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Balança de empregos cresce no Amazonas em abril

O saldo de empregos formais voltou a crescer no interior do Amazonas, pelo segundo mês seguido, em abril. As contratações (+893) superaram as demissões (-682), com a criação de 211 postos de trabalho com carteira assinada – em número pouco inferior ao do mês anterior (223) – e acréscimo de 0,58% sobre o estoque anterior. Mas, o desempenho perdeu de longe para o registrado em Manaus (+1.741 e +0,45%), que mais uma vez sustentou a alta do Estado (+1.952 e +0,46%). 

O número de cidades amazonenses com mais admissões do que desligamentos chegou a 25, ficando abaixo da estatística de março deste ano (27) e com resultados novamente irrisórios na maior parte das localidades. Ao menos 19 foram na direção contrária e as 17 restantes estagnaram – contra 22 e 12 no mês anterior, respectivamente. Os dados são da edição mais recente do ‘Novo’ Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).

O desempenho do interior no acumulado dos quatro primeiros meses do ano, contudo, foi negativo em termos de vagas celetistas, na direção contrária do Estado e da capital, na série com ajustes. Enquanto Manaus conseguia gerar 4.946 vagas com carteira assinada no quadrimestre, batendo a média global do Amazonas (+4.080), os demais municípios amazonenses eliminaram 866 postos de trabalho formais e sofreram variação negativa de 2,37%, dado o predomínio dos desligamentos (-6.529) sobre as admissões (+5.663). 

No acumulado de 12 meses, os municípios do interior do Amazonas já amargam perda de empregos com 931 carteira assinada, com um total de contratações (+24.555) também abaixo dos desligamentos (-25.486) neste caso. Em contraste, a capital amazonense já acumula 25.532 postos de trabalho formais, em número igualmente superior ao apresentado pelo Estado (24.601).

Estabilidade e estoques

Entre as localidades amazonenses que conseguiram contratar mais do que demitir, apenas sete conseguiram saldo de dois dígitos no número de vagas registradas na variação mensal, com Manacapuru (+60 vagas e alta de 1,94% ante março), Rio Preto da Eva (+38 e +4,57%) e Presidente Figueiredo (+30 e +1,01%) à frente. Em compensação, apenas um município apresentou cortes de dos dígitos em números absolutos: Humaitá (-13 e -0,60%), em um mês que tendeu à estabilidade.

No quadrimestre, 24 municípios do interior amazonense ficaram no azul e 29 no vermelho, enquanto oito estagnaram – contra 20, 30, e 11 no mês anterior. Humaitá (+125 e +6,21%), Manacapuru (+122 e +4,03%) e Presidente Figueiredo (+96 e +3,30%) lideraram a lista de criação de empregos formais. No outro extremo, despontaram Parintins (-34 e -1,41%), Maués (-32 e -1,62%), Tefé (-21 e -1,16%) e Coari (-21 e -27,27%).

Excluída a capital (389.702), os seis maiores municípios do Amazonas em termos de estoque de empregos com carteira assinada continuam respondendo por mais de 50% de todo o volume de empregos com carteira assinada contabilizados no interior (36.538): Itacoatiara (4.683), Manacapuru (3.144), Presidente Figueiredo (3.010), Tabatinga (2.724), Parintins (2.385) e Humaitá (2.128). 

Construção em queda

Todos os cinco setores econômicos pelo “Novo Caged” conseguiram saldos positivos no Amazonas, na passagem de março para abril. No interior, entretanto, apenas três fecharam no azul: serviços (+128 vagas celetistas), comércio (+101) e agropecuária (+7), repetindo a dinâmica de março, mas com números mais baixos. Na outra ponta, as atividades com cortes de postos de trabalho foram construção (-369) e indústria (-31). 

O mesmo se deu no acumulado dos quatro meses iniciais deste ano, com retrações nos estoques de empregos para construção (-87) e indústria em geral (-26). Na oura ponta, o melhor desempenho em termos de geração de postos de trabalho com carteira assinada no período veio do setor de serviços (+368), seguido de longe por agropecuária (+58) e comércio (+16).

Líderes de crescimento na variação mensal, Rio Preto da Eva e Presidente Figueiredo foram alavancados especialmente pelo comércio (+10 e +8, na ordem), assim como pela construção (+23) – no primeiro caso – e pela indústria (+12) – no segundo. Municípios que se saíram melhor no quadrimestre, Humaitá e Manacapuru tiveram suas contrações movidas pelos serviços (+85 e +42) e indústria (+30 e +94).

“Polos de desenvolvimento”

Embora não exclua fatores como a pandemia e a cheia, o presidente do Sindecon-AM (Sindicato dos Economistas do Estado do Amazonas), Marcus Evangelista, estranhou o enxugamento de vagas na construção civil, e lembrou que o setor é tradicionalmente um “grande polo empregador”, tanto na capital quanto nos demais municípios. Sobre o desempenho da indústria, o economista conjectura que o aumento dos preços do tijolo deve ter contribuído para que as vendas recuassem e que, “sem vendas”, as olarias devem ter acabado reduzindo mão de obra.

Evangelista lembrou que, a despeito de variações pontuais, fatores estruturais inibem a oferta de empregos no interior. Conforme o presidente do Sindecon-AM, os municípios da Região Metropolitana de Manaus são beneficiados pela proximidade da capital, enquanto os mais distantes sofrem pelo isolamento e quase nenhum investimento privado. Como resultado, acabam dependendo do “contracheque das prefeituras”, além de pequenos negócios de comércio e serviços e, atipicamente, indústrias e mineradoras.

“Enquanto não houver implementação de políticas de atração de investimentos para o interior, teremos sempre essa dependência de empregos nos órgãos municipais. No momento em que ocorrerem a criação de polos de desenvolvimentos onde ocorra a fluidez de incentivos fiscais, com certeza teremos a implantação de diversas empresas, com geração de empregos e renda. Enquanto não ocorre, os números sempre serão instáveis, pois a atividade privada não é suficiente para a superação dos empregos públicos”, encerrou. 

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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