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Balança Comercial do AM – Novembro

A corrente de comércio exterior do Amazonas cresceu pelo segundo mês consecutivo, entre outubro e novembro. Mas, em sintonia com a aproximação do Natal e o período do boom sazonal da indústria, o incremento acabou sendo novamente carreado apenas pelas importações, que são majoritárias na balança comercial amazonense. As exportações praticamente estagnaram, com viés de baixa, além sofrer um novo tombo anual, em que pese os destaques para concentrados de refrigerantes e motocicletas na pauta. É o que mostram os dados do governo federal, disponibilizados pelo portal Comex Stat.

As vendas externas do Estado totalizaram US$ 79.18 milhões e foram 0,58% mais fracas do que as outubro de 2021 (US$ 79.64 milhões), além de ficarem 8,15% abaixo do registro de 12 meses atrás (US$ 86.21 milhões). As importações, contudo, totalizaram US$ 1.20 bilhão, correspondendo a um acréscimo de 1,69% ante o mês anterior (US$ 1.18 bilhão) e a uma expansão de 34,53% no confronto com novembro de 2020 (US$ 891.96 milhões). Vale notar que, na análise anual, o peso total foi 28,92% menor, no primeiro caso (37,23 mil toneladas), e 29,91% inferior, no segundo (146,43 mil toneladas).

Os números do comércio exterior amazonense seguem positivos no acumulado do ano nas exportações e nas importações. As vendas externas somaram US$ 867.70 milhões, correspondendo a um aumento de 23,09% sobre o mesmo período do ano passado (US$ 704.92 milhões). Já as aquisições do Amazonas no mercado estrangeiro avançaram 36,98%, ao passar de US$ 8.87 bilhões (2020) para US$ 12.15 bilhões (2021), entre janeiro e novembro de 2021. Em termos de volume, as exportações (393,62 mil toneladas) foram 12,35% menores e as importações (2,14 milhões de toneladas), 3,03% maiores.

As importações do Amazonas foram encabeçadas, como de costume, por insumos para o PIM. Os itens mais adquiridos foram circuitos integrados e microconjuntos eletrônicos (US$ 266.91 milhões), partes e peças para televisores, celulares e decodificadores (US$ 209.17 milhões), celulares (US$ 83.04 milhões), polímeros de etileno (US$ 57.85 milhões), platina (US$ 44.10 milhões), partes e acessórios para veículos de duas rodas (US$ 43.13 milhões) e máquinas e aparelhos de ar condicionado (US$ 38.17 milhões). Apenas o quinto e o sétimo itens da lista tiveram números piores na variação anual.

A China (US$ 557.53 milhões) voltou a liderar o ranking de países fornecedores para o Amazonas, no mês passado, com alta de 37,04% ante o 11º mês de 2020 (US$ 406.83 milhões). O Vietnã (US$ 126.14 milhões) subiu para o segundo lugar, ultrapassando os Estados Unidos (US$ 71.61 milhões). Foram seguidos por Taiwan (US$ 68.36 milhões), Coreia do Sul (US$ 66.51 milhões), Japão (US$ 54.93 milhões) e Tailândia (US$ 41.11 milhões). Com exceção dos EUA, todos os demais países citados avançaram em relação ao dado de 12 meses atrás.

“No caso das importações, os países da Ásia detêm quase que 90% de todas as vendas para o PIM, principalmente para os polos eletroeletrônicos e duas rodas. A tendência tradicional é de aumento nos meses finais de 2021. Temos de considerar também os efeitos da variação cambial”, assinalou o gerente executivo do CIN (Centro Internacional de Negócios) da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Marcelo Lima, à reportagem do Jornal do Commercio.

Concentrados e motocicletas

As preparações para elaboração de bebidas/concentados (US$ 15.07 milhões) se mantiveram na liderança do ranking das exportações, apesar encolherem 18,50% ante o mesmo mês de 2020 (US$ 18.49 milhões). Depois de um mês de liderança e dois de vice-liderança, as motocicletas (US$ 8.79 milhões) caíram para a terceira colocação, sendo precedidas pelo óleo de soja (US$ 13.26 milhões). Na sequência estão extratos de malte (US$ 8.52 milhões), açúcares de cana ou de beterraba e sacarose (US$ 4.99 milhões) e ferro-ligas (US$ 4.07 milhões). Apenas o quarto e o sexto itens da lista caíram.

Apesar da liderança de concentrados e motocicletas, os próximos manufaturados do PIM presentes na pauta de vendas externas de setembro só aparecem na sexta, sétima, oitava, 12ª e 16ª e 30ª posições, respectivamente: aparelhos de barbear (US$ 3.03 milhões), máquinas e aparelhos de escritório”, como distribuidores automáticos de papel moeda (US$ 2 milhões), celulares (US$ 1.68 milhão), canetas (US$ 993.619), isqueiros (US$ 606.242) e aparelhos de TV (US$ 237.144) e diversos componentes fabris, entre outros.

A Venezuela (US$ 32.50 milhões) renovou a liderança entre os destinos das vendas externas amazonenses, e subiu 129,68% sobre o dado de novembro de 2020 (US$ 14.15 milhões). A Argentina (US$ 8.46 milhões) retomou a uma distante segunda posição, ultrapassando a Colômbia (US$ 7.75 milhões). Completam a lista a Bolívia (R$ 5.03 milhões), os Estados Unidos (US$ 4.08 milhões), a China (US$ 2.99 milhões) e o Paraguai (US$ 2.76 milhões), entre outros. Com exceção de Colômbia e Bolívia, todos retraíram o volume de compras na comparação com o décimo mês do ano passado. 

“Tendência de melhora”

O gerente executivo do CIN, considerou que a taxa de redução mensal nas exportações amazonenses de novembro foi “irrelevante em termos de balança comercial” e praticamente não mostrou “solução de descontinuidade”. Marcelo Lima também reforçou que o acumulado do ano ainda apresenta incremento de dois dígitos. No entendimento do especialista, o saldo das vendas externas do Amazonas é positivo, quando se leva em conta a resiliência dos impactos da crise da covid-19 na cadeia global de abastecimento.

“A Venezuela continua sendo nosso maior parceiro e mais do que dobrou suas exportações, embora os produtos que compra não sejam produzidos na Zona Franca de Manaus. São alimentos e produtos de higiene e limpeza revendidos por atacadistas locais. Já os manufaturados do PIM praticamente não alteraram sua composição na pauta. Nas condições atuais do mercado, em que pese a crise, não vejo motivos para preocupação de nossa parte. A performance poderia estar melhor, mas não teve declínio significativo ante 2020. A tendência é melhorar e acredito que a partir do segundo trimestre teremos números mais robustos”, arrematou.

“Substituição de importações”

Em entrevistas anteriores concedidas à reportagem do Jornal do Commercio, o diretor adjunto de Infraestrutura, Transporte e Logística da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas) e professor da Ufam (Universidade Federal do Estado do Amazonas), Augusto Cesar Rocha, observou que, a despeito da desvalorização do real, a importação “segue forte” no Amazonas.

Para Rocha isso poderia indicar “alguma substituição de importações” com produção local, o que seria “bom sinal”. O único contraponto apontado pelo diretor adjunto de Infraestrutura, Transporte e Logística da Fieam é que o incremento nas importações do PIM pode ter se dado também por “um aumento de lotes de importação” para fazer estoque e evitar novas paralisações da produção, em face dos entraves na logística global trazidos pela pandemia.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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