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‘Babaçu é nova matriz econômica’ diz o deputado Sinésio Campos

O deputado estadual Sinésio Campos (PT) aposta no potencial do babaçu para o desenvolvimento de uma nova matriz econômica que se somaria às atividades da ZFM (Zona Franca de Manaus), gerando mais empregos e renda na região.

“O babaçu é a principal alternativa para sustentar a economia do Amazonas quando terminarem os incentivos fiscais dessa galinha de ovos de ouro que é a Zona Franca. Precisamos criar condições e destinar novos investimentos para alavancar essa nova cadeia produtiva”, alerta o parlamentar, um entusiasta do aproveitamento sustentável da diversificada biodiversidade amazônica e das riquezas encontradas no subsolo.

A partir das 9h de hoje (03), a Assembleia Legislativa do Amazonas fará uma exposição reunindo mais de 65 produtos derivados do babaçu, uma palmeira nativa existente em toda a Amazônia. O evento é uma promoção da Comissão de Geodiversidade, Recursos Hídricos, Minas, Gás, Energia e Saneamento, presidida pelo deputado Sinésio Campos no Legislativo.

Segundo o parlamentar, serão expostas as produções de agricultores dos municípios de Barreirinha e Boa Vista do Ramos, onde o babaçu é abundante e representa o principal meio de subsistência das comunidades regionais e ribeirinhas.

Sinésio disse que o Amazonas tem hoje pelo menos 10 milhões de árvores de babaçu prontas para serem beneficiadas. E que poderiam agregar grandes negócios, a exemplo do que acontece no Maranhão, hoje o principal referencial no beneficiamento do produto.

Para o deputado estadual, o babaçu tem grande utilidade, permitindo, inclusive, a produção de biodiesel, carvão vegetal, além dos mais de 65 subprodutos que se originam dessa palmeira nativa da região.

“O babaçu tem tudo para dar certo, ao contrário do dendê que trouxeram para a região com o objetivo de produzir biodiesel, uma ação muito equivocada que só gerou prejuízos”, acrescenta o deputado.

Sinésio Campos falou com exclusividade ao Jornal do Commercio.

Jornal do Commercio –   A partir de hoje, Manaus passa a ser a capital do babaçu com a exposição de produtos que se originam dessa espécie na Assembleia Legislativa. O manejo sustentável pode representar uma nova matriz econômica?

Sinésio Campos –Digo que meu mandato está sempre em busca de novas matrizes econômicas para gerar empregos e renda.

Gosto de trabalhar com algo diferente. Quando se fala em babaçu, remonta-se sempre ao Maranhão, o maior produtor de azeite com essa espécie. São mais de 65 produtos derivados dele.

A gente não tem a noção sobre esse potencial. Temos mais de 10 milhões de árvores de babaçu em pé, isso só em Barreirinha e Boa Vista do Ramos.

Já destravamos a questão do gás, do mineral silvinita. Sempre me inquietei com esse modelo da Zona Franca de Manaus.

Nós temos que priorizar produtos como esse que podem gerar empregos e renda, como a produção de biodiesel.

Hoje, produtores vão expor no hall da Assembleia alimentos, óleo e mais de 65 outros produtos derivados do babaçu.

É a oportunidade de mostrar que temos know how no Amazonas pra produção de itens derivados do babaçu.

E já estamos dialogando hoje com os maiores produtores de babaçu que são os maranhenses

JC – O objetivo é buscar essa nova matriz econômica?

SC – Alguns anos atrás, ouviu-se falar muito sobre o dendê como opção estratégica para desenvolvimento econômico regional. Isso foi há coisa de 30 anos. Mas não aconteceu…..

JC – Ao contrário do dendê, o que o babaçu tem para dar certo…?

SC – O dendê foi uma plantação, de cultivo, em Presidente Figueiredo. A Embrapa trouxe essa proposta e não deu certo porque não levaram em consideração a nossa biodiversidade.

O dendê não se adaptou ao solo regional, muito alcalino. O babaçu é uma planta nativa, como acontece com os nossos seringais. É uma palmeira que existe em toda a Amazônia.

O babaçu é uma palmeira parecida com o buritizeiro. Não é preciso manejo, já existe na natureza. O que se precisa é colher.

Foi um grande equívoco apostar no dendê para produzir biodiesel. São mais de 10 milhões de árvores adultas de babaçu no Amazonas já prontas para serem colhidas.

O babaçu tem muitos subprodutos. Hoje as pessoas ainda extraem para subsistência.

Então, vamos mostrar, no hall da Assembleia, o potencial do babaçu,  os vários produtores que são agregados pelos agricultores.

Com o babaçu podemos produzir biodiesel e também carvão vegetal, além dos mais de 65 outros produtos que se originam dele.

