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Balança comercial do AM perde força, mas ainda está positiva

A corrente de comércio exterior do Amazonas seguiu positiva em agosto, mas voltou a desacelerar, na variação mensal. Majoritárias no bolo, as importações, seguiram no azul, em ambas as comparações. As exportações perderam força na comparação com julho e, embora as motocicletas tenham tomado a liderança, outros manufaturados do PIM perderam posições para produtos primários ou de fora do Estado. É o que se conclui a partir dos dados mais recentes do governo federal, disponibilizados pelo portal Comex Stat.

As vendas externas do Estado totalizaram US$ 82.90 milhões e foram 6,08% mais fracas do que as de julho de 2021 (US$ 88.27 milhões), embora tenham ficado 57,16% acima do registro de 12 meses atrás (US$ 52.75 milhões) – que já pontuava ensaio de retomada para a economia amazonense. As importações, por outro lado, não passaram de US$ 1.22 bilhão, correspondendo a um acréscimo de 12,96% ante o mês anterior (US$ 1.08 bilhão) e a uma expansão de 47,27% no confronto com agosto de 2020 (US$ 828.43 milhões). 

Os números do comércio exterior do Estado também seguem positivos no acumulado do ano, tanto nas exportações, quanto nas importações. As vendas externas acumularam US$ 628.60 milhões, correspondendo a um aumento de 36,17% sobre o dado do mesmo período do ano passado (US$ 461.63 milhões). Em paralelo, as aquisições do Amazonas no mercado estrangeiro avançaram 38,04%, ao passar de US$ 6.23 bilhões (2020) para US$ 8.60 bilhões (2021), entre janeiro e agosto de 2021.

As importações do Amazonas registradas no mês passado foram encabeçadas, como de costume, por insumos para o PIM. Os itens mais adquiridos foram circuitos integrados e microconjuntos eletrônicos (US$ 254.04 milhões), partes e peças para televisores e decodificadores (mais de US$ 199.14 milhões), partes para aparelhos de telefonia (US$ 216.04 milhões), celulares (US$ 70.51 milhões) e platina (US$ 59.47 milhões). Só o terceiro item da lista apresentou número pior do que o de agosto de 2020. 

A China (US$ 502.27 milhões) voltou a liderar o ranking de países fornecedores para o Amazonas, no mês passado, com alta de 42,99% ante agosto de 2020 (US$ 351.27 milhões). Os Estados Unidos (US$ 113.54 milhões) vieram em uma distante segunda posição, sendo seguidos por Vietnã (US$ 105.78 milhões), Coreia do Sul (US$ 78.27 milhões), Taiwan (US$ 73.50 milhões) e Japão (US$ 60.79 milhões) entre outros. Todos os países citados avançaram na variação anual.

Motocicletas aceleram

As motocicletas (US$ 16.82 milhões) foram os produtos mais exportados pelo Amazonas, em agosto, com alta de 82,03% sobre o mesmo mês de 2020 (US$ 9.24 milhões). Após recuperarem a liderança no mês passado, as preparações para elaboração de bebidas/concentados (US$ 13.62 milhões) caíram para a terceira colocação, sendo precedidas pelo óleo de soja (US$ 14.18 milhões). Na sequência vieram extratos de malte (US$ 7.48 milhões) e açúcares de cana (US$ 4.17 milhões), entre outros.

Os próximos manufaturados do PIM presentes na pauta de vendas externas de julho foram aparelhos de barbear (US$ 3.09 milhões), na sétima posição, e “máquinas e aparelhos de escritório” (US$ 1.09 milhão) – como distribuidores automáticos de papel moeda –, na décima. Isqueiros (US$ 565.289), canetas (US$ 369.136) e celulares (US$ 367.804) também apareceram na lista, nos 16º, 20º e 21º lugares, respectivamente.

A Venezuela (US$ 30.84 milhões) renovou a liderança entre os destinos das vendas externas amazonenses, e subiu 103,43% sobre o dado de agosto de 2020 (US$ 15.16 milhões). Colômbia (US$ 9.70 milhões), Argentina (US$ 9.05 milhões), Estados Unidos (US$ 6.85 milhões), Bolívia (US$ 5.14 milhões) e China (US$ 3.32 milhões) ocuparam as colocações seguintes. Com exceção do país asiático, todos expandiram o volume de compras na comparação com o oitavo mês do ano passado.

O diretor adjunto de Infraestrutura, Transporte e Logística da Fieam e professor da Ufam, Augusto Cesar Rocha, considerou que os números da balança comercial do Amazonas em agosto “parecem muito positivos”, em especial quando medidos em dólar, uma moeda mais forte e conversível. O dirigente diz que vê com alegria o crescimento do setor eletroeletrônico e de telefonia, porque isso indicaria um “bom resultado” de faturamento, nos próximos meses. Também considerou boa notícia as exportações crescentes de motocicletas, mas ressalvou que a alta dos insumos podem indicar represamento de compras anteriores. 

“Entendo que poderemos ficar otimistas para os próximos meses, pois isso indica um planejamento de crescimento da produção e vendas. O principal risco associado é que este crescimento de compras tenha sido para incrementar os estoques, em função das dificuldades logísticas que têm acontecido em várias cadeias de suprimento no mundo. Em especial de componentes, que tem sofrido severo desabastecimento. Entretanto, mesmo assim, há um otimismo nestes números”, ponderou.

“Cenário de crescimento”

Em entrevista anterior à reportagem do Jornal do Commercio, o gerente executivo do CIN (Centro Internacional de Negócios) da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Marcelo Lima, avaliou que as importações devem crescer, até dezembro, em função do aquecimento da indústria para as festas de fim de ano. Da mesma forma, o cenário para as exportações seria de crescimento, levando o Estado a encerrar 2021 com US$ 1 bilhão em vendas externas. 

Os motivos para tanto seriam a “desaceleração da pandemia” e a abertura de novos negócios no comércio exterior. Outros fatores também teriam contribuído, como o próprio “aumento vegetativo” do mercado e a reação da economia mundial, na nova fase que veio com a vacinação contra a covid-19. Marcelo Lima ponderou ainda que a variação do dólar também pode estar ajudando nos resultados. 

“Apesar da crise da Argentina, e da situação política de alguns países da América Latina, nossas exportações não sofrerão descontinuidade. O mercado está se apresentando de uma forma bastante otimista, principalmente em relação aos segmentos de concentrados, eletroeletrônicos e motocicletas. Há de se considerar também as exportações para a Venezuela, de itens não fabricados na Zona Franca, como produtos alimentícios. A crise no país vizinho vai crescer, mas as compras deles por aqui devem estabilizar”, concluiu. 

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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