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Balança comercial do Amazonas encerra o ano em queda

Balança comercial do Amazonas encerra o ano em queda

A balança comercial do Amazonas encerrou o ano com uma segunda variação mensal negativa, em dezembro. As vendas externas amargaram quedas em praticamente todas as comparações, mal conseguindo se sustentar no azul no acumulado, embora os manufaturados do PIM tenham mantido destaque. As importações tiveram alta apenas na variação anual, dada a desaceleração mensal na aquisição de partes e peças pelo Polo, gerando saldo negativo em 12 meses. Os dados foram disponibilizados pelo portal Comex Stat, nesta quinta (7).

Em dezembro, as vendas externas do Amazonas totalizaram US$ 69.15 milhões e foram 19,80% piores do que as de novembro (US$ 86.22 milhões), além de terem ficado 12,04% abaixo do registro de exatos 12 meses atrás (US$ 78.62 milhões). A despeito da queda, o Estado ainda conseguiu sustentar uma alta de 3,13% no acumulado dos 12 meses do ano (US$ 773.96 milhões), frente ao patamar do mesmo período de 2019 (US$ 750.48 milhões).

Em paralelo, as importações do Amazonas contabilizaram US$ 844.28 milhões no mês passado, correspondendo a um decréscimo de 5,34% frente a novembro do mesmo ano (US$ 891.90 milhões). O confronto com dezembro de 2019 (US$ 696.54 milhões), por outro lado, foi positivo em 21,21%. Com isso, o Estado consolidou o ano no vermelho, ao passar de US$ 10.16 bilhões (2019) para US$ 9.72 bilhões (2020), uma diferença de 4,33%. 

Insumos e concentrados

As importações do Amazonas foram encabeçadas por circuitos integrados e microconjuntos eletrônicos (US$ 147.69 milhões), partes e peças para televisores e decodificadores (US$ 98.19 milhões), celulares (US$ 57.57 milhões), polímeros de etileno (US$ 43.80 milhões) e máquinas e aparelhos de ar condicionado (US$ 39.30 milhões). Todos os itens citados apresentaram números melhores do que os de dezembro de 2019. 

A China (US$ 382.02 milhões) voltou a liderar a lista de países fornecedores para o Amazonas, no mês passado, com aumento de 44,18% frente dezembro de 2019 (US$ 264.95 milhões). A lista incluiu ainda Estados Unidos (US$ 80.48 milhões), Taiwan (US$ 61.32 milhões), Coreia do Sul (US$ 51.43 milhões) e Vietnã (US$ 44.19 milhões), entre outros – com quedas para os segundo e quinto país da lista, na mesma comparação de períodos.

Preparações alimentícias/concentrados (US$ 13.97 milhões) encabeçaram a lista de exportações do Estado, embora com retração de 2,44% sobre o desempenho de dezembro de 2019 (R$ 14.32 milhões). Máquinas e aparelhos de escritório (mais de R$ 8.96 milhões) despontaram na segunda posição – adquiridos exclusivamente pela Argentina. Foram seguidos por motocicletas (R$ 7.09 milhões), óleo de soja (R$ 5.02 milhões) e aparelhos de TV (US$ 4.41 milhões). O único recuo apresentado entre estes quatro veio dos veículos de duas rodas.

A Venezuela (US$ 15.76 milhões) renovou a liderança na lista de destinos das vendas externas amazonenses, embora tenha recuado 11,86% sobre novembro de 2019 (US$ 17.88 milhões). A Argentina (US$ 15.36 milhões) subiu da terceira para a segunda colocação, sendo acompanhada por Bolívia (US$ 7.59 milhões), Colômbia (US$ 5.38 milhões) e China (US$ 3.69 milhões). Apenas Argentina e Colômbia conseguiram desempenhos melhores do que os registrados em dezembro de 2019.

‘“Variações irrisórias”

De acordo com o gerente executivo do CIN (Centro Internacional de Negócios) da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Marcelo Lima, uma das explicações para os dados mais acanhados de dezembro se devem ao simples fato de que o mercado exterior sofre uma parada na segunda metade do mês, em razão das festas de fim de ano.

“Com relação ao acumulado, podemos considerar que as variações foram irrisórias, considerando a crise que estamos atravessando. A única coisa que me chamou a atenção foi a ausência dos Estados Unidos entre os primeiros lugares dos destinos de nossas exportações, e a presença de máquinas e aparelhos de escritório. A Colômbia está se mantendo, pela compra de concentrados e motocicletas. E, agora, estamos vendo mais saída de TVs”, comentou.

Com relação à subida da Argentina, Marcelo Lima diz que as coisas começaram a melhorar no país vizinho, que vem atravessando uma prolongada crise econômica, agravada pelos impactos da pandemia. “Muito embora o governo argentino tenha tomado medidas que possam gerar reflexos negativos em 2021. Sobre as exportações em geral, podemos dizer que estas se devem não apenas à crise da covid-19, como também a problemas estruturais dos países envolvidos, inclusive o nosso”, opinou. 

Faturamento menor

Já o coordenador da Comissão de Logística do Cieam, professor da Ufam e empresário, Augusto Cesar Barreto Rocha, avalia que a queda das importações na reta final do ano indica que as vendas do PIM em dólares será menor na comparação de 2020 com 2019 – embora possa apresentar subir em reais, em virtude da apreciação cambial. “Se o faturamento encolher na porcentagem das importações ou menor que ela, é até positivo, pois demonstrará que o Polo agregou mais valores por sua presença ou insumos locais”, acrescentou, ressalvando que o contrário é o mais provável.

O quadro, segundo Augusto Rocha é negativo, considerando que uma parcela de produtos do PIM teve demanda expressiva – especialmente o segmento eletroeletrônico e as linhas de produção de televisores –, o que apontaria para mix pior de produtos da indústria incentivada de Manaus. O especialista avalia que é difícil entender os motivos para o destaque de itens de escritório e a recuperação argentina na pauta de exportações, mas diz que os dados globais poderiam ser mais expressivos.

“Minha avaliação é que são indicadores que poderiam estar melhores, em razão da condição cambial, que atrapalha a importação e aumenta a competitividade dos produtos produzidos no país, por mais que existam componentes importados. O aumento expressivo no custo dos fretes poderá ser um problema mais severo em 2021, em função da maior ocupação das malhas aéreas (distribuição de vacinas etc.) e de mudança do perfil de consumo em função da pandemia”, analisou.

Quanto às expectativas, o coordenador da Comissão de Logística do Cieam lembra que dependerão da velocidade de recomposição de renda de quem está “fechado” e diz que, se houver auxílio emergencial ou alguma política de fomento à demanda semelhante, o ano poderá ser positivo. Outra variável que pode impactar no desempenho vem da distribuição e aplicação das vacinas no primeiro semestre, desde que estas se deem de “maneira expressiva”.

“Todavia, se não houver auxílio, a vacina seguir com a logística engessada e excesso de conversa com pouca ação, se caminhar uma reforma Tributária no Congresso com abordagem incompatível com a produção nacional ou os interesses da ZFM, poderá ser um ano devastador. Uma coisa é certa: não poderemos pegar 2020 como referência. Seja o que for 2021, não se parecerá em nada com o ano passado”, concluiu.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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