Em 14 de fevereiro deste ano ele completou dez anos sem festa ou alarde, porém, sem deixar de cumprir sua missão de levar educação e conhecimento profissional para os municípios e comunidades por mais distantes que estejam da capital do Amazonas. Trata-se do barco escola Samaúma II. Assim como seu antecessor, o Samaúma I, lançado ao rio em 1979, o Samaúma II é um projeto do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), pensado inicialmente para atender à população interiorana amazonense, mas que com o tempo foi ampliando seu raio de ação. Desde o dia 14, a bonita embarcação está atracada no porto do Manaquiri, onde permanecerá pelos próximos três meses promovendo 28 cursos.
A título de curiosidade. Com 45 anos de idade, o Sumaúma I está há oito meses, em Manaus, no estaleiro, passando por um processo de restauração e reforma e deve voltar à ativa em agosto.
“Em seus 42m de comprimento, por 10m de largura e três conveses, o Samaúma II abriga o tijupá, que é a parte mais alta da embarcação, a cabine de comando, seis camarotes (dois individuais e quatro coletivos), sala de convivência, sala multiuso, secretaria, sala de informática, duas salas de aula, ambulatório, sala de EaD (Ensino a Distância), laboratório de análise de águas, laboratório de alimentos, laboratório de mecânica, e praça de máquinas”, listou Mário Souto, coordenador do barco escola.
“Temos equipamentos, em nossa cabine de comando, que são os mais modernos em termos de navegação e, um detalhe: nosso laboratório de mecânica fica no mesmo nível das águas dos rios onde navegamos já que o nosso calado possui 1m80 de profundidade”, esclareceu.
Meses longe de casa
Os instrutores do Samaúma II ministram cursos gratuitos embarcados e desembarcados em até três cidades por ano, capacitando cerca de três mil alunos. O barco escola passa de dois a três meses em cada lugar, disponibilizando de 20 a 26 cursos, mas podendo chegar a mais de 30. Toda essa estrutura é mantida por apenas 15 pessoas.
“São sete tripulantes, seis docentes e dois administradores. Nosso comandante é o Roberto Duarte; o Jaime Ruiz é o marinheiro fluvial de convés e imediato; o Ivani Neves é o condutor maquinista fluvial e chefe de máquinas. Jaime e Ivani atuaram por mais de 30 anos na Marinha”, disse.
“Temos ainda os marinheiros fluviais de máquinas, Elias Maia e Hilmo Soares; e os marinheiros fluviais de convés, Adriano Lima e Hillarys Feijó”, informou.
Já os professores que atuam no Samaúma são Maria Albanira Pena (gestão e meio-ambiente), Maria Celeste Souza (vestuário), Pedro Santos (mecânica de diesel e popa), Davi Marques (mecânica de motocicletas), Nazaré Bonfim (elétrica, energia solar e refrigeração), e Raimundo Sales (panificação e confeitaria).
“Fechando a lista temos a Dionete Silva, como assistente administrativa e eu”, completou Mário.
“Ao mesmo tempo em que este trabalho é prazeroso, pois viajamos por toda a Amazônia, conhecendo as mais longínquas localidades, ao mesmo tempo nos obriga a ficar longe de nossas famílias de dois a três meses. Graças a internet, conseguimos diminuir a saudade da distância”, falou.
Agora, em Manaquiri, são diversos os cursos oferecidos: padeiro, pizzaiolo, confeiteiro, informática, chefia e liderança, operador de máquinas pesadas, modista costureiro, mecânico de motores, mecânico de motocicletas, entre outros.
Interesse das prefeituras
Além dos cursos profissionalizantes, a tripulação e os professores do Samaúma II transmitem conceitos de sustentabilidade como o de tratamento e aproveitamento de águas pluviais, depois utilizadas na embarcação. Também reciclam todos os resíduos sólidos gerados nas aulas de ensino/aprendizagem. A energia solar é utilizada para aquecer a água dos reservatórios e é responsável por 20% do abastecimento de energia da embarcação.
“Nossa atuação depende da solicitação das prefeituras interessadas nos nossos cursos. A ida ao município é agendada e quando chega o dia, atracamos no porto da cidade. Devido à quantidade de municípios na Amazônia, e só serem dois barcos escolas, é muito difícil repetir um mesmo município”, avisou.
De 2014 até agora o Samaúma II já foi a 15 municípios, inclusive Macapá, e formou 9.839 pessoas, enquanto o Samaúma I, em 45 anos de existência, já chegou a 65 municípios (48 no Amazonas, oito no Pará, cinco no Amapá, dois no Acre, um em Roraima e um em Rondônia), formando 63.112 pessoas.
“Nossas viagens mais recentes foram a Autazes; depois Manaquiri e Barreirinha, no ano passado. Este ano já estivemos em Manicoré e, pela primeira vez, retornamos a um município, Manaquiri, onde chegamos em 14 de junho e permaneceremos até 15 de setembro”, revelou.
“É de interesse da Fieam (Federação das Indústrias do Amazonas) que o Samaúma II participe da COP 30 (Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), em Belém, em novembro de 2025. Seria sua segunda viagem para além das fronteiras do Amazonas, também com a nobre missão de bem representar o Estado”, concluiu.
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