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Balança mostra impacto da paralisação no Polo Industrial de Manaus

Divulgação

A crise da covid-19 derrubou a corrente de comércio exterior do Amazonas pelo segundo mês seguido, em maio. O maior impacto veio das importações, que andaram para trás em praticamente todas as comparações, em virtude da paralisia do PIM. Embora tenham esboçado alta sazonal, as exportações sofreram novo retrocesso anual, erodindo o acumulado. A conclusão vem dos dados do governo federal disponibilizados pelo portal Comex Stat, nesta sexta (5).

As vendas externas do Amazonas em maio (US$ 46.20 milhões) foram até 1,65% melhores do que as de abril (US$ 45.45 milhões), mas ficaram 10,76% abaixo do registro de exatos 12 meses atrás (US$ 51.77 milhões). No acumulado dos cinco meses iniciais do ano (US$ 280.96 milhões), o Estado ainda conseguiu sustentar uma alta de 2,66% frente ao patamar alcançado no mesmo período de 2019 (US$ 273.68 milhões).

Já a contabilidade das aquisições do Estado no estrangeiro não passou dos US$ 708.18 milhões em maio de 2020, correspondendo a um acréscimo de 3,21% frente ao registrado em abril de 2020 (US$ 686.18 milhões). Mas, o resultado foi 21,43% pior do que o obtido em maio de 2019 (US$ 901.32 milhões). Os valores também caíram no aglutinado até maio e passaram de US$ 4.33 bilhão (2019) para US$ 4.03 bilhão (2020), uma diferença de %.

Em maio, as compras do Estado no estrangeiro foram encabeçadas por partes e peças para televisores e decodificadores (US$ 104.63 milhões), circuitos integrados e microconjuntos eletrônicos (US$ 95.30 milhões), celulares (US$ 45.14 milhões), óleos de petróleo ou de minerais betuminosos (US$ 39.60), e partes e acessórios para veículos (US$ 35.95 milhões). Com exceção deste último, todos sofreram quedas significativas em relação a 12 meses atrás.

A China voltou a encabeçar a lista de países fornecedores para o Amazonas, no mês passado, mas com queda de US$ 322.72 milhões (2019) para US$ 309.71 milhões (2020). Na sequência, vieram Estados Unidos (US$ 75.94 milhões), Coreia do Sul (US$ 51.70 milhões), Vietnã (US$ 43.85 milhões) e Japão (US$ 41.41 milhões) – sendo que este foi o único dos citados que alcançou crescimento sobre maio do ano passado.

“A queda das importações acontece porque nossa produção industrial caiu. Embora muitas fábricas do PIM estejam voltando, as operações permaneceram bastante reduzidas em maio. A maior parte do que produzimos vai para o mercado brasileiro, mas o comércio de todo o país ficou de portas fechadas no mês passado e a crise fez o consumidor limitar suas compras a produtos básicos”, analisou o gerente executivo do CIN (Centro Internacional de Negócios) da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Marcelo Lima, em conversa com o Jornal do Commercio.

PIM em baixa

Pela primeira vez em meses, as preparações alimentícias/concentrados (US$ 5.16 milhões) não encabeçaram a lista, caindo para a segundo posição, ao atingir um valor que equivale a 54,13% do de 12 meses atrás (US$ 11.25 milhões). Em seu lugar, óleo de soja (US$ 5.90 milhões) assumiu a liderança do ranking. Celulares (US$ 3.46 milhões) ficaram em terceiro, sendo seguidos por açucares de cana (US$ 3.34 milhões) e aparelhos de barbear (US$ 3.27 milhões) – com queda apenas para este item.

Venezuela (US$ 17.91 milhões) e Vietnã (US$ 3.68 milhões) lideraram a lista de destinos das vendas externas amazonenses – ambas com crescimentos exponenciais sobre 2019. Estados Unidos (US$ 2.90 milhões) e China (US$ 2.65 milhões) vieram na sequência, mas com números mais fracos do que no ano passado. Parceiro tradicional do Amazonas, a Argentina (US$ 2.54 milhões) caiu da quarta para a quinta posição, com um valor bem abaixo do registrado 12 meses atrás (R$ 11.40 milhões).

O gerente executivo do CIN-AM não soube explicar o motivo da queda das vendas de concentrados, nem a subida meteórica das exportações de celulares ‘made in’ Amazonas – de US$ 47.688 (2019) para US$ 3.46 milhões (2020). Os dados do Comex Stat informam que foi justamente o Vietnã – que também subiu no ranking das vendas externas do Estado – o responsável pela compra dos eletrônicos, além de diversos componentes. No caso dos concentrados, a queda se deveu a compras significativamente menores da Bolívia (US$ 2.20 milhões) e da Colômbia (US$ 1.34 milhões), os principais destinos do produto.

“De resto, não há novidades. Não há muito o que dizer sobre a Argentina, que já sofria com uma crise econômica e, agora, enfrenta o coronavírus. Já a Venezuela vem salvando nossas exportações fazendo papel parecido ao dos agronegócios na balança comercial brasileira. O país vizinho continuou comprando muito dos atacadistas e distribuidores no nosso Estado, sempre à vista. Pena que os produtos adquiridos por eles não sejam produzidos no Amazonas”, ponderou.

Queda e retomada

De acordo com o gerente executivo do CIN, os efeitos da pandemia devem se refletir com igual força nos próximos meses, com retrocesso nas estatísticas de importações e de exportações do Estado, em razão do enfraquecimento da demanda e da ainda lenta reabertura dos negócios decorrente das medidas de contenção à covid-19 e da queda de confiança dos agentes econômicos.

“A emissão de certificados de origem continua caindo muito. Em meses normais, costumamos ter 200, mas já chegamos a registrar em torno de 700 mensais, há cinco ou seis anos. Em abril, o número já havia diminuído para 150, e voltou a cair, em maio, para cem. Com o PIM trabalhando em baixa atividade, a tendência é que as importações ainda sejam menores. As empresas vão ter que se reinventar, mas creio que devemos ter alguma melhora das importações e exportações a partir de agosto”, finalizou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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