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BB cobrava ‘pedágio’ em ações pelo PT

O empresário Marcos Valério, condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no julgamento do mensalão , afirmou em depoimento prestado em 24 de setembro à PGR (Procuradoria-Geral da República), que dirigentes do Banco do Brasil estipularam, a partir de 2003, uma espécie de “pedágio” às agências de publicidade que prestavam serviços para a instituição financeira pública: 2% de todos os contratos eram enviados para o caixa do PT. As informações foram publicadas na edição dessa quarta-feira (12) no jornal O Estado de S. Paulo.
Neste mesmo depoimento, Marcos Valério, operador do mensalão segundo o Supremo, disse que o esquema pagou despesas pessoais de Luiz Inácio Lula da Silva e que o ex-presidente autorizou os empréstimos ao PT.
Valério, que na ocasião do depoimento já havia sido condenado no STF a mais de 40 anos de prisão, decidiu prestar o depoimento buscando, em troca, proteção e redução da pena.
De acordo com a reportagem, os repasses do Banco do Brasil às cinco agências de publicidade com as quais mantinha contrato superaram R$ 400 milhões – uma delas era a DNA Propaganda, de Valério.
Ou seja, segundo o empresário disse à PGR em setembro, os desvios dos cofres públicos que abasteceram o mensalão podem ter sido maiores do que os que levaram o STF a condenar Valério e o ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato.
Segundo concluiu a Corte no julgamento que está prestes a se encerrar, R$ 2,9 milhões foram desviados do contrato da DNA com o Banco do Brasil para o mensalão. Outros R$ 74 milhões foram desviados do contrato da DNA com o Fundo Visanet, do qual o BB fazia parte.
Segundo Valério disse no depoimento, o suposto esquema de desvio de dinheiro público que teria de ir para a publicidade foi criado por Pizzolato e Ivan Guimarães, ex-presidente do Banco Popular do Brasil, que integra a estrutura do Banco do Brasil.
Pizzolato, já condenado pelo STF por corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro no julgamento do mensalão, negou que tenha cobrado “pedágio” das agências de publicidade. “Com certeza é impossível ele ter feito uma proposta dessas. Não tem a mínima possibilidade”, afirmou o advogado de Pizzolato, Marthius Lobato.

Lula está indignado

Amigo e ex-chefe de gabinete de Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) disse ontem que o ex-presidente não teme os desdobramentos das acusações, mas está “profundamente indignado” com as declarações de Marcos Valério, prestadas à Procuradoria-Geral da República.
Para Carvalho, além de Marcos Valério não merecer credibilidade, ele mentiu tanto “nos detalhes quanto no conteúdo mais profundo”.
Em setembro, depois de ter sido condenado a mais de 40 anos de prisão, Valério afirmou à procuradores que pagou despesas pessoais de Lula em 2003, que esteve no gabinete do então presidente, e que o PT é quem banca os advogados dele.
“Ele [Lula] está sem nenhum medo, apenas profundamente indignado com a atitude desse senhor e impressionado da credibilidade que, de repente, esse que era uma espécie de fábrica de males passa a ser agora tido agora como legitimo e digno acusador. Nós sabemos que não é, infelizmente não é”, disse Carvalho. Os dois se falaram por telefone na manhã de ontem e, na conversa, Lula não escondeu a irritação com as acusações feitas pelo operador do mensalão.
Para o ministro, Lula não deve se dar ao trabalho de responder às denúncias classificadas por ele como “falácia”.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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