JC – Barreirinha e Boa Vista do Ramos são as maiores plantações de babaçu?

SC – Ninguém plantou o babaçu. El já está na natureza, são plantas nativas.

Não existe só nessas regiões. Tem no Médio Solimões, no rio Madeira.  Toda a região possui o babaçu.

Pode-se fazer a exploração,  gerando empregos e renda, mantendo a floreta em pé, de forma sustentável.

Por que nunca se explorou o babaçu? Porque os projetos vêm prontos de fora. Trazem monoculturas que não são próprias pra nossa região. Nosso solo é muito alcalino. Precisa estudar antes o ambiente

O babaçu é uma grande oportunidade para novos empregos e renda. Podemos produzir o biodiesel com o selo verde da Amazônia.

JC – Algumas propostas, como o polo naval, vêm se desidratando com o tempo. Já não têm a mesma repercussão. Por que isso acontece e o que podemos fazer para não deixar morrer esses projetos e ampliar o nosso portfólio de novos negócios?

SC – O meu mandato é um pé no parlamento e outro na sociedade. Tem que ter empreendedores na nossa região que possam diversificar seus investimentos.

Muitos empresários da ZFM não querem arriscar seus investimentos. A Zona Franca oi um grande erro. Empresários tinham compromisso com o distrito agropecuário, mas isso não aconteceu.

Foram poucas as empresas que fizeram galpões pra produzir pelo menos ovos.

É  só observar a área entre Manaus e Presidente Figueiredo. O Distrito Industrial, essa galinha de ovos de ouro, tinha uma outra vertente que era fortalecer o setor primário.

E grande parte dessas empresas, tirando as multinacionais, é daqui da nossa região.

Então, vejo nisso um grande equívoco tanto por parte da Suframa como da Sudam, como a cana de açúcar no Pará, por exemplo.

É só ver o caso das Fazenda Reunidas, em Rio Preto da Eva, projeto do De Carli, que na verdade era só lavagem.

Hoje, a ZFM produz célula e eletroeletrônicos, mas em qualquer canto do mundo se faz. Precisamos de outras formas de desenvolvimento.

Quando falei da extração mineral a mil metros de profundidade, as pessoas me criticaram.  Mas continuo insistindo.

Pesquisas apontam que temos potenciais minerais que vão de Borba a Nhamundá,  com 400 quilômetros de extensão.

Só que teve problema com áreas indígenas. É mais uma questão judicial que de investimentos.

Então, o babaçu tem tudo pra dar certo na região. Temos aqui toda uma cadeia produtiva da palmeira.

Mas órgãos como a Sepror e outros devem destinar recursos pra isso. Agora, os empresários da nossa região têm que se tocar, pois se acabarem com os incentivos dessa galinha de ovos de ouro, tudo vai virar carvão.

JC – Como está hoje a questão latifundiária do distrito agropecuário?

SC – Já está tramitando. Estou cobrando do Marcelo Ramos, que é hoje  deputado federal, pra colocar em pauta.

As pessoas estão ocupando áreas. Elas não são invasoras. São terras produtivas das empresas do Polo Industrial de Manaus que nada fizeram. Estou cobrando muito uma definição.

Fizemos várias audiências públicas. Agora está com o Marcelo Ramos. A PEC que trata da regularização fundiária do distrito agropecuário também vai tratar de outras áreas do Brasil para resolver problemas.

JC – Com relação às situações envolvendo CPIs, criou-se uma polêmica sobre a criação de duas comissões. Vai sair algum desdobramento dessas questões?

SC – Assinei a primeira CPI da Saúde. Foram mais de 13 mil mortes no Amazonas e no Brasil já passam de 600 mil.

No Amazonas, existem no mínimo 30 mil sequelados após a Covid-19. As pessoas precisam ter suporte para reabilitação.

Ficaram muitas questões a serem respondidas. Na primeira comissão foram indiciadas mais de 150 pessoas.

Aqui o que queremos é que a CPI da Asfixia encontre os responsáveis pela falta de oxigênio que matou muitas pessoas.

Se temos uma empresa como a With Martins, então, por que as pessoas morreram?

Temos que passar a limpo todas essas mortes. Espero que a CPI do Senado e a daqui não terminem em pizza

JC – Quantos parlamentares precisam assinar essa nova CPI  e qual a expectativa sobre o reinício dos trabalhos parlamentares?

SC – Pra mim, não tem recesso. Estou trabalhando permanentemente. Acho que até amanhã a imprensa vai saber quantos parlamentares já assinaram a CPI da Asfixia, mas eu já assinei….

Foto/Destaque: Divulgação

Marcelo Peres

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