5%, a partir de ampliação de 8,2% na área colhida. O destaque viria do avanço da lavoura de soja no Pará, com variações respectivas de 19,9% e 24,1%. “O 1° Prognóstico do IBGE para a safra 2022, contudo, projeta recuo de 1,4% na produção nortista de cereais, leguminosas e oleaginosas, em área cultivada 1% menor. Destaque para a retração na quantidade produzida de soja (2,0%) e para o acréscimo esperado nas colheitas de algodão, arroz e primeira safra de feijão e milho”, contrastou.

Empregos e inflação

A boa notícia vem do trabalho formal, já que a geração de vagas vem crescendo ao longo do ano. No terceiro trimestre alcançou 58,3 mil, superior ao alcançado no mesmo período de 2020, segundo dados do ‘Novo Caged’. O Pará teria sido responsável por quase metade da criação de vagas. Os melhores saldos vieram do comércio, atividades administrativas e serviços complementares, construção civil e indústria de transformação. “Em 12 meses, houve geração líquida de 166,9 mil postos de trabalho formais. Com isso, a taxa de desocupação no Norte caiu de 14,8% para 14%, na virada trimestral”, frisou.

O principal dado negativo veio dos preços da região, que aceleraram 2,53%, no trimestre, em ritmo mais avançado do que o registrado nos três meses encerrados em julho (+1,71%) – embora a evolução tenha sido a menor entre as regiões do país. “A inflação foi pressionada principalmente pelos preços administrados, sendo que as maiores contribuições vieram de energia elétrica, gasolina e gás de botijão. Já o transporte de passageiros intermunicipal e interestadual teve influência deflacionária no período. No acumulado do ano, a variação do índice atingiu 7,38%”, finalizou o texto do BC.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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