O que houve na quarta-feira foi uma parada técnica. Temos todas as con-dições para continuarmos com a redução das taxas de juros nos próximos períodos, afirmou Bernardo.
Na quarta-feira, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC decidiu manter a taxa Selic em 11,25% ao ano, dan-do fim a uma trajetória de 18 cortes consecutivos. Parte dos analistas esperava uma redução de 0,25 ponto percentual.
Para o ministro, a decisão do BC está baseada no aquecimento da economia interna, que tem aumentado a demanda, e também em fatores externos. “Vamos aguardar a evolução do quadro. Eu tenho certeza que o BC vai avaliar com parcimônia mas também com o objetivo de ajustar a nossa taxa de juros aos níveis internacionais”, afirmou.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva esforçou-se ontem para minimizar a decisão do BC de interromper a seqüência de quedas na taxa de juros. Falando em Luanda (Angola), Lula disse que o “momento virtuoso” da economia brasileira continuará.
“Cinco por cento é o “míni-mo-minimorum’ que o Brasil pode crescer. Nossa política é que esse crescimento se dê por 15 a 20 anos. Estou convencido de que vai acontecer”, afirmou, usando uma expressão em latim para reforçar o conceito de “mínimo”. O presidente destacou que o BC tem autonomia para fixar suas taxas de juros. “O fato de o BC achar que não é o momento de reduzir 0,25 (na Selic) não modifica em nada. O dado concreto é que o Brasil está num momento virtuoso da sua política econômica. É isso que não vai mudar”.
Lula se mostrou confiante de que a trajetória de queda nos juros será retomada no futuro. Disse ainda que o fundamental é manter o combate à inflação e preservou o presidente do BC, Henrique Meirelles. “Eu tinha dito numa entrevista para a Folha de S. Paulo que, se o Meirelles cortar ou não cortar, ele dá explicação para a sociedade brasileira. Simples isso”. Em seguida, complementou: “O que não vamos abdicar é de uma política séria de controle de inflação”.
Lula também ironizou as previsões de analistas de que o crescimento econômico de 5% pode estar comprometido. “Quem está falando nem sempre acerta na previsão. Se vocês pegassem os analistas econômicos, o que eles escre-veram nesses últimos três anos e o que aconteceu, vocês vão perceber que há uma diferença enorme”.
Já na opinião do ministro Guido Mantega (Fazenda), do ponto de vista macroeco-nômico, a decisão do Copom não tem nenhuma conseqüência prática. “A economia não vai parar de crescer por causa dessa interrupção”.
O ministro Guido Mantega justificou que a demanda agre-gada continua a crescer no país e que os efeitos das reduções anteriores dos juros ainda não foram sentidos. Mantega também concorda que há espaço para mais cortes.