10 de dezembro de 2024

Barcos escolas Samaúma I e Samaúma II levam a luz do conhecimento para distantes rincões da Amazônia

Em 14 de fevereiro deste ano ele completou dez anos sem festa ou alarde, porém, sem deixar de cumprir sua missão de levar educação e conhecimento profissional para os municípios e comunidades por mais distantes que estejam da capital do Amazonas. Trata-se do barco escola Samaúma II. Assim como seu antecessor, o Samaúma I, lançado ao rio em 1979, o Samaúma II é um projeto do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), pensado inicialmente para atender à população interiorana amazonense, mas que com o tempo foi ampliando seu raio de ação. Desde o dia 14, a bonita embarcação está atracada no porto do Manaquiri, onde permanecerá pelos próximos três meses promovendo 28 cursos.

A título de curiosidade. Com 45 anos de idade, o Sumaúma I está há oito meses, em Manaus, no estaleiro, passando por um processo de restauração e reforma e deve voltar à ativa em agosto.

“Em seus 42m de comprimento, por 10m de largura e três conveses, o Samaúma II abriga o tijupá, que é a parte mais alta da embarcação, a cabine de comando, seis camarotes (dois individuais e quatro coletivos), sala de convivência, sala multiuso, secretaria, sala de informática, duas salas de aula, ambulatório, sala de EaD (Ensino a Distância), laboratório de análise de águas, laboratório de alimentos, laboratório de mecânica, e praça de máquinas”, listou Mário Souto, coordenador do barco escola.

“Temos equipamentos, em nossa cabine de comando, que são os mais modernos em termos de navegação e, um detalhe: nosso laboratório de mecânica fica no mesmo nível das águas dos rios onde navegamos já que o nosso calado possui 1m80 de profundidade”, esclareceu.   

Meses longe de casa

Os instrutores do Samaúma II ministram cursos gratuitos embarcados e desembarcados em até três cidades por ano, capacitando cerca de três mil alunos. O barco escola passa de dois a três meses em cada lugar, disponibilizando de 20 a 26 cursos, mas podendo chegar a mais de 30. Toda essa estrutura é mantida por apenas 15 pessoas.

“São sete tripulantes, seis docentes e dois administradores. Nosso comandante é o Roberto Duarte; o Jaime Ruiz é o marinheiro fluvial de convés e imediato; o Ivani Neves é o condutor maquinista fluvial e chefe de máquinas. Jaime e Ivani atuaram por mais de 30 anos na Marinha”, disse.

“Temos ainda os marinheiros fluviais de máquinas, Elias Maia e Hilmo Soares; e os marinheiros fluviais de convés, Adriano Lima e Hillarys Feijó”, informou.

Já os professores que atuam no Samaúma são Maria Albanira Pena (gestão e meio-ambiente), Maria Celeste Souza (vestuário), Pedro Santos (mecânica de diesel e popa), Davi Marques (mecânica de motocicletas), Nazaré Bonfim (elétrica, energia solar e refrigeração), e Raimundo Sales (panificação e confeitaria).

“Fechando a lista temos a Dionete Silva, como assistente administrativa e eu”, completou Mário.

“Ao mesmo tempo em que este trabalho é prazeroso, pois viajamos por toda a Amazônia, conhecendo as mais longínquas localidades, ao mesmo tempo nos obriga a ficar longe de nossas famílias de dois a três meses. Graças a internet, conseguimos diminuir a saudade da distância”, falou.

Agora, em Manaquiri, são diversos os cursos oferecidos: padeiro, pizzaiolo, confeiteiro, informática, chefia e liderança, operador de máquinas pesadas, modista costureiro, mecânico de motores, mecânico de motocicletas, entre outros.

Interesse das prefeituras  

Além dos cursos profissionalizantes, a tripulação e os professores do Samaúma II transmitem conceitos de sustentabilidade como o de tratamento e aproveitamento de águas pluviais, depois utilizadas na embarcação. Também reciclam todos os resíduos sólidos gerados nas aulas de ensino/aprendizagem. A energia solar é utilizada para aquecer a água dos reservatórios e é responsável por 20% do abastecimento de energia da embarcação.

“Nossa atuação depende da solicitação das prefeituras interessadas nos nossos cursos. A ida ao município é agendada e quando chega o dia, atracamos no porto da cidade. Devido à quantidade de municípios na Amazônia, e só serem dois barcos escolas, é muito difícil repetir um mesmo município”, avisou.

De 2014 até agora o Samaúma II já foi a 15 municípios, inclusive Macapá, e formou 9.839 pessoas, enquanto o Samaúma I, em 45 anos de existência, já chegou a 65 municípios (48 no Amazonas, oito no Pará, cinco no Amapá, dois no Acre, um em Roraima e um em Rondônia), formando 63.112 pessoas.

“Nossas viagens mais recentes foram a Autazes; depois Manaquiri e Barreirinha, no ano passado. Este ano já estivemos em Manicoré e, pela primeira vez, retornamos a um município, Manaquiri, onde chegamos em 14 de junho e permaneceremos até 15 de setembro”, revelou.

“É de interesse da Fieam (Federação das Indústrias do Amazonas) que o Samaúma II participe da COP 30 (Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), em Belém, em novembro de 2025. Seria sua segunda viagem para além das fronteiras do Amazonas, também com a nobre missão de bem representar o Estado”, concluiu.

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Lílian Araújo

É Jornalista, Artista, Gestora de TI, colunista do JC e editora do Jornal do Commercio

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