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Seguro desemprego em baixa no Amazonas em janeiro

A despeito da segunda onda de covid-19 e dos impactos econômicos das medidas sanitárias de isolamento social, a procura por seguro-desemprego no Amazonas voltou a desacelerar, na virada do ano e se manteve abaixo do patamar de 12 meses atrás. Na comparação de janeiro de 2021 com o mesmo mês do ano anterior, a quantidade de requerimentos caiu 32,08%, de 6.680 (2020) para 4.537 (2021). Em relação a dezembro de 2020 (4.652), houve recuo de 2,47%. Houve mais pedidos na primeira quinzena do mês (2.378). 

A taxa de habilitação da demanda para o seguro desemprego, contudo, experimentou retrocesso em ambas as comparações. Apenas 60,9% dos requerentes do Amazonas (2.765) obteve o benefício no mês passado, uma fatia bem menor do que as registradas em dezembro de 2020 (83,7% ou 3.895) e em janeiro do mesmo ano (91,9% ou 6.139). Os dados são da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia.

Os valores pagos pelo seguro desemprego no Amazonas superaram os R$ 22,54 milhões no mês passado, sendo que o valor médio na parcelas foi de R$ 1.319,91 – em um total de 17.079 parcelas pagas localmente. Foi apresentado um decréscimo de 7.77% em relação ao montante total de dezembro de 2020 (R$ 24,44 milhões) e uma retração de 24,46% no confronto com os números de dezembro de 2019 (R$ 29,84 milhões). 

O Estado seguiu na contramão da média nacional na variação mensal, e com queda maior na variação anual. O Brasil registrou 477.807 solicitações de seguro desemprego, em janeiro de 2021 e amargou acréscimo de 12,24% frente a dezembro de 2020 (425.714) e queda de 17,42% no confronto com os valores de janeiro do ano passado (578.609). Em todo o país, foram pagos quase R$ 2,24 bilhões a título de desemprego no mês anterior, 18,54% a menos do que o valo contabilizado 12 meses antes (perto de R$ 2,75 bilhões).

Idade e instrução

Em razão da pandemia, 92,9% dos registros (4.216) foi realizada de modo remoto, pela web. Assim como ocorrido em dezembro, a maioria esmagadora dos trabalhadores amazonenses que buscou seguro-desemprego no mês passado pertencia ao sexo masculino, com 63,28% das solicitações (2.871). As mulheres, por sua vez, responderam por apenas 36,72% (1.666) dos registros. No mês anterior, os números foram 64,79% e 35,21%, respectivamente. 

Com 35,79% do total, a faixa etária que respondeu pela maior parte das formalizações pelo seguro desemprego no Amazonas foi novamente a de 30 a 39 anos (1.624), seguindo a tendência dos meses anteriores. Na sequência vieram aqueles que tinham entre 25 e 29 anos (21,58% ou 979), de 40 a 49 anos (20,17% ou 915), de 18 a 24 anos (13,55% ou 615), de 50 a 64 anos (8,68% ou 394) e 65 anos ou mais (0,13% ou 6).

Em termos de grau de instrução, 70,99% dos solicitantes no Amazonas tinha ensino médio completo (3.221). Foram seguidos de longe por aqueles que contavam com o superior completo (10,49% ou 476), fundamental completo (5,64% ou 256), fundamental incompleto (4,76% ou 216), médio incompleto (4,39% ou 199), superior incompleto (3,42% ou 155), ou eram analfabetos (0,31% ou 14).   

As solicitações pelo benefício se concentraram especialmente no setor de serviços (41,81% ou 1.897). Comércio (29,78% ou 1.351), indústria (16,99% ou 771), construção (9,63% ou 437) e agropecuária (1,79% ou 81) ocuparam as posições seguintes. Os dados do Novo Caged referentes janeiro de 2021 ainda não foram divulgados, mas sabe-se que o setor de serviços (-624 vagas) foi o que mais eliminou empregos em dezembro de 2020, sendo seguido por agropecuária (-294), indústria (-277) e construção (-269). O único setor que avançou nos saldos foi comércio (+214). 

A faixa salarial predominante entre os trabalhadores amazonenses que solicitaram o seguro desemprego no mês passado foi novamente a que vai de 1,01 a 1,5 salário mínimo (43,09% ou 1.955). Em seguida, estavam os que ganhavam de 1,51 a 2 mínimos (19,59% ou 889), até 1 mínimo (16,38% ou 743), entre 2,01 e 3 mínimos (12,89% ou 585), de 3,01 a 4 mínimos (3,44% ou 156), entre 5,01 e 10 mínimos (2,09% ou 95), de 4,01 a 5 mínimos (2% ou 91) e acima dos 10 mínimos mensais (0,51% ou 23).

Sem auxílio

O conselheiro do Corecon-AM (Conselho Regional de Economia do Estado do Amazonas), Francisco de Assis Mourão Junior, avalia que a demanda por seguro desemprego experimentou elevação em nível nacional, em razão da segunda onda da pandemia e seus impactos econômicos, e reforça que o efeito das medidas anticíclicas federais que se seguiram à primeira onda – especialmente o auxílio emergencial – foram comparativamente mais tímidos do que os registrados no Estado. 

“Ou, houve uma resposta muito mais rápida no começo deste ano, com o corte do benefício. No Amazonas, houve uma queda. Isso pode demonstrar uma perspectiva do lado empresarial de que possa haver uma renovação do auxílio emergencial, e de outras medidas do governo, como a flexibilização dos contratos de trabalho. O fato de haver menor procura pelo seguro desemprego é positivo, mas temos que esperar para ver como vão se comportar os dados de fevereiro, para podermos visualizar como vai ficar a economia”, ponderou.  

Crise e custos

Em depoimento anterior à reportagem do Jornal do Commercio, o presidente do Sindecon-AM (Sindicato dos Economistas do Estado do Amazonas), Marcus Evangelista, apontou que, após o aquecimento do quarto trimestre de 2020, o desempenho das empresas sofreria revés na virada do ano, com consequências negativas para os empregos, dada a necessidade corporativa de enxugar custos para fazer frente ao recrudescimento da crise da covid-19.

No entendimento do economista, a situação só vai melhorar, quando o programa de vacinação conseguir superar os registros da covid-19 em solo amazonense e brasileiro, e ele estima que isso deve se dar algum ponto do segundo semestre. “Enquanto tivermos essas oscilações no funcionamento das empresas pelos decretos, haverá incerteza. Isso passando, a tendência natural é que o PIM recomece a contratar e, com isso, o comércio também. Aí, estaremos novamente em um ciclo de criação de empregos e menor busca pelo benefício”, arrematou.     

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